terça-feira, 10 de junho de 2008

Sobre argentinos

Eles são galanteadores. Sabem como ninguém sussurar um “sos preciosa” e esbanjam charme. Mas não é um charminho simples. É coisa séria. Porque eles são sérios. Nossos vecinos proteños são sedutores e amam à moda de Gardel. Quem já foi para Buenos Aires sabe do que eu to falando... você anda na rua e eles olham no seu olho. Um pouco diferente das olhadelas quando a gente anda na rua aqui. “Ah Mazinha, isso é uma visão romântica e idealizada dos argentinos”, me dirão alguns. Pode até ser. Mas não me iludo, não. Sei que eles são machistas, conservadores, orgulhosos e vaidosos até o último fio de cabelo. Mas mesmo assim, uma pitada de ares argentinos não faz mal a ninguém.
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Então era nossa segunda semana em Barcelona cruzamos um menino no metrô, bem buni. A Nanas timidamente me disse: “tem cara de brasileiro né?” Mas não era. “soy argentino”, nos disse ele, Ignácio. Trocamos algumas informações banais, o tempo do trem parar e a gente descer. Combinamos ali mesmo, numa baldeação gigantesca da estação Passeg de Gràcia , de encontrar o “argentininho” que morava com mais 5 amigos, num bar nas Ramblas. Não demorou nada e estávamos viajando com eles para o sul da França, de carro. A gente não se conhecia, não tínhamos a menor idéia do que nos esperava 4 dias viajando com argentinos desconhecidos, mas a idéia era, de algum modo, fascinante. A tal da côte d´ azur estava mais cinza e fria do que interior da Inglaterra. Passamos por cidadezinhas lindas, que na primavera, devem ficar coloridas, no melhor estilo Brigitte Bardot. Mas era inverno. Invernão mesmo, com direito a capuz, bota e guarda-chuva. Nuestros chicos foram se revelando muito parecidos com a gente. Ignácio(Natcho), Tomas (Tomi), Maximiliano (Maxi) e Nicolaz(Nico). Educadíssimos e irmãos sul-americanos. Todos já conheciam o Brasil, o Rio, o sul, sabiam cantar Tom Jobim, Gil e Timbalada, mas nós... Nós pergutamos qualquer coisa sobre a Patagonia, Tango e Salsa. Não falávamos bem espanhol ainda. A comunicação encrecava direto. Eu tinha dor de cabeça no final do dia de tanto esforço. Aí chegamos a conclusão que era melhor cada um falar a sua língua e quando a gente não se entedesse, cambiava direto para o inglês. Assim funcionou perfeitamente. Foi tudo muito diferente e bizarramente divertido. Nos meses que se seguiram, não mantivemos um contato muito próximo. Acho que foi muito intenso o encontro Brasileiras/Argentinos, para o começo da viagem. Só sei que encontrei por acaso, um deles na praça catalynua, uma semana antes de eu ir embora de Barcelona. Continuei, mesmo depois de 6 meses hablando bien, não entendendo direito o español dele. Trocamos elogios e eu fui embora. Restaram muitas doçuras e amizades deliciosas. Nos falamos até hoje. O Maxi veio ano passado com uma penca de amigos, foram para Maresias e eu apresentei pra ele o que é um “Happy Hour”. “ Tenemos que venir vivir acá, chicos! És un paraíso”, dizia ele pros meninos, com um chopp em cada mão, num boteco qualquer da vida. Tudo isso porque ele estão vindo aí. Los chicos con aciento cantado que quieren salir de marcha por san pablo: “especialmente por la noche”. Ok, e dá pra negar alguma coisa pra esses pibes que llegaram para se quedar? Creo que no.

Um comentário:

Anônimo disse...

tenho certeza que tudo isso só aconteceu pq sos grande! no, no, mejor..fenomena!

bien venidos