quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O Natal de Fernando Pessoa

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.
Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos a dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.
A mim ensinou-me tudo.

Ensinou-me a olhar para as cousas,
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas.
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.
Esta é a história do meu Menino Jesus.

Por que razão que se perceba
Não há de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam ?

Vamos suspirar e ver as “cousas que há nas flores”?

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Top do Ano

* As cinco, em Paris
* Teresa fazendo cara de porquinho.
* Mari Paiva cantando Los Hermanos no caminho da Barra do Una
* Cinco a Seco
* Natalinda colocando abaixo São Paulo inteirinha
* Ronaldão no Corinthians
* RJ virando Barcelona com a Nilds
* O silêncio na chácara do Jockey no show do Radiohead.
* Robert Partisson
* O picin-mexidão do Primo e o amanhecer em Picinguaba.
* Antes de começar o mundo, do Mia Couto
* A cor de esmalte “espelho” da Impala.
* O abraço levemente apertado do Vincent Cassel
* Alma Imoral
* Salada Juliana e Clerico, do Che Barbaro.
* A cara do PP quando me viu chorando para um policial no Guarujá
* A posse do Obama
* Os olhares fofoletos dos avós da Nataly, nas boda de ouro.
* O Rei cantando "Mulher Pequena".
* O programa de judeu, na Carnegie Deli, em NY
* A biografia da Clarice.
* Sonho Bollywoodiano.
* As meninas XoXo.
* O Antídoto no Itaú Cultural
* Apenas o fim.
* Caetano bem pertinho, cantando “quero ver Irene dar sua risada”.
* Alguns quilinhos a menos na balança.
* A assinatura da New Yorker.

sábado, 14 de novembro de 2009

Às vezes eu sonho e é sempre o mesmo sonho. Eu ando por um bairro que parece os invalides, em Paris. Só parece, não é. Meu quintal tem cheiro de Lavanda. E a minha casa é um pouco bagunçada. Mas de uma desordem gostosa. Emcima da geladeira fica um bule vermelho, antigo. Herança das férias em Aiuruoca com minha avó Arlete. E no meu sonho tem aquela luzinha especial, sabe? Você sabe de qual luz eu falo. Aquela meio douradinha que faz uma sombra suave. E não há papéis. Contas, multas, burocracias. Os únicos papéis são os dos bilhetes passados por baixo da porta. As minhas janelas são meio velhas. Custam a fechar e abrir. O ramo de pimenta fica na entrada da cozinha. É um ninho. E eu ando pela vizinhança. Nos cantinhos, memórias saborosas do Brasil : artesanatos de uma viagem para o interior de Pernambuco, farinha de fubá, uma foto do pé da Teresa. Os remédios ficam numa lata antiga, com cara do século passado e o meu vizinho assobia toda vez que me vê: "Cristo redentor, braços abertos sobre a Guanabara...". E eu estou tranquila. Nem muito nem pouco. Calma, só. Com um pouco de saudade, mas calma.
Just how it should be.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Luciana e Vitorio

Ela foi para Buenos Aires com o coração “despetalado” (vocês também cantavam ‘despetalado’ na música O cravo brigou com a rosa? ). Foi para o que elas chamavam de “ a disney das mulheres adultas”. Não é sempre em uma situação dessa que o final da história é feliz. Mulher quando tá triste de amor, custa a sacudir a poeira.
Pois foi. Angustiada, machucada e seeking for love. Os argentinos - nós sabemos - não decepcionam. Mas não foi por um porteño que ela se enamoró, sino por un italiano de Milano. A "morena de angola", que mexe o chocalho na canela, um e setenta e pouco de altura, sorriso que reluz a 8 quilômetros e um charme que me desculpem, só as tupiniquins têm - adentrou uma festinha, no coração da Argentina. Era dia de caminhas longas, de turismo, de lembranças do antigo amor, de cansaço, enfim. Enquanto um rapaz simpático sinalizou que queria conhecer melhor a moçoila, ela fez que não viu. Gostou mesmo de um diferente bigode que, parado na multidão, fez graça para ela.
Foi assim que a Luciana e o Vitorio se conheceram. E alimentam uma paixão dolorida pela distância. E tudo bem. O que é o amor senão perder a rima de lé com cré ?
Ele é amante à moda antiga: abre a porta do carro, segura a bolsa dela, faz todas suas vontades. Ele, gringo louco por caipirinhas de maracujá, deixa ela doida quando vai para a fazenda e a faz andar “dji cavalo”. Ela, cor de jambo, carinhosa é cheia de mumunhas. Sente ternura quando ele fala um português com sotaque carregado. Ri das coisas “afascinaaantes” que ele conta. Chama ele de “Vitto” e leva seu carcamano para cima e para baixo nesse Brasil de Meu Deus.
E estão eles, na mesa do Genial. Vitorio gesticula grande como os italianos dos filmes de Fellini. Pede um “galeto a passarino”, grita pra ela “mi amooor” e faz a exigência : “quero bailar samba”. Ela ri e corrige, delicadamente, as concordâncias verbais dele. Amor de inflamar tendões, de desligar o celular, de se perder nas praias de picinguaba.
Perto disso, atravessar os litorais com doçuras e sussurros de berimbau é só miragem.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

she´s got it

A mais nova descoberta do ano: Oprah.
Fazem alguns dias que, zapeando na TV, pesco o programa da Oprah. E estou encantada com ela. Não foi a primeira vez que eu assisti porque a gente escuta de “uma das mulheres mais poderosas do mundo”. É que, na maioria da vezes, o programa é supermelodramático. Mas sim, ela é poderosa. Esses dias por exemplo, vi o Mike Tyson desabar em lágrimas do lado dela. Vocês imaginam o que é o Mike Tyson? Um cara louco que morde as pessoas, um monstro com uma tatuagem no olho, um homem violento que bate na mulher, um troglodita sem limites, enfim. Ele é um monstro, mas do lado da Oprah, pareceu só um monstrinho. E gente, vamos combinar que fazer o Mikão chorar, não é pra qualquer um, não. Fiquei prestando atenção no jeito que ela tem de criar uma certa intimidade com o entrevistado em cinco minutinhos. Dá um baile nas nossas entrevistadoras de comportamento. Não digo as jornalistas que falam de economia e Nobel de literatura, nem dos programas da tarde, vulgares. Falo das nossas Marilias Gabrielas. Ah Oprah. Como você é fofoleta. tem humor, graça e carisma. Sei que deve ser um louca, uma chefe histérica, centralizadora, excêntrica. Mas a verdade é que ela ri das piadas, pergunta coisas prosaicas, não tem vergonha de parecer burra, tonta. E consegue uma coisa super difícil: faz perguntas provocativas sem ser vulgar. E entra no clima, acho isso o máximo. Enfim, só queria dividir. Prontofalei.

"Que dá medo do medo que dá"

É o que diz a música do Lenine. Sou mega medrosa. E esse vai para os que são como eu, cheios de medinhos.
Do avião na hora que sobe, dos olhares tortos nas esquinas, de assalto, cachorro bravo. Medo de chuva muito forte dessas que alaga a rua, de perder a chave de casa, de comer comida estragada. Medrosa, eu? Imagina. Medo de nunca mais sentir paixonite, de perder o fôlego na hora certa. Medo de não agradar, de ser grossa, desrespeitosa. De quebrar mão, pé, cabeça. Medo de ficar estagnada. Medo dos bêbados que grudam. Dos loucos que acham na gente, aquilo que procuram no universo. Medo de não conseguir nunca ficar quieta, inteira, de não aceitar o que tem. Medo de ser engolida pelas proprias contradições, pelos fantasmitas que visitam em noite de insônia. Medo de não conseguir nunca dizer não. Medo de esse post parecer a Regina Duarte dizendo "tenho medo". Medo de perder o bom-humor, a energia. De esquecer as letras das músicas que estão na ponta da língua. De inveja, doença, morte. Dos mais infantis aos mais psicanalíticos. Da brincadeira do copo, da Convenção das Bruxas, de escorpião e dos escorpianos. De exagerar nas estampas e cores, de ser clichê, superficial. Medo de parecer arrogante. Ou fútil. Infantil, metida. Fofa demais, fofa de menos. Medo de perder o tom das coisas, de deixar escapar pessoas significativas. Medo de machucar quem não merece. De ser arranhada por unhas alheias. Medo de ser dominada pelo ciúme. De descontar na pessoa errada, de se frustrar demais. Medo de desistir, voltar atrás. De não conseguir tomar decisões sérias, de ir no DETRAN, de ficar perdida em bairro desconhecido, de pensar maldades bem maldosas, de andar de bicicleta em SP. Medo de energia ruim, de gente sem caráter. De ser medrosa demais.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Mini panda

* Sou baladeira, macumbeira e gosto de saia curta.
* Sorvete de menta choc chip da la basque me deixa com água na boca.
* Minha visão sobre futebol mudou depois que fui assistir o Corinthians e vi penaltis ao vivo num Morumbi lotado.
* Gosto de vermelho e amarelo.
* Nunca consegui fazer uma boa trança nos meus cabelos.
* Já assisti 688475345 vezes o filme A Noviça Rebelde.
* Tenho algumas obveidades: amo chocolate, acho o Jonhy Depp lindo de morrer e adoro ganhar presentes.
* E algumas não obveidades: quebrei a cabeça, mas não consegui pensar em nenhuma.
* O disparo da risada minha sobrinha me emociona.
* A música como 2 e 2 são cinco me dá um apertinho no esôfago.
* Tenho tantos amigos que as pessoas têm inveja e ciúme.
* Tenho ciúme de quem me testa.
* Tenho inveja de quem não sente culpa.
* Uma confissão? As vezes me sinto muito boba

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Playing For Change


O projeto é lindo demais.
Mark Johnson começou a reunir, há quatro anos, materiais de diversos músicos que tocam pelas ruas do mundo. Deu nisso. Uma mistura fina com pitada de “ONU”. O mote? conectar pessoas por meio da música.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

we´ll have ...

... se o Arnaldão não é nada saudosista, sorte a dele. Acho que eu sou um nani. Não é assim... um saudosiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiismo, mas sofro de uma nostalgia melancólica, as vezes.
Ontem, por exemplo, tive que voltar à faculdade para buscar meu famigerado diploma. Achei que ia ser indolor e tal. Mas dá? Quem tem olho voltado para fora, é um caminho sem volta. Seria bom passar imune à algumas coisas.
***
Chegando à Pontifícia, a avalanche. Os olhinhos atentos não deixaram passar nadinha de nada.
A PUC não é mais a mesma. As casinhas antigas das redondezas e fundos de quintas usados como estacionamentos pelos flanelinhas, deram lugar a uma Amor aos Pedaços apoteótica e um mini complexo de conveniências. Bem American Way. Mas pera lá. A PUC é tudo, menos conveniente. Ter uma Amor aos Pedaços na rua detrás é quase uma afronta ideológica. A PUC é sujinha, é low-profile, é hippie... é uma delícia! Minha mini angústia aumentou quando, na hora de buscar o diploma, não demorou mais do que... 5 minutinhos. Opa, opa! Aquela universidade é tudo menos rápida. As coisas são feitas a mão, tudo demora, são trocentas burocracias... Mas agora mudou, até senha eletrônica tem na secretaria. Primeiro Mundo, pessoal. Poxa, não faz tanto tempo assim que eu saí, para eles aprenderem a fazer as coisas "direito"... Azeitona.
Já resignada, fui andando por aqueles corredores e de repente, em meio a tempestade, veio. A PUC que eu conheço. Junto com ela, minha mininostalgia. Descendo a rampa vejo um cartaz: "Ato na praça da cruz, amanhã. Contra a proibição na PUC". Ahhh home, sweet home. O povo das artes do corpo está lá, jogado no chão do quinto andar, depois da aula de massagem. O prédio continua velho, as meninas estão de saias rodadas, flores no cabelo e bijuterias compradas em Caraíva. Falam com gírias de psico-puc e combinam de ir no forró. Sim, forró. Os meninos, com jeitinho de Bronx ,se misturam aos terninhos e gravatas dos mini advogados. Na porta do xerox, um cartaz pintado a mão: "FESTA OPEN BAR - compre os convites aqui". E o fulano no violão arranha o eterno reggae. O pão de queijo ainda é gostoso e a CONFIL tá lá, igualzinha. Rastafáris espalhados pelo pátio, um CA caindo aos pedaços e ele... o professor vagando por ali.
***
Já com diploma em mãos, cabelos arrepiados com a chuva e a sensação de pós azeitona. É, um sentimento de alívio apareceu. Foi a certeza de que foi muito gostoso. Tudo. E que querer postergar isso, é bobagem. Porque o que a gente tenta levar, bem sei, não dá certo.
E ah... um pouquinho de saudade não faz mal pra ninguém sentir.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Sonho Bollywoodiano



No Estadão.
Nada de nepotismo, tá gente.
Beijos

terça-feira, 15 de setembro de 2009


Querida Natalinda,
Ontem entrevistei o Arnaldão.
Foi no escritório dele, pertinho da Fnac. Estava chovendo, era no meio da manhã - quase nunca tenho pautas de manhã, por causa do fechamento - e eu estava atordoada com celular, gravador etc e tal. Mas sabe aquele lugar que te é familiar, por alguma razão? Foi isso. Então enquanto eu falava com a assessora dele e, ao mesmo tempo, ligava para o fotógrafo, já fui entrando na cozinha ( Oi Marilia, folga?), me servindo de café, quando ele apareceu.
É engraçado esse negócio de falar com pessoas assim, tão evidentes. Dá uma sensação tão doida. Sei lá, parece que eu já conheço o Arnaldo Antunes, sabe? É como se eu tivesse sentado com ele, Marisa e Carlinhos juntos - nos tribalistas naquele clima ‘lá em casa’. Parece que, por alguma razão, eu entendo a amizade que ele mantém com os Titãs até hoje. Mas te confesso Nata, tava meio insegurinha com essa entrevista. Não sei se é aquela voz grossa dele que me assusta ou o fato de eu gostar das letras admirar o trabalho... sei lá. A gente sempre precisa do colo jornalístico, né?
Pilulinhas pandísticas à parte, logo que sentamos na sala, cheia de quadros dos tempos de titã, discos de platina (lembra deles?) e cacarecos ... a coisa fluiu. Logo adotei a postura “mesmo com essa cara de menina, sou repórter”. E sabe Nata, apesar do vozeirão, ele é bem sorridente. E inteligente, né? Falou de arte sem a menor postura pedante. Adoro. Como diria a minha chefe: “A Marilia volta das entrevistas sempre com essa cara de satisfação”. Fazer o quê, sou filha da minha mãe que sempre se disse uma ‘maria -sem-vergonha’ : só precisa de um pouco de luz pra sair brotando por aí. That´s me.
Achei uma graça que ele, com toda a pinta de poeta concreto e rockeiro, faz um monte de coisas para os filhos. Além do CD “pequeno cidadão”, escreveu um livro só com as frases filosóficas do filho, quando tinha 3 aninhos. Gente, dá pra aguentar?
Aí, falando do Cd Novo, iêiêiê, que ele me confessou. Tem uma música que ele escreveu pra vc, Nata. Foi depois de um papo que vcs tiveram, em pleno Born, num verão catalão. Ele me disse: “conversei com a Nataly sobre essa coisa de ir embora, se sentir distante, fora ... aí nasceu a canção longe”. Contei pra ele que vc tava em SP – por pouco tempo – e ele te mandou um beijo enorme. Falou até para gente combinar de tomar um suco no Açaí novo que tem ali na Natingui, vc topa? Sabe cumé, né amiga, é morador da Vila Madalena, difícil arredar o pé de lá ...
Besote grande,
Mazi

sexta-feira, 11 de setembro de 2009


Tereca Pipoca,
Você cura qualquer mal-humor. Ontem quando eu passei na sua casa, depois de horas de trânsito, compromissos chatos, cansaço do trabalho... tudo ficou colorido quando você me apareceu com suas bolinhas turquesa.
Com seus dois dentinhos de leite, já percebe todos os movimentos dos adultos. Elege os colos, já sabe do seu poder e abusa dele quando dá tchauzinho. Desculpa se eu apertei demais a sua bochecha, tá? Mas ontem você me deu aquele olhar de aceitação. E eu ganhei o dia, minha sobrinha amada.
De vez enquando encontro ali, algumas coisas do Fe, outras da Cacá. Mas pouco ... porque você já sabe que tem o seu jeitinho, um jeito de olhar especial.
Obrigada de novo, Titi.

terça-feira, 8 de setembro de 2009



Olha, a gente pode até ser melhor do que eles no futebol, pero...

Dica da nilds!

Emiliano Castro

Entre a faculdade de Ciências Sociais e as aulas de percepção musical que ministra, um olhar sensível sobre a música e a arte foi o ganho desse violonista de 7 cordas. Além da experiência, é claro. “Nunca tive o perfil autodidata, fui muito orientado”, define ele. Como professor, acredita no “eixo entre pensar e fazer música”. E não é à toa. Emiliano, que passou parte da infância em Moçambique sob influência de ritmos africanos, também morou na Espanha, onde se especializou em flamenco – para ele, “a experiência mundial mais forte no violão”. Agora, de volta à casa, apresenta-se sexta-feira, no Auditório do Ibirapuera, dentro do projeto Caldeira Acústica

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Mulher Pequena

"Ah, nada de anormal, mas ela vai ser assim, mignon mesmo”
Lembro direitinho das palavras do médico, depois de eu fazer exames, quando tinha 13 anos para saber se seria “baixinha” para sempre.
Minha esperança era o tal do estirão. Afinal, as meninas da minha classe já eram bem maiores do que eu. Mas não teve jeito, nem estirão, nem comendo muita proteína. Nunca consegui me livrar dos meus 1,55. Tampouco queria ser a Ana Hickmann. Mas assim, 10 cm a mais... não faria mal nenhum.
Que fique claro... não é assim, RUIM. Mas que dá uma invejinha (branca) das mulheres altas, esguias, cheias de pose - isso dá.
Tem o lado prático que é meio complicado, na verdade.
1-Banco do carro- Por mais que eu levante no máximo, não consigo enxergar os buracos.
2- Shows - No do Radiohead, por exemplo, fizeram um telão cubista conceitual. Ou seja, zero de solidariedade com quem necessita do telão para VER, ora bolas.
3- Barra da calça - SONHO com o dia que eu possa vestir uma calça e sair saltitante por aí, sem ter que deixar para fazer a barra, pagar, ir buscar... é uma funça, minha gente.
4- Quilinhos a mais - um PESADELO. Se uma mulher alta engorda 1 ou 2 quilinhos, passa despercebido. Agora uma baixinha...
5- Ser levada a sério - Só porque somos peques, não significa que somos infantis.
6- Os lugares comuns - Para citar dois: “toda baixinha é invocada” e “é nos menores frascos que estão os melhores perfumes E PIORES VENENOS”. É mole?
“ Ah... mas mulher baixinha tem seu charme” me dirão, alguns. Hum. Será ? Talvez.
Mas gosto de ser a única ‘peque’ da minha patota. Tirando a Nilds, claro. Ainda ganho em alguns centímetros, apesar dela negar. Gosto também da ternura que a gente provoca nas pessoas, vez ou outra, simplesmente por ser um pouco mais compacta.
Mas feliz e orgulhosa mesmo... só sexta-feira passada no show do Roberto Carlos, quando ele cantou pra gente. Pequenas, uni-vos
Vai Rei!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Tulipa Ruiz

Ela foi uma das minhas primeiras “ caras - novas”. Tudo começou quando assisti a um show da Tulipa - totalmente low profile, há uns dois anos, no “cedo e sentado” do Studio Sp. Subiu no palco, toda charmosa e se divertiu horrores cantando. Eu adorei e, na hora, já pensei em fazer uma pauta para o jornal.
E a menina-flor foi alçando voo. Canta, compõe, ilustra e é toda cheia de graça. A última vez que fui num show, há alguns meses, achei muito buni, ela homenageado a avó, que estava na plateia. Embrulha.
Agora, florzinha Tulipa, todo mundo quer o seu CD. As pessoas perguntam, descascam o seu myspace inteirinho em busca da sua voz. Avisa a gente tá?

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Sobrançaria

Se é verdade que toda aluna, em algum momento, se encanta por um professor, eu não sei. Mas eu tive o meu.
Foi desde o primeiro dia de aula. Quando ele começou apresentando Guimarães Rosa, Machado de Assis e Lima Barreto. Só contos ou capítulos. Lembro direitinho disso. Ia relacionando os textos com a “realidade” – suposto objeto de estudo do jornalista.
Era categórico, aquele professor, todo cheio de soberba. Mas não era essa a sua graça, ou bom, tá, talvez um pouco. Mas ele tinha um quê de normal, sabe?
Disse, numa aula, todo metido e sem muita abertura para questionamentos, que o Chico Buarque era “o último compositor de herança literária”. Eu achava bonito como ele dava um jeito de fazer referências aos sentimentos.
Ele ria em aula. E tinha uma ironia suave que me irritava e me deixava admirada.
E aí, teve um dia que ele veio com essa, do significado de sobrançaria. “É superar o outro de uma boa maneira”, definiu. Bingo! Era isso. Não estava apaixonada, não era amor platônico nem nada dessas baboseiras, o que eu queria, era “sobrançar” ele, de alguma maneira. Queria ser mais sensível, mais instigante e misteriosa do que o professor. Tonta né ? Porque todas as vezes que eu fui lá, cheia de coragem e segurança, ele delicadamente me colocou no lugar de aluna.
Bom professor, aquele. Que tinha um tom de voz sereno e intimista. Não era muito alto, nem muito baixo. Usava óculos e esboçava uma futura carequinha. Tinha um brinco na orelha, estilo anos 80 e era são paulino roxo.
Os meninos, claro, ficavam enciumados. Mas como eu, sabiam que não dava para competir. “O cara é bom, gente” eu defendia. Mas não tinha jeito, homem quando dá pra ter inveja , é pior do que mulher. “Ele é arrogante, metido e presunçoso”.... alguns mais sensatos colocavam de outra maneira :“ Ele é ótimo professor, mas faz questão de se mostrar para as menininhas”. Eu sabia de tudo. Como ele dava uma atenção especial às mulheres ( mas era uma delas, fazer o quê), como ostentava seu conhecimento sobre as coisas ( mas isso gerava uma raiva mesclada com admiração) e como era implicante com alguns alunos ( mas isso só fazia dele diferente).
Numa prova, escrevi uma frase de Guimarães Rosa. “Minha porta é para o Nascente”. Ele sublinhou e escreveu em vermelho: “Bonito”.
Mas bonito, mesmo, foi quando, falando sobre solidão, ele leu o poema “só” de Manuel Bandeira

Poema só para Jaime Ovalle
Quando hoje acordei, ainda fazia escuro (Embora a manhã já estivesse avançada).
Chovia. Chovia uma triste chuva de resignação
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite.
Então me levantei, Bebi o café que eu mesmo preparei.
Depois me deitei novamente, acendi um cigarro efiquei pensando...
- Humildemente pensando na vida e nas mulheresque amei.

“Existe coisa mais só do que beber o café que você mesmo preparou?” Perguntou. ele.
Não, professor, não.
Anos depois, trombei com ele, no meio da rua. Sem apagador, giz ou soberba alguma. Estava calmo, olhando de igual para igual, com a mesma risada irônica. E mesmo sem eu saber, ele já tinha notado: estava ali, uma tímida sobrançaria.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Gregório Graziosi

Com só 24 anos e 4 curta-metragens no currículo, o cineasta já viajou para todos os cantos, em festivais cinema. Influenciado pelas artes plásticas, Gregório apresenta no Festival de Curtas , quarta-feira, na Cinemateca, seu mais novo trabalho, Mira. Baseado nas obras da artista Mira Schendel, ele “ quis juntar o aspecto delicado e a estética do vazio, presente no trabalho dela”.

sábado, 22 de agosto de 2009

MONOTEMA

"Levando em conta que o ser humano é a tensão entre a preservação e a transgressão, entre corpo e a alma, duas formas profundas de desvios podem ocorrer : o apego e a traição. O apego fere a alma da mesma forma que a traição fere o corpo. Ambas as exarcebações ou desequilíbrios geram violências. A violência à alma é contra a própria vida, e responde pela depressão; ao corpo por sua vez, se expressa contra o mundo externo, no ódio e na vingança.
O apego ameaça e violenta a integridade de um ser humano da mesma maneira que uma traição. Não existe experiência de traição que não venha acompanhada da de apego. Na verdade, é nessa dinâmica que devemos manter nossa atenção. Quando um indivíduo ou mesmo indivíduos que mantêm relações afetivas fazem movimentos trangressivos movidos pela alma, são imediatamente confrontados com movimentos de apego pelo corpo."

Nilton Bonder, A Alma Imoral.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Mudou, ponto.

Queria medir a quantidade de mudança de uma pessoa. Em quilos, litros, kilômetros. A dizer ... “ fulana ganhou 3 kilos de sabedoria”. Ou então, “ciclano perdeu 8 litros de bons pensamentos”. Seria tão melhor. Poder mensurar a dimensão de uma mudança. Assim, saberia lidar com elas. Sei lá, dependendo do tamanho, nem tentaria convencer alguém a voltar para trás. Ou se fosse uma mudança - para melhor- razoavelmente pequena, já daria para comemorar, sem esperar crescer muito.
Mas o que a gente faz com o famoso : “ Tal pessoa mudou muito” ?
Queria poder guardar as mudanças em gavetas certas, etiquetadas: 1984 : o ano do nascimento. 1998 : o primeiro amor, 2001: a briga que dividiu águas, 2004: ano da liberdade... e por aí vai. Mas a gente esquece, encaixa as mudanças e inventa o que quer lembrar.
E o que a gente faz com o clichê: “Eu mudei, é só isso.”?
Queria registrar a cabeça das pessoas - como em fotografias. Para depois poder colocar lado a lado o ‘antes’ e o ‘depois’. Comparar os traços, as caretices, as novas feições de ideias.
Ficaria tão mais fácil . Aceitar os pequenos egoísmos, as canastrices, a falta de vivacidade, que ás vezes, toma conta das pessoas que a gente gosta.
Queria um cata-vento para assoprar para longe, os maus agouros e as saudades dos antigos verões quentes. A gente não percebe, mas nada é de um dia para o outro. São câmbios que envolvem a gente como um lençol sedoso, indefinido.
Queria me convencer que há coisas que só são bonitas depois de amarelecidas.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

SOU CONTRA A LEI ANTIFUMO

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Alma Imoral

Fui com a Paulinha, minha pandoca de cachinhos dourados, assistir a peça Alma Imoral, semana passada. Escutei tantas coisas boas da peça que fiquei curiosa.
Ela - Clarice Niskier - entra no palco. Se apresenta de um jeito bem panda, ainda com as luzes acesas. Conta como resolveu montar a peça, porque, onde, quando.
Entre o disparo de 89247836527634 pensamentos e os sentimentos compartilhados com a Paulinha, existiu um espaço para o céu. É, o céu. Aquele céu, mesmo. Eu entendi tudo. O que é traição e o que é tradição. Entendi a “judia budista” que existe dentro dela e de mim também. Assim como os tropeços, os erros, essas bobagens tão insuportavelmente gostosas que a gente faz por aí.
Ah. Como pode, né? As pequenas epifanias, as ternuras terrestres, os beijos sujos, as mãos na cintura, as risadas de criança. Tudo isso permeado de parábolas do velho testamento. E não assusta, porque se tem uma coisa que a nossa geração não pode ouvir falar, é religião. Mas não é cafona. Não mesmo. Putacoisalinda.
Aí, no meio desse melange completo, lembrei de uma crônica do Paulo Mendes Campos que eu adoro, “Acorrentados”. Apesar do nome ser meio pesadão, na verdade ele destila suas palavras sobre as coisas mais BUNIS às quais ele se sente 'acorrentado'. E isso não tem a ver com homem, mulher, casa, cachorro, bens. Ele fala de coisas - aparentemente banais- mas que dizem dela - da tal da alma. Aquele sentimento de supercalifragilisticexpialidocious, que as vezes, dá na gente.
É isso, minha gente. Coisas de panda, de gente que como diria o cronista. "são presidiários da ternura e andarão por toda a parte acorrentados, atados aos pequenos amores da armadilha terrestre".

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Pola

Lembro quando a gente entrou no carro, as duas, cada uma com um bico de 8 km. Os primeiros quarteirões em silêncio, até que a gente começasse a discussão esdrúxula sobre a hora de ir embora do churrasco, a carona e qualquer outra coisa sem nexo. Argumentos descabidos, gestos exagerados, gritos, choros e ... abraços. Em outra ocasião, nós duas - no amanhecer da formatura - flores nas mãos, olhos borrados, pés de sapatos jogados no carro e colos desconhecidos. Ela ali, fazendo graça, procurando o caminho de casa.
Pola amada. Amiga querida que vai embora - para ser a maior repórter desse país. E eu - panda que sou - sei que ela tem que ir, alçar seu voo, colocar toda a agilidade, inteligência e OLHOS AZUIS ( ela vai me matar, mas o blog é meu e eu escrevo o que eu quiser), em rede nacional. Mas meu lado egoístinha fica azeitona que ela não vai estar aqui, pertinho de mim, o tempo todo. VOU MORRER DE SAUDADES. Saudade desse jeito dela de embarcar nas coisas ... dançar com a Lu Seleme, rir das piadas do Planet. Vou sentir falta da cara que ela me faz quando conto minhas peripércias diárias. E o jeito direto e objetivo de dizer as coisas. Não vou me aguentar de saudades das ligações no meio da tarde, reivindicando atenção. Nórdica linda, que usa chapéu de praia e canta “hoje acordei com uma vontade danada de mandar flores ao delegado...”. Destemida e corajosa, essa Pola.
Me diz, Bonelli, quem vai topar fazer comigo um regime fictício “não bebo cerveja porque engorda. Agora só (8) caipirinhas ?” Quem vai me passar notinhas embriagadas e puxar minha orelha quando eu estiver sendo muito manhosa no meu blog-bobo? E me acompanhar no sambão da praça Roosevelt em pleno sábado a tarde? Fazer um scheadle de guerra para assistir TODAS as mesas da flip e demorar 78 minutos para passar rímel nos olhos ? Ah Pooooooooola. Vai se preparando, que eu vou passar o reveillon lá com você. Vou me aboletar na sua casa, a gente vai acender velas para Oxum, jogar brincos para Iemanjá e cantar cantos de Oxalá.
Olha, desculpa do dia da carona no churrasco do PP, viu? Quando eu for te visitar, prometo que vamos embora na HORA QUE VOCÊ QUISER.
E mais... vou deixar você levar aquela minha blusa florida de alcinha - que fica bem melhor em você do que em mim - assim você também não se esquece dessa sua amiga atrapalhada mas que te ama, tá?

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Trocito de pan

Acabei de ler que o Rafael Nadal deu uma pirada com uns lances de injeções para dores no joelho. Então vou postar aqui, minha cartinha pra ele.
Querido Rafa Nadal ( acho lindo que na Espanha eles chamam ele de ‘Rafa’),
Não precisa se entupir de remédios para o joelho. Isso faz mal para o corpo e para cabeça. Por isso, acho que você tem que vir logo para cá, para a Mazolinha aqui, cuidar de você. Prometo, RAFA, que te levo para Búzios, para comer aquelas coisas que vc adora, mergulhar naquele mar azulzinho, tomar muita água de coco e ficar bem.
Sabe? Chega dessa paranóia, amor. Você é novinho, lindinho, buena onda, não precisa ficar se acabando assim. Essa coisa de esportista desequilibrado anda meio demodê. A moda agora é saúde total. Não viu aquela nadadadora americana, Dara Torres? 42 anos, inteiríssima, sem nunca ter tomado um doppinzinho...
Então, basta de las inyecciones. Você vai ver, mi trocito de pan. Faz isso: tira férias, vem logo, a gente liga para o PP e para a Fe e vamos todos no jogo do timão. Vc vai adorar. Depois a gente pode ir andar de bike na Baleia. Que te parece, cariño?
Aí, te largo com os meninos para vocês jogarem taco, porque também não agüento tanta atividade assim.
Mas fica sussa, amor. Vou estar te esperando, tá?
Besitos,
tuya Marilia

terça-feira, 28 de julho de 2009

Dois minutos. Eu já contei, inúmeras vezes. São dois minutos. Esse é o tempo que demorava para ele virar minha cabeça para baixo. Assim mesmo, papum. Dois minutinhos e beijo- tchau: adeus à Marilia com consciência. Hoje, as coisas são diferentes, demoram 5 minutos. - BRINCADEIRA.
Não tem mais essa história. Acabou o fôlego.
Será que a gente vai deixando a ingenuidade pelo caminho, como diria a Kiru? E até que ponto isso é bom pra gente ?
Eu tinha a sensação de que ele era uma frase - daquelas que estão na ponta da língua - mas que a gente não consegue escrever. Estar perto dele, era andar por uma casa sem nenhum ângulo reto, “torre traçada por Gaudí” - como diria Caetano.
Hoje, tenho um pouco de nostalgia, até. Fico perdida nas pedras invisíveis que eu já taquei nele, nas ressacas de noite mal bebidas e cheias de “choro - canção”. Se tudo fosse lindo e linear, não existiria arte e os analistas estariam desempregados. Pois é. Ás vezes, me visita a esquisitice dessa relação tão espessa e trandescendente. Um cd gravado, a declaração roubada depois de um dia de sol: "você está tão linda, vermelhinha assim...", a estupidez cheia de graça, até na hora de cozinhar um miojo. Pensava na risada dele, ou em como ele ficava desconcertado quando eu estava triste - menino mimado que não foi criado para tristezas. E dois minutos depois, lá estava eu, rindo á toa. Demorava dois minutos.
As meninas achavam ele uma extravagância incoveniente. Uma afronta minha à inteligência. Eu expliquei que ele tinha um não-sei-quê de anjo torto, uma fraqueza ancorada, que me comovia. Aliás, que me comove. Porque difícil é sobreviver a um sentimento que não murcha.
Hoje, acabou o fôlego. Passam dois, dez, 150 minutos e a minha cabeça fica no lugar. Ou quase no lugar. Porque, mesmo inteira, nunca consigo me desviar dele sem olhar com ternura e, claro, um pouco de saudade.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Monsieur Cassel

Querida Natalinda,
Ontem entrevistei o Vincent Cassel. Foi lá no Renaissance, coisa chique. Pãozinho de queijo, café, brigadeiro. Nunca vi coisa igual. Eu já estava com meus aparatos jornalísticos ( gravador digital, gravador analógico, bloquinho 1 e bloquinho2), quando ele entrou na sala com aqueles dois olhos azuis indecentes. Dei uma risada meio sem graça, mas te confesso que eu caprichei no visual. Vestidinho de lã, cabelo solto, batonzinho discreto. Não é todo dia que isso acontece, né amiga? Ele foi simpaticíssimo. Até demais. Conversamos - em português - sobre o Brasil, quelque chose exotic, falamos da política de imigração da França e do filme dele, Á deriva.
Ai... e como os franceses são inteligentes... Nossasinhora! A gente riu, eu ensinei ele a falar a palavra laicismo e ele ficou feliz com meus elogios.
Bom, depois de algum tempo de conversa, eu já perdi as estribeiras diante do bonitão. O senso critíco nessas horas, passa longe. Foi quando ele me contou que está com um projeto de fazer uma comédia romântica no Brasil, com a mulher dele, a Mônica Belucci. “Eu queria mesmo era trazer aquela menina trés jolie, Nataly de Barcelona, mas ela não quer vir”. Eu pensei comigo: “como assim, não quer fazer o filme com ele!!!” Mas expliquei que vc tava aí, com seus projetos, que tinha muita água rolando e que era isso mesmo. Vc não é atriz pra qualquer projeto nananinanãaaaaao. Tá pensando que minha amiga faz o primeiro filme que aparecer ??? Ele entendeu mas me pareceu frustrado. Aí foi me dando uma ternura, Nata. E eu comecei achar que tava rolando um clima entre eu e o pardeolhosazuisindecentes, ainda mais quando ele falou que o “natural do homem é não ser monogâmico” - ah tá, Meu Bem. Imagina se a Belucci fica sabendo disso.
Allors, prometi pra ele que ia tentar te convencer. Então, faz as malas, amiga. Vem pra cá, filmar no rio, nãoqueronemsaber.
Na hora de ir embora, mandei logo um : “Tchau VICENTE”. Ele gargalhou.
Coisa de nena, Nata.
Vem que eu to com saudade.
Bisou, Mazi

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Amanhã, ele faz 91 anos

" Quando a gente se liberta dos nossos medos, nossa presença automaticamente liberta os outros"

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Caê

* "Doce japonês é sempre assim, né? Tem gosto de feijão e é tudo rosinha claro"
* "Eu só moraria em duas cidades: Nova York e Madrid"
* "Eu to triste. Mas são coisas íntimas, pessoais. E sobre isso, não se fala"
* "Eu era muito jovem quando escrevi Coração vagabundo"


Essas são frases do nosso Caetano Emanuel Viana Teles Velloso, no filme Coração Vagabundo. Fernando Andrade fez tudo direitinho. Registrou um lado tão buni do tropicalista hipongão. Que delícia ver o Caetanão ali... ouvir ele contar os causos. Aquele ritmo baiano de quem morou - até os 18 anos - em Santo Amaro da Purificação. Sorriso fácil, de graça. Charme natural - sem a menor canastrice. Só podia ser, né gente? Quem escreve “O quereres” não deve mais nada para o mundo. E ainda soma: tem uma pitada de humor . Só erra quando começa a se levar a sério- porque quando brinca de Caetano, é uma delícia. O Almodóvar que disse que ouvir Caetano o deixa de “pelos de punta”. Si, Pedrito, pelos de punta. É que é filho de Oxóssi, o moço. Olha pra beleza do mundo e sabe valorizar tudo que é bonito - por meio das palavras. Fico aqui sempre falando do Francisco e quase nunca do Caetano. Eu sei. São coisas totalmente diferentes e existe espaço para os dois, nos nossos corações. Mas é que, por maior que fosse minha admiração ao Caetano, sempre tive um pouco de ressalva com o lado “provocador” dele. Me cansa. Mas o jeitão “mitificado” do Franciscão na Flip, me cansou um pouco, também. E o Caetanão tava super lá no meio da pipoca ontem. Não teve gritaria, arranca-cabelos e nem crises de fãs. Algumas fotos, uma ou outra tiete, tudo normal. E ele ali. Devagar, disponível, inteiro. O Leãozinho entrando pelos sete buracos das nossas cabeças. Com toda sua presença.

domingo, 12 de julho de 2009

Futuro

* Fazer o caminho de Santiago de Compostela.
* Aprender a fazer bombons como a minha vó Arlete.
* Comprar uma gravura da Tomie.
* Entrevistar o Woody Allen.
* Encontrar aquela carta.
* Pintar minhas próprias unhas.
* Ir para o Machu Picchu.
* Ganhar uma piscadela do Francisco.
* Comer brigadeiro sem culpa.
* Ter uma lambreta amarelinha.
* Abraçar o Obamão.
* Beber sagria com a Nata em Barcelona.
* Waltinho: você não me escapa.
* Aprender a dançar Tango.
* Ganhar uma dedicatória afetuosa.
* Ele, aqui do meu lado.
* Conhecer Israel.
* Ir num show da Tracy Chapman.
* Aprender alemão.
* Plantar tulipas.
* Visitar o Schopen no Canadá.
* Ir para Cuba.
* Aprender a ler as mãos.
* Fazer um documentário.
* Lutar boxe.
* Conhecer uma tribo indígena de perto.
* Voltar para Sevilla.
* Fazer faculdade de psicologia.
* Começar a entender de arquitetura.
* Roubar um elogio inesperado.
* Conhecer o Tibet.
* Perder o medo de andar de bicicleta em sp.
* Ver a Fernanda Montenegro no palco.
* Aprender a fazer comida judaica.
* Morar na Argentina.
* Encontar um mestre intelectual.
* Velejar em Ubatuba.
* Estudar história.
* Visitar uma fábrica de perfume na Provance.
* Segurar o buquê da Cutait no altar.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Paratations - parte I

Querida Natalinda,
Paraty estava mais vazia esse ano. Choveu um pouco, é verdade. Mas também faltavam pessoas importantes. E não fui só eu quem notou, não. O mexicano Mario Bellatin já veio me perguntando: “E a Nataly, não virá? Me disseram que ela vinha”. Eu falei pra ele, que era tudo culpa do povo da Cosac , aqueles meninos irremediáveis... vc conhece como eles são, né Nata. Falaram para o escritor doidão que você ia, aí ele ficou todo na expectativa de “conocer esa chica tan llena de cualidades”.
Mas não parou por aí, não. Eu expliquei várias vezes para o Mr. Talease o motivo da sua ausência, que vc morava fora, que era muito caro vir para cá... mas nada contentou o abuelito, ele queria porque queria ver você. Sabe que ele contou que guarda todas as cartas que trocou com a mulher, em 50 anos de casamento É... disse que além das cartas, guarda junto os motivos das discussões e o jeito que se reconciliaram. Fofo, né? Coitada dela, que teve que aguentar as maluquices dele a vida inteira. Se bem que, pelo que me pareceu, ele amaciou essas loucuras com muita doçura.
E por falar em doçura, o Lobo Antunes foi um fofoleto. Eu tava quietinha comendo num restaurante, ele veio e me perguntou se não era eu, a amiga da Nataly, neta de uma grande amiga dele. Ahhhh Nata, ele me contou histórias tão lindas dos tempos em que conhecia sua avó em Portugal. Me deu uma vontade de ir pra lá... e ele disse que receberia a gente numa boa. Que te parece, amiga? Depois que vc voltar da Galícia, passamos pra ver Lobo bom ?
De repente, a gente pode também passar pela França e visitar a doidinha da Sophie Calle. Ela me contou que quer ir pra Índia- você pode dar umas dicas para ela, que está pensando em fazer um dos projetos de arte por lá. Mas só ela, tá? Porque o ex, Gregóire, eu dispenso, muito safado, aquele fulano.
Sedutor por sedutor, preferi o afegão Atiq Rahimi, que olhou com um olhão azul pra mim... bem fundo. Olhos lindos os dele, né Nata? E olha que ele estava ultra aborrecido com a sua falta. Parece que ele te conheceu aquela vez, em Paris, lembra? Mas pode deixar, que eu te defendi tá?
De resto, Paraty segue com aquele cheirinho de serra do mar, que eu sei, você morre de saudade. O céu continua estrelado, as crianças gritam sem parar naquela flipinha e ano vem, não tem desculpa. Queremos vc aqui, viu?
Beijocas
Mazi

sexta-feira, 26 de junho de 2009

O teatro da liberdade



Existem coisas que emocionam a gente. De verdade. Tiram o ar, mostram significado, acontecem. E todos os anos, no Antídoto - que acontece no Itaú Cultural- tem um desses personagens que me arranca um pedaço da alma.
Ontem assisti Adnan Nagnagie contar um pouco do trabalho do "Teatro da Liberdade", que ele desenvolve com adolescentes lá na Palestina. Assistir o vídeo dos sonhos desses jovens, tão genuínos, me deixou em silêncio. Um pouco, por vergonha da minha falta de informação. Outro pouco, por um fio de qualquer coisa que se acendeu nos meus pensamentos.
Take a look

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Suspiro do mundo

Maricota e Gabriel,
Talvez essa carta fique meio grandinha. É que apesar de a gente não se encontrar muito, bem sei que o nosso mundo é movido a afeto. Então um pouquinho a mais de babação de ovo não faz mal a ninguém, certo?
Eram um pouco mais de nove horas quando eu entrei no corredor florido do Jockey. Meu telefone não parava de tocar porque dia 30 de maio é o meu aniversário. Desliguei o infernal aparelhinho depois da ligação mais esperada do dia. E, ainda esmagadinha entre cabecinhas e cabeções curiosos e emocionados , tentei - inutilmente, enxergar com meus singelos 1,55 de altura, a cerimônia. Ver mesmo, não vi. Mas arrepiei quando "carinhoso" começou a tocar. Depois Má, vc apareceu. De vestido romântico, olhos ainda lacrimejantes e o sorrisão na cara. Linda. Não aguentei quando vc abraçou a Kika - que estava do meu lado - e disse com um tom de ' vc tem que fazer isso' : "Ai Kika!!! É muito legal". Aí fiquei aqui, quebrando a minha cabeça, para achar alguma coisa que pudesse traduzir - um nani que fosse- do que estava pairando ali no ar. Lembrei da Lispector, que dizia sobre uma sensação de "suspiro do mundo". Eu adoro essa expressão, não é ótima? Tipo assim: “tava andando na rua, pleno por do sol, quando senti o suspiro do mundo”. Ou então: “aí quando abri meu presente veio aquela sensação de suspiro do mundo’ ou ainda: “aí quando vi a Maria e o Gabriel rindo juntos veio - o suspiro do mundo”. Aquela coisa de preenchimento mesmo. E ó, não fui só eu não, viu? Todos comentaram. A Marininha, coitada - até passou mal, de tanta emoção. Coisa assim, gente, só sendo muito de verdade.
Quando eu fazia teatro, meu diretor sempre me dizia: " se vc se diverte, o público se diverte". Verdade mais pura. Se vcs vissem a carinha das pessoas quando vcs começaram a dançar, fofoletos, "Que maravilha". Rodando no "a girar". Cheios de graça, de charme. Rindo e o riso sendo a música perfeita. E tudo isso, só pra deixar meu beijo carinhoso para vcs. E o desejo de que vcs, encontrem no dia-a-dia, a leveza dos passinhos de dança que vcs improvisaram tão delicadamente naquela pista
beijos
Mazinha

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Do time das pandas

Querida Natalinda,
Na sexta-feira, entrevistei a Andréa Beltrão. Foi lá no Teatro da Fecomércio, onde ela está em cartaz , junto com a Marieta Severo, com a peça As Centenárias. Ela chegou atrasada, mas sem perder a compostura e nem a simpatia. Foi até o camarim “para dar um jeitinho nas olheiras” e, logo que sentou no palco, tive que perguntar : “Andréa, vc conheceu a Nataly, né?”. Ela ficou toda entusiasmada quando soube que a gente era amiga, me contou a história inteirinha de quando conheceu você, da última vez que foi para Barcelona. Parece que chovia muito, ela estava com os três filhos trancafiados no hotel, quando resolveu levá-los ao teatro. E pimba. Os pequenos se apaixonaram por uma princesa que estava no palco - no caso, vc. Ah Nata, vc precisava ver a carinha dela, quando eu falei que a gente era super amiga. Ela disse: “Ah, tipo eu e a Marieta, né? Já virou família”. É Andréa, já virou família. Ela aliás, me pediu o seu e-mail . Eu dei, tá? Dei porque ela panda, Natalinda. Panda assim, de verdade. Quando eu perguntei se ela tinha algum medo, sabe o que ela me respondeu? Que não tem medo que nada aconteça com ela, “mas com meus filhos, amigos, pessoas que eu amo”. Embrulha. Espirituosa e engraçada é séria na hora de responder as perguntas, sempre com uma pequena pausa. E se coloca, sem perder o ar de ‘poço de afeto’. Impressionante, essa atriz versátil. Parecia uma de nós, contando que chorou quando viu o Roberto Carlos. Pode?
A entrevista estava no fim, quando chegou a Marieta, ela que é peque que nem a gente. E a Andrea me contou que as duas compraram um teatro no Rio. É, é isso mesmo. Elas têm um teatro- o Teatro Poeira -, em que cuidam da programação, produzem, se divertem. Vamos fazer isso também, amiga? Comprar uma casa antiga no centro, reformar e fazer nosso Teatro “Flores de Raposa”? Só que só vai valer entrar espetáculos que soprem ternuras terrestres. Para terminar, ela me contou um segredo: disse para os filhos que toma um “anti-morrente”, não é demais? Quando pedi a receita, ela falou que vai preparar um pra mim e outro pra você.
Lobby saudades
Mazi

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Gossip

Elas chegam produzidas. Gloss na boca e cheiro de perfume. O vinho na mão direita e a bolsa lotada de cacarecos, na esquerda. Logo o ritual começa: a abobrinha cintila na frigideira enquanto a Luciana começa a falar, espirituosamente de coisas prosaicas. Pluft. Abrimos o vinho. A Mariana bate palmas quando dá risada, enquanto a Renata conta das peripércias de se trabalhar com cinema. “Ih ... já acabou a primeira garrafa de vinho? Sem problemas, vamos pra segunda”. Papo vai, papo vem, as novecentas prospecções, fofocas do mundo real, a novela - porque não? Harebaba, quanta bobagem gostosa. A abobrinha está no ponto e o massa quase pra sair. A Luciana com os cílios que fazem vento, adverte as amigas, puxa a orelha e pede colo. “Ih... acabou a segunda garrafa? porque a gente não abre uma champangne”. São as minhas “gossip girls” -um pé aqui, outro em NY. Das abobrinhas e os jantares em casa, aos sábados dançantes na pista da Neu, passando pelas madrugadas berrantes no carro cantando músicas de amor. Minhas “gossip-girls”. É a Lu, que me puxa pelo braço quando eu estou quase caindo na ladainha: “Ah Mazinha, você já estava toda na pontinha do pé, falando com ele, não vou deixar”. Tá bom, Lu. São as noites de quarta. Super finas, mesmo. Bebendo 8 garrafas de vinho - meio da semana- em plena mercearia. É a Re, minha morena informada, que esbanja charme, tem as melhores histórias e atrapalha o coração dos rapazes. É meu SOS Maricota, que fala : “Minha princesa dzó, vem que eu te salvo”. Empresta vestido uma hora antes do casamentotodacoloniajudaicapeloamordedeus, me resgata nas madrugadas desconfortáveis, leva casacos quentinhos pra me aquecer nas viagens. Fotos, flagras e até cartão de corretor de imóveis mesquinho, levam para casa, entre os olhares apaixonados dos meninos. O que eu faço com essas minhas gossips do Paraguay? Que têm glamour de pé- de- serra? Bebem champangne mas caem no samba da Meirinha.Vai churrasco, vem praia, trocas de e-mail engraçados, pic -nic, virada cultural. Pandocas de plantão, essas meninas. Registram o coração de ponta a ponta, mapeam toda as neuroses da cabecinha e ainda falam as coisas certas. Sem nunca perder essa graça toda.

Meninas, não cabe, é muito amor.

xoxo.

Mazi

terça-feira, 16 de junho de 2009

em miúdos

A gente pode combinar assim: Paco de Lucia, flores amarelas e vasos azuis. O que você acha? Algumas fotografias espalhadas nas paredes e porta-retratos nas mesas, com fotos de amigos e nossos afilhados. A pia que pinga algumas vezes ao dia. Lençóis de malha azul-claros e uma cortina fosca, para filtrar os primeiros raios da manhã. Como na música de Dolores Duran em que os “pingos de chuva de ontem, ainda estão a brilhar”. Eu gostaria também de uma cristaleira para guardar as taças e cálices da minha avó Regina, só coisa chique, polonesa. Junto, a gente pode colocar algumas porcelanas e outros cacarecos das nossas viagens. E quem sabe até uma vitrola? Sabia que o Cortázar dizia que Gardel só deve ser escutado em vinil? Taí. Quero uma vitrola para escutar Gardel e chorar na janela, ás vezes. Se você quiser, a gente encomenda uma poltrona bem confortável pra você dormir, sábado a tarde, lendo o jonal. Vou dar um jeito, também, de arrumar um canto pra você repousar seu violão, prometo. Tá vendo como eu não sou mimada? Mas faço questão de uma banheira - com bastante espuma. Vou separar as melhores essências, você sabe. Depois, quando você brigar comigo porque pendurei aquele quadro da herança da sua família de um jeito torto, eu nem vou ligar. Você vai me pedir desculpas, mesmo. Porque vai ver na geladeira, que comprei aquele suco de maçã que você adora. E você não se aguenta quando eu te faço surpresas, parece uma criança, ganhando presentes. Adoro isso. Essa alegria infantil que escapa de você, de vez em quando. E prometo que não vou ficar gritando pela casa que o Corinthians é o melhor time do Brasil, bem quando o São Paulo perder, juro. Foi só aquela vez, tá? Mas todas essas concessões tem seu preço, mocinho. Vou querer brigadeiro de panela e massagem no pé, uma vez por semana, tá? E se você deixar a louça tinindo eu posso até pensar em não jogar fora aquele bando de revistas Placar. Deal?

terça-feira, 9 de junho de 2009

Ela, Arlete

Querida Natalinda,
Essa semana foi a primeira semana que realmente fez frio em sp. É engraçado esse ritual do frio, né? Tirar a meia calça do armário, comprar chazinhos gostosos, colocar a bolsa de água quente na cama pra ficar quentinha - essa aprendi com a Dona Arlete, minha avó. Aliás Nata, vc tinha que ter conhecido a Dona Arlete. Imagina a mãe da minha mãe? Linda de morrer. Quando eu era pequena, uma senhora me parou na rua, em AIURUOCA, cidade dela e disse: "sua avó foi a mulher mais linda das redondezas, não era nem da cidade, era das redondezas, mesmo". Tão linda, que a banda de Aiuruoca fez uma música só pra ela. Eu lembro Nata, direitinho. Da minha avó na janela - BEM estilo Rita do Chico- parada, olhando o povo passar e ouvindo a música dela. Aqueles olhos libaneses e mãos boas pra fazer doce e salgado. Não saía nunca de casa. Com muita insistência, dava uma voltinha na praça, sábado a noite. Mas era uma leoa, a Dona Arlete. Protegia as netas com unhas e dentes - de cachorro bravo, dos meninos cafajestes, das pragas de famílias inimigas, porque vc sabe, né? Cidade pequena é tipo Romeu e Julieta, sempre existem famílias brigadas. Em noites de chuva e "trovoada" mandava desligar tudo da tomada. Medo de dar curto-circuito, é mole? Ficava a família inteira na sala, esperando a chuva passar pra poder assistir o Jornal Nacional. A chave da casa? Só depois dos 18 anos. Eu, como sou a última neta, tive abono e ganhei com 15. Mas as instruções eram bem claras:"Marilia, você entra, dá DUAS voltas na chave e coloca em cima da minha penteadera". E eu, plena flor desabrochando - de férias em Minas, olha o perigo - dizia "Tá bom vó!". Pois nada, fazia direitinho e quando entrava no quarto dela para deixar a chave, ela dizia, acordada: "Vc deu DUAS voltas na chave?". Ah... minha vó. Saudade dela. Que deixava o chá de cidreira da horta, com biscoitinho, em cima do fogão a lenha. Rezava novenas e fazia promessas. Sabe que durante anos, na procissão da semana santa, minha vó foi descalça? Promessa. Se alguém sabe qual? Só Deus. A reza dela era braba mesmo. Quando eu tinha soluço, sabe daqueles que não passa? Ela fazia uma benção com a mão na minha testa e pimba! O soluço ia embora. E quando alguém perdia a carteira em casa, já tinha solução :"Liga pra vovó". E lá de Minas, ela fazia os beregodegos dela e pasme... a carteira aparecia. Ela era leve e cheia de humor. Dormia com uma foto do meu vô pendurada na parede, na linha da cabeça. E quando eu lhe perguntei se ela tinha sido apaixonada por ele, me respondeu sem titubear: "ainda sou, Marilinha". Ele tbm deve ter sido doidinho por ela, Nata. Que foi mãe, avó, esposa, tudo. Que mesmo sendo católica fervorosa, BATEU com um pão, no Padre da cidade - porque ele tinha dito que meu tio era comunista para os militares. Acha que é brincadeira? Não, não é não. Não se pode brincar com uma Dantas Motta. As suas receitas? Ninguém sabe onde foram parar. Ela escondeu - estão juntos com seus segredos.
Tudo isso, Nata, porque faz frio aqui. E vc sabe, o frio daqui não é como o daí. Não tem charme, nem bufandas, nem capuccino. Acho que me deu saudade de Aiuruoca. De cheirinho de mato fresco. E de vc, sempre né? Que é minha amiga mais querida.
Lobby, Mazi

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Tipo Festa Junina

À beira da fogueira de São João. O som das estrelinhas de fogo subindo. Lenha verde que ainda chora, quando queima. São olhos que se cruzam entre as tranças dos cabelos e os bigodes forjados. Antes era milho e pé-de-moleque. Hoje, quentão e vinho quente. Rifa, bingo, coisa mais brega, sô! Cheiro de cravo forte, frio que guarda energia - pro forró, pra quadrinha, pro beijo atrás do portão. Coisas de Chico Bento. Bilhete de correio elegante, pega-pega das crianças e o zunir da sanfona. Camisa xadrez, um chapéu de palha emprestado do amigo e o braço dado com a menina. Bandeirinhas coloridas cortadas durante uma semana. Lilás, vermelha, amarela, azul e branca. É noite de São João. Com música que gruda na cabeça durante semanas, assim como a lama na sola dos pés.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Apenas o Fim



Ele é peque, mas é bom que só vendo.
Peguei o DVD de 'apenas o fim' esperando um filme buni, afinal de contas o diretor é novinho, já ganhou uma meia-duzia de prêmios com o filme de baixíssimo orçamento e anda arrancando uns bons elogios. Mas tbm não esperava uma coisa tão fofoleta. Acho que eu tinha meio implicância com essa Erika Mader, sei lá. Mulher tem dessas coisas, as vezes implica com uma fulana e não tem quem tire a ideia da cabeça.
Aí tem essa coisa de pauta, né. Vai entrevistar o cara, mas não dá pra ir na cabine porque o filme é bem na hora do fechamento e pimba. Cai o DVD pra assistir em casa. Plena terça-feira. Viu Matheus Souza? Obrigada. O filme é uma graça.
A história é simples. Ela chega e diz pra ele que vai embora. O resto são só “fragmentos de um discurso amoroso” do Barthes. Com uma pitada pop irresistível( pra mim, claro). All Stars que se cruzam na escada, humor buni, trilha sonora fofoleta e as problemáticas da minha geração ( ou será que essas coisinhas do amor independem de geração? ). Ele:um mini woody Allen, ela: Diane Keaton versão carioquinha. Uma declaração de amor ao Rio, a uma certa ingenuidade e a leveza da memória. O filme é inteiro ambientado na Puc do Rio. Mas o Matheus me explicou: "Para usar a câmera da faculdade, durante as férias, não podia sair das depedências da Puc". Ahhhh gente... não é? E sabe... ele falou de patotas, palavras e poemas.
12 de junho nos cinemas. EMBRULHA.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Pra homenagear o mundo

* Final de tarde em S. Isidro.
* O canto religioso no Morumbi quando Corinthians ganhou.
* Teresa com menos de 24 horas, apertando os dedos da mão.
* Jantares em cantinas da Augusta.
* O jeitinho do França falar: “já vaiiii minha liiiiinda?”
* E-mails vindo do outro hemisfério.
* A delicadeza da Lu, com cílios que fazem vento.
* O amanhecer na Sapucaí com a Kiru abraçada no celular.
* Saladinha de tomate do genésio.
* Pp cantando Iran.
* Banhos de erva-doce.
* Vinhos brancos no Piratininga.
* Milton cantando “Bailes da Vida”, no alcance da mão.
* Casa nova.
* Dedicatória carinhosas nos livros.
* Creme de Cherry Blossom.
* Hugo e Má sambando no Cidão.
* As janelonas do Santa Cruz.
* Encontros de sopetão, em Paris.
* As risadas dos “jantares-gossip” as quartas.
* Casal dançando gafieira.
* Batom vermelho.
* Banda Glória no Museu da Casa Brasileira.
* Dricoletinha-nha-nha-nha.
* Pôr do sol na Baleia com cheiro de jasmin- ah merece, né?

terça-feira, 26 de maio de 2009

Os olhos turquesa

crédito: Isaac Neustein
Teroca Pipoca,
Nesse final de semana você estava linda, com sua batinha florida e pulseira de pérolas. No restaurante, enquanto você adormecia, comi aquela torta de goiabada que eu adoro. Quando você crescer e começar a comer doces -doces de verdade, não essas bobagens coloridas e artificiais que as crianças adoram - vou te levar para experimentar essa torta. Mas claro, vou também te comprar as tais balas artificiais, aquelas que vendem por quilo e são carérrimas, com gosto de coca-cola. Depois, Te, se você quiser – sei que os pais não têm paciência – prometo, que te levo no show dos “Jonas Brothes” da sua geração. E pode contar comigo para os filmes e desenhos – seguidos de um Mcdonald´ s. Hoje te vejo assim, Teresa. Os olhos, duas bolas turquesas. Essa gargalhada que escapa em momentos inesperados. E aos poucos, seu jeitinho, sua personalidade se formando. Como você segura seu paninho e mistura no mesmo minuto, o riso e o choro. E vc vai me contar dos seus segredos, Te. Eu vou te contar as minhas histórias e seremos assim, amigas. Vou te proteger com as minhas unhas e afetos. Para você nunca se esquecer. Das nossas tortas de goiabada juntas.
Beijo da Tia Má

terça-feira, 19 de maio de 2009

Leu?

Deixa eu explicar.
Na cabeça de uma passoa panda, frustrar alguém é horrível. Dizer não é um martírio. Agredir então, impensável. Mas o mundo não é feito só de pandas e isso, nós já sabemos. Vira e mexe tem alguma situação, em que uma pessoa normal tiraria de letra, com o simples e clássico “ manda à merda e acabou”, mas nós não conseguimos. Quantas vezes eu já não ouvi que era só dizer isso pra resolver o problema? Mas a lógica de uma panda não funciona no botão “manda à merda e acabou”. Porque cada coisinha, sentimento, ação e reação, é como uma filigrana. Cheia de complexidades
Explico.
Pensamentos que acontecem, quando a gente pensa em ativar o “manda à merda e acabou”:
1- Se eu fizer isso, eu perco a razão.
2- Não vou me rebaixar no mesmo nível da pessoa.
3- Não sei proferir essas palavras sem estar completamente fora de mim.
4- Pra que causar mais ?
5- A pessoa vai perceber que errou, não precisa avacalhar.
6 - Tudo que falamos, volta pra nós, no mesmo grau.
Viu como não é tão simples? Experimenta passar um dia na pele de uma panda pra ver se é gostoso. Depois, não é só quando somos agredidos, que temos vontade de ativar o “manda à merda e acabou”.
Explico de novo.
Há momentos da vida em que simplesmente a gente tem que dizer não. Mas não consegue. Aí chega aquele seu amigo bem resolvido e fala: “ah querida, é simpls, manda à merda e acabou’. Esses momentos são quando:
1- de repente, por qualquer motivo, vc não quer convidar alguém para o seu aniversário. Mas vc pensa: “ ah... fica chato não chamar ciclano, se eu chamar fulano”.
2- por alguma razão, uma pessoa que “drena” vc, te explora, te aluga 40 horas semanais com os problemas , do nada, resolve te cobrar qualquer coisa.
3- alguém se sente dono de vc.
4- vc se sente (inexplicavelmente) na obrigação de ir no aniversário, lançamento, formatura, casamento de alguém que nunca foi no seus eventos.
É, minha gente, c´ est ne pas facil. Mas a gente vai se excercitar. Vou mandar fazer um adesivo no meu carro: “ Panda, aprenda. Mande à merda e acabou”.
Lógico... sempre com o lugarzão comum no coração - "HAY QUE ENDURECER-SE PERO SIN PERDER LA TERNURA, JAMÁS"

terça-feira, 12 de maio de 2009

O choro de Francisco

Parece que o nosso Franciscão Buarque - deixou escapar lagrimitas, no show do Caetano, nesse final de semana. A música que tocou o coração del poetón foi aquela linda, eternizada na voz da Gal, Força Estranha.
Já me imaginei na cena, lógico.
Nós dois, no Canecão. Caetano cantando algo do Zii e Zie. E eu sentada do lado do Chico, tentaria pegar na mão dele enquanto ele discretamente se esquivaria dizendo: “Linda, aqui não. Está cheio de fotógrafos”. Eu ficaria emburrada e já começaria a pensar: “Tá vendo, Marilia? Por que foi se envolver com esse cara? Isso que dá querer ficar com homem mais velho, inteligente, desejado. Agora não pode nem segurar na mão enquanto o Caê embala uma música romântica”. Mas logo o Caetano começaria com uma das suas músicas animadinhas e eu, tomada de fúria, iria dançar lá na frente. Só de birra, colocaria as mãos pro alto e com um leve reboladinho, cantaria bem alto: “eta, eta, eta, eta... é a lua , é o sol, é a luz de Tieta, eta, eta, eta”. O Chico não seria nem bobo de ceder à minha provocação - afinal ele não é um moleque cheio de cinismo, mas o Chico né minha gente? - e continuaria ali, na mesa, concentrado, introspectivo. Depois de perceber que de nada adiantaria minhas súplicas na beira do palco, eu voltaria pra mesa. Um pouco ofegante e já envergonhada do meu papel infantil. E ele lá, estático. Então, depois de um grande silêncio, Caetano faria uma daquelas introduções lindas - que só ele sabe fazer ... e começaria bem delicadamente : “Eu vi um menino correndo/ Eu vi o tempo brincando ao redor/ do caminho daquele menino". Pouco a pouco, os olhinhos verdes do poeta começariam a baixar e o corpo dele a ficaria encolhido na cadeira. Um gole na cerveja ( ou seria whisky? O que será que bebe o Chico?) e uma tosse sem som. E a música on and on: “eu pus os meus pés no riacho/ E acho que nunca os tirei/ O sol ainda brilha na estrada que eu nunca passei". Ele daria uma piscada mais longa - dessas que a gente dá quando tem uma nostalgia. E ali mesmo eu flagraria... uma lagrimita. Pequena, mas doída, saindo dos olhos mareados do Franciscão, bem no agudo do Caetano : “Por isso uma força, me leva a cantar. Por isso essa força estranha no ar. Por isso é que eu canto, não posso parar. Por isso essa voz tamanha". E aí... aí.... ele deixaria eu segurar na mão dele. Forte. E o Caetano sorriria, daquele jeito que ele sorri quando canta:" Eu vi muitos cabelos brancos na fronte do artista. O tempo não pára no entanto ele nunca envelhece/ Aquele que conhece o jogo, o jogo das coisas que são". Eu pensaria "Nossa. Quanta angústia, que coisa!". E devagar, enquanto ele soltaria minha mão, daria o último sussurro choroso, junto com a música : "É o sol, é o tempo, é a estrada, é o pé e é o chão". E eu falaria: "Agora chega de choro Amor, vamos para o samba". E ele obediente, já totalmente rendido, seguraria minha mão, em meio a todos os flashes.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Amadas,
Depois que eu cruzei a catraca da estação les sablon fiquei muda. Não tinha nada que fizesse eu me sentir melhor. Nem o francesão que sentou do meu lado no trem... Eu tava toda atrapalhada tentando encaixar a mala quando aquele “Zidane” pegou, num rompante, o trambolho da minha mão e fez - milagrosamente- caber bem lá no alto. Depois, chorosa, eu olhava pela janela, até que ele me perguntou: “Pardon madame, mais vous être triste?”. Tá, até arranho francês, mas como eu ia conseguir explicar pra ele que, sim eu estava triste. Que não, eu não queria voltar para casa. Que sim, eu ia ficar com uma coisa que eles, franceses, não entendem - saudade. E não, nem que ele me abraçasse muito forte eu me sentiria melhor. Dei um sorrisinho tímido e disse: “ não, é só o pólen que me faz lacrimejar”. Ele não acreditou, mas foi cumplice e fingiu bem. Depois me convidou pra tomar um café no outro vagão, mas eu não aceitei. Ah gente, sabe? Me deixa. E no fim da viagem, quando me ajudou a recolher a mala, falou : “eu também odeio despedidas”. Eu ri baixinho e dei uma bitoca -merecida- na bochecha dele, que ficou sem graça, buni. Mas nem esse mini “rendez vous” desatou o nó da minha garganta. Só compartilhado agora com vcs minhas queridas.
Beijo do lado do atlântico.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Em NY

Logo no segundo dia me deparei com aquele Chagall imenso. Ela segurando uma flor e um fundo azul bem, bem forte. Fiquei ali estatelada durante uns 5 minutos. A janela do quadro era imensa, quase dava pra sentir o vento que batia no cabelo da moça, vestida de rosa, segurando aquela flor. Foi no Museu de Arte Moderna. Depois andamos naquelas avenidonas barulhentas. Ele me explicou: " É um vício. Não é que a cidade não seja bonita ou agradável, é viciante, mesmo". Depois de 5 dias lá, a gente não quer calma, mas deseja as pessoas do mundo inteiro, a buzina estressada dos taxis, a elegância ultramaisqueconcreta daquelas meninas.Vício. Muito fácil entender aquela cidade - é baba pra quem mora em SP. "Pai, agora já to entendendo. Isso aqui é diferente do resto dos EUA inteiro". É Woody Alen, Spyke Lee. Tá, é tbm Sexy and The City , sapatos glamurosos e “compre 2 , ganhe um for free”. Mas são museus incríveis, famílias inteiras no Central Park, moleques jogando basquete em quadras públicas. Patrícios andando pra cima e para baixo, diamantes vendidos que nem banana. Musicais. Arranha-céus. Uma cidade em que vc acredita que as pessoas falam sozinhas, quando na verdade estão falando pelo bluetooh - ou seja lá qual for o nome daquele telefone que fica pregado na orelha - coisa mais neurótica. Cidade do trabalho. Gripe suína? Que nada. Ninguém de máscara ou deixando de pegar o metrô. O filho de indiana e paquistanês "but preety americanized" Yasser, me disse, sem titubear : “ essa cidade é uma coisa de louco”. É, cidade louca . O outro israelense: “é apaixonante”. Fiquei com a definição dele: “vício”. Ele é “one of a kind” - me levou no programa de turista só porque eu queria ver a Estátua da Liberdade, foi comigo até o Strawberry Fields porque fiz questão de ver onde o John Lennon morava. Pai é pai, né gente? Espera a gente experimentar tudo, deixa a gente ser ingênua falando do Obama e ainda tem a candura de escolher um restaurante pensando no que a gente gosta. Sortuda eu, né?

sexta-feira, 24 de abril de 2009

E elas foram para Paris

Eram quase dez e meia da manhã quando entrei no prédiozinho na Neuilly sur-seine. O Petit Palace do Charlie. Natalinda e Dricoleta já me esperavam na janela. Foram muitos gritos só silenciados pelas olhadelas desgostosas da consièrge. Desde o primeiro minuto. Ainda faltavam a Fe - que vinha de Berlim e a Pi – anfitriã e copine do Charlie. Coitado dele, teve que aguentar manhãs seguidas ao som de Los Hermanos e berros apaixonados : “Diz, quem é maior que o amor? Me abraça forte agora, que é chegada a nossa hora”. Cantar, aliás, foi o que não faltou. Natalinda teve um treco inexplicável a caminho da Torre Eiffel: “gente como é aquela música do Queen?” Pronto. Cinco pandinhas dançando e cantando “under pressure” durante 3 quilômetros no bairro chiquérrimo dos invalides. Normal mesmo.
Sabe, não coube na gente. Emoções afloradas por uma caixinha de música só porque tocava La vie en rose. Oito horas experimentando todos os cremes de corpo da Provance e mexendo em tudo, quando um aviso bem grande dizia: “ne touchez pas”. Ok, a gente é brasileira, minha gente. E dá-lhe pão, panine, crepe, croissant. E a Dricoleta: “ To em silêncio porque tá difícil absorver tudo isso”. É, difícil mesmo. Andar pra cima e para baixo, flertar com o violinista que toca no metrô, se perder nos cacarecos do Monoprix. Se atrapalhar nos horários porque é muito bom acordar sem compromisso, mesmo em Paris. E a voz soa séria: “ O museu vai fechar em 15 minutos”. Mais 15 minutos pra ver o impressionismo inteiro? Vai, corre, passa correndo pelo Van Gogh, Monet, Renoir. Ih... ficou faltando o Manet.... E a frase repetida da viagem VOU TER QUE VOLTAR AQUI. E o pobre do Charlie aguentando a macacada na casa dele.
A cidade da luz com um sorrisão para gente. Não aguentei a Fe, toda charmosa, no meio de dois músicos tocando canto de ossanha, dizendo: "Ai, vc acha que eu tenho que sair daqui? tá tão bom...". Ou a Nata, me explicando na baldeação gigantosa do Chatlet, em plena meia noite, num papo profundo: "Sabe o que é Má? O que a gente busca na vida, na verdade, são encontros". E a Pizoca, plena alegria matinal: "vamos fazer bolinho de gente?". Coisas de amigas. Só quem tem esse "imenso monolito", como diria o Gil, sabe do que eu to falando. Dores musculares na perna de tanto andar. Trocas de cachecol, pequenos gracejos compartilhados, 59 horas na livraria shakespeare and Co. Tudo com um sabor esquisito de intesidade. E cada uma impressionada com uma cor de tulipa de diferente, com ventinho que levou embora todos os nossos versos.
É a primavera em Paris.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Carta de mãe

Sempre foi muito triste me despedir de Paris. Quando o avião decolava eu chorava em cima daqueles tetos ímpares. Queria fazer alguma mágica pra eternizar os cheiros, os pães, as esquinas e os pequenos cafés. Fico muito feliz por você ter visto tudo isso e sei que saberá guardar, dentro de voce, essa cidade inigualável.Por outro lado seu país te espera. Essa cidade feiosa onde voce nasceu terá prá voce o gosto do retorno. Sua casa, sua familia e seus amigos. Esteja certa Marilia--- voltar tambem é bom.
Te esperamos com carinho.
Beijo da MOOOOOMY

segunda-feira, 13 de abril de 2009

LYON

é dividida por dois rios, linda e cheia de charme. Bem francesa: provinciana, cheia de pequenos cantinhos e com ventinho frio. Na boulangerie quando perguntamos se o pão era sucré ou salé, aquela simpatia básica francesa respondeu: " bah voilá, c' est du pain". Bom, a gente vai aprendendo os códigos devagar.
Minha recepção foi digna de princesa. Mariana comprou uma gama de iogurtes franceses só para me agradar. Depois andamos pelo quartier dela, e por ser páscoa não tinha viva alma na rua, só um silêncio estranho e não menos bonito, para quem vive em SP. Compramos tomates e flores para enfeitar a casa. Até agora a viagem tem sido quase que gastronômica. Ontem quando fomos à campaigne experimentamos 4 tipos de vinho na mesma refeição. O primeiro - branco e seco- para a entrada, outro mais doce, para segunda entrada; o terceiro com o prato principal e o último com os queijos. Foi na campaigne , aliás, que vi pela primeira vez, uma flor de pessegueiro. É uma florzinha branca, grudada no tronco e nos galhos, bem cheirosa. E tem espalhada por todos os lados. Fiquei hipnotizada pela paisagem do campo francês, tá, meio bobo, mas a gente sente essas coisas em viagem, mesmo. Estou lá, quietinha, olhando os cavalos, e os gramados com florzinhas amarelas e, de repente, vem aquele pensamento: "Eu vou morar aqui. Juro que largo tudo : a vila madalena, a vida glamurosa de reporter, o cinema de domingo a noite, a saladinha do la pero, a benedito calixto, meus amigos, tudo, tudo. Vou ficar nessa casa bucólica, com as crianças subindo em árvores, esse cheiro de flor de pessegueiro e essa paz de espirito". E todo esse pensamento fácil e até um pouco infantil, voa longe quando eu lembro que estamos na primavera e, por isso, há cores e vida. Mas que a realidade é outra: faz frio, muito frio e frio durante 8 meses. Tá bom, eu volto pra Vila Madalena, então.
Meu francês está meio enferrujado, mas depois de algumas, muitas tacinhas de vinho, acredito que é minha lingua materna e saio falando sem e menor vergonha.
E quinta ... quinta é dia de Paris.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Sobre Les petits plaisirs


... aí, como eu adoro esse filme porque é o filme mais panda do universo e a Amelie é a masterpanda - apesar de ser francesa e vcs sabem, panda da França é outro lance. Mas como eu dizia, eu fiquei pensando nessa coisa dos “pequenos prazeres”. Cada um tem os seus, alguns são unânimes, outros nascem de lembranças e alguns podem ser considerados excentricidades, esquisitices. Lembro que na Puc, tínhamos um professor bem mala - professor que coloca alunos adultos, em roda, para falar de coisas pessoais ou "rituais" - é mala. Mas aí ouvi a história dos pequenos rituais dos meus colegas de classe e fiquei apavorada. Uma das meninas disse que fazia 4 anos que ela acordava e tomava café da manhã, impreterivelmente, escutando "Welcome to the Jungle", do Guns N' Roses. Ah gente, sabe? Segura um poquinho. Mas enfim, como todo mundo tem seu lado buni e seu lado mini-estrange, resolvi listar aqui meus pequenos prazeres. E queria também saber o de vcs. Hum... o quê? Curiosa, eu? Imagina... são só mumunhas.
Top 10 dos pequenos prazeres à la Amélie by Mazolinha
* O primeiro passo dentro de um aeroporto antes de uma big viagem.
* Banho com velinha acesa.
* Experimentar perfumes em lojas de departamentos.
* Cheirinho de brigadeiro de panela.
* Dormir, dormir e dormir.
* O primeiro cachecol do ano.
* A sensação de conseguir abrir latas, vinhos, e potes - isso é pra quem mora sozinha.
* Andar de bicicleta na praia.
* Morder a bochecha da Teresa.
* Abraço de panda.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Salve João Cabral

--Severino, retirante,
deixe agora que lhe diga:
eu não sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar fora
da ponte e da vida
nem conheço essa resposta,
se quer mesmo que lhe diga
é difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando
ela é esta que vê, severina
mas se responder não pude
à pergunta que fazia,
ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva.
E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida
como a de há pouco, franzina
mesmo quando é a explosão de uma vida severina.

terça-feira, 31 de março de 2009

Então tá, então

"Hola meninas, tudo bem?
Meu nome é Iker Casillas e eu sou o goleiro da seleção da Espanha".
Tá bom pra vocês?
Nata, posso me aboletar na sua casa pra ver o chuchuzinho do Casillas jogar no Camp Nou?
besote a mis trocitos de pan

quinta-feira, 26 de março de 2009

Nunca mais será a mesma

Querida Natalinda,
Estava aqui pensando com meus botões. Paris nunca mais será a mesma. Já pensou a gente lá? Me dá dó de pensar nos franceses com aquela melancolia sartriana, perto da nossa brasilidade nagô, né? Eles andando pelos Jardins de Luxemburgo, fumando loucamente pensando: “ merde! je suis fatigué de survivre”. Enquanto nós cinco vamos estar maluquetes, loucas pra tomar uma tacinha e perambular pelas ruelas do 5 éme. Olha, já avisei o Chico Buarque que a gente vai. Mandei um e-mail, dizendo: “Chiquito, acredita que nós vamos pousar em Paris ? Pode tratar de levar a mulherada para experimentar aquele sorbet de citron que vc adora”. Ele ainda não respondeu, mas certamente vai levar a gente pra conhecer algum cantinho especial.
Mas Nata, me promete uma coisa? Vamos andar de metrô e cantar “Pigalle” ? E atirar pedrinhas no Canal Saint-Martin como Amélie Poulain? E parar para ver algum filme antigo naqueles cineminhas do século passado?
Sabe quem também se empolgou com a ideia? A Juliette Binoche. Menina, ela grudou em mim. Desde que eu fiz uma mini entrevista com ela por conta do ano da França no Brasil, ela não larga do meu pé! Já falei que a gente vai visitar ela, desde que ela conte algum segredo pra gente. Imagina que legal saber algum segredo da Juliette Binoche ? Vou perguntar pra ela se o Jonnhy Deep beija bem. Porque sou humana e mulher e tenho direito de saber isso.Mas até lá, vc me manda notícias da Índia? Me conta dos bicos dos corvos de Chennai e me ensina a fazer aquela dancinha que a Juliana Paes faz na novela?
Lobby so much.
à bientôt,
Mazi

terça-feira, 24 de março de 2009

MONOTEMA: agora é Paris até a viagem

Lês Champs! Que champs? Lês Champs Elysées!
... aí a gente ia adiando os programas turísticos mais óbvios. Optamos por conhecer dois museus diferentes, a passar o dia vagando por ruelas e livrarias da margem esquerda. A margem direita era muito luxuosa, mas muito fria tbm. Faltava gente, cantinhos, coisitas charmosas. Aí depois de alguns meses ali, bateu aquela coisa: ‘ puts, todo esse tempo aqui e nem fomos para margem direita, nem no arco do triunfo!’. Aproveitamos o impulso da culpa turística e o fato de que tinha uma expo interessante no Palácio de La Découverte, no comecinho da Champs Elysées. Fazia um frio glacial e nos debandamos pro lado de lá.
Quando saímos da exposição já estava escuro. Aí euzinha olhei para aquela avenida toda iluminada. Luzes crescentes até chegar ao arco do Triunfo. “Aham, tá, esse é o momento de fingir que vc é a Deneuve”, pensei eu. Aí pintou aquele sentimento que rola em algumas viagens. Alguma coisa - inexplicável - preencheu a Marilita de uma forma inexplicável também. Entramos numa loja chiquérrrrrrrrrrrrrrima de óculos escuros. Cada óculos, a bagatela de uma casa. Mas tudo bem: “hoje eu sou a Catherine Deneuve, vou provar todos”. Provamos todos os tamanhos, cores de lentes e fiz pose de atriz francesa naquele espelhão. Puro luxo na avenida mais visitada do mundo. Lógico que deu uma pane no sistema e no final da noite eu tinha certeza que eu era, SIM, a Deneuve e que eu podia, SIM, gastar 15 euros num bombom inteiro desenhado, feito filigrana. Afinal, euestouemparisepossotudoqueeuqueroeolhaesselugar! Loucura curada com pés cansados e vinho barato da casa - de volta à margem esquerda.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Mais Paris


Gente, não é a coisa mais BUNI ?

Gracias, pela dica, minha florzinha Ralston.

quarta-feira, 18 de março de 2009

terça-feira, 17 de março de 2009

A tal da sustentabilidade

-E o que vc precisa?
-De uma anestesia.
-Geral?
-Não, local mesmo?
-Onde?
-No coração.
-Qual deles?
-O doente.
-O esquerdo?
-Não, aquele ali, murchinho...
-Mas se tá murchinho, pra que anestesiar?
-Pra não sentir dor na remoção.
-Vc vai remover esse coração?
-Mas porque? ele tem tanta história, tanta lembrança, é muita coisa pra tirar daí
-Justamente. Porque agora vem um novinho. Mas limpinho do que fone de ipod novo. Parece que tem uma blindagem, uma membrana à prova de bala
-Ah é?
-E onde vc conseguiu esse?
-Hum. É raro, sabe? Esse eu ganhei, na verdade. Minha vó já tinha encomendado um pra mim.
-Ah pôxa, eu tbm quero um coração novo.
-É... não é pra qualquer um, não.
-Parece que a cirurgia de remoção dói muito. Mais do que parto.
-E daí, eu aguento a dor ?
-Aguenta? Até parece. Não existe dor maior do que abrir mão de um coraçãozinho marcado.
-Sério?
-É o que dizem por aí...
-Puxa... também queria uma renovação.
-Olha, parece que terapia dói bem menos, e vc aprende a reciclar o coração. E vc sabe, nesse mundo sustentável de hoje, não é bom desperdiçar coração por aí...

Paris

Quando fomos para Paris, já estava cansada de viajar. Cansada no bom sentido, claro. Já tínhamos completado 8 meses longe do Brasil, com mochila nas costas, calças rasgadas de tanto andar, a unha sem fazer, o cabelo sem cortar, alguns (bons) quilos acima do peso e uma saudade difícil de encaixar na rotina. Enfim, cansadas. Mas Paris não perdoou. Com carrosséis e os 140 tipos de queijo. Por mais que eu tentasse ficar em casa, não deu. E foram alguns meses assim - sem parar. Porque a cidade não termina. Eu mesminha - com todas as minhas neuroses de ‘tenho que aproveitar até a última gota’- não consegui fazer tudo que eu queria. Porque é muito gostinho de tarte au citron. 2 séculos para erguer a Notre Dame e o Le Monde estampando notícias das atrocidades mundiais. A rasgação de seda é tanta, que fica difícil não cair nos lugares comuns. Mas cada um tem a sua Paris. A minha é incrível: tem cheiro de pão, livraria da TASCHEN, pés cansados e um ar inebriante de vinho. Uma certa melancolia, talvez. O frio e o fio de sol naquele rio. As histórias são inúmeras: que Hitler não teve coragem de bombardear a cidade porque estupefacto com a beleza construída ; que Picasso e Modigliani já saíram na mão pelas ruas de montmartre; que o FRANCISCO Buarque de Hollanda mora ali, na île de Santi Louis e adora tomar café no de Flore. E maio de 68 e o romance todo atrapalhado e interessante de Sarte com a Beauvoir. Não tem fim. E só porque eu vou dar um pulinho lá e porque quero que minhas férias comecem antes... é aqui mesmo pessoal.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Rapidinhas do final de semana

1- Rodrigo Amarante é sexy.
2- “Móveis Coloniais de Acaju são o Beirut brasileiro” - frase do primo que diz tudo. Melhor show.
3- Amigos antigos ás vezes são chatos.
4 - “Wagner Moura não é fofo, é poderoso” - frase da Nilds que resume a dançadinha que levou a mulherada à loucura no show no sábado.
5- Roberto Bolaño rocks.
6 - Sobrinha bochechuda é algo que todo mundo merece ter.
7 - Revelação atrasada: tecla SAP para assistir filmes românticos no TNT.
8 - 25 mulheres levando um baile em termos de “como se dar bem num relacionamento” de uma Drag Queen muito simpática, em um chá de lingerie. Não, não é ficção, isso aconteceu e foi divertidíssimo.
9 - Ronaldão - não podia ficar de fora, né?

quarta-feira, 4 de março de 2009

Your turn

Vai coração mole. Esquece o vira-lata, canção desnaturada, ressaca de beijo e de perdão. Vai coração mole. Vira essa página, dispensa a camiseta rasgata, os berros chorosos, aquele batom no espelho. Anda, coraçãozinho mole. Aprende uma música doce e coloca no trem da vida todo veneno jorrado de graça. Coração burro, repetitivo. Tritura essas cartas, vai. Muda os filmes e deixa de lado presente por presente. Molenga, esse coração, mesmo. Tira de uma vez esse sapato do armário, o vaso com flores secas, o risco que ficou na parede com o porta retrato quebrado. Coração surdo. Se não pode gritar, limpa logo essa sujeira. Passa tinta verde por cima. Ou azul. Mas é você, coração mole, quem escolhe a cor. Dessa vez, é você.

Mumunhas

É que ele nunca se interessou pelo espetáculo das rupturas. E tem um jeito de quem mantém a fé em uma felicidade. É de uma graça inesgotável, meu querido. Fala manso, doce. Olhos verdes que crescem com a música das risadas que espalha. Ele não é escravo dessa tirania da diversão, porque possui qualidade de riso. E tece, todos os dias, os fios dourados dos meus sonhos.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Aviso aos visitantes anônimos

Neste blog a discussão e divergência de ideias é bem-vinda. Desde que os comentários sejam educados e devidamente assinados. Do contrário a Mazinha “pequena” aqui, vai apagar. Se assinados e assumidos, convenhamos - quem tem coragem de postar, tem que ter, no mínino, a descência de assinar - podemos conversar e fazer desse espaço um debate produtivo. Estamos conversados, meus pequenos covardes?

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Sobre dirigir sem carta

E então era para ser só um fim de semana em Iporanga. Já no final da tarde de domingão, a caminho de Sp, com um amigo que é considerado um ás no volante... Batíamos papo descontraído, ao som de Kaya na gandaia, coisa e tal...
Chapter I - a batida policial
-- Mas nada nunca aconteceu comigo sem carta de motorista, Marilia. Esse país é impunidade pura.
-- Eu sei, PP. Mas sei lá né?
Cinco minutos e um farol vermelho furado depois...
-- Ai Mazola, a polícia.
Tornando a longa história curta. Ele com a carta vencida em 2005. Eu com a carta vencida em 2007. 2 celulares sem bateria. Nenhum orelhão funcionando decentemente na cidade do Guarujá.
Chapter II - o guincho.
-- Fica aí que eu vou tentar ligar para alguém de algum lugar, me disse o PP.
De repente, enquanto aqueles dois policiais anotam todas as informações do carro... chega um guincho.
-- Será que a senhora pode retirar seus pertences do carro que nós vamos guinchar o veículo- me disse aquele cara fardado.
-- Mas como assim? O Sr. Policial vê que estou aqui esperando e não me diz nada, vai logo chamando um guincho...
Tornando o segundo capitulo curto... quando percebi que de nada adiantava dialogar com aqueles ignorantes sobre o papel público da polícia, sobre a falta de respeito deles comigo, já que eu tbm estava presente no carro e ninguém me informou de nada, eu comecei a chorar. É chorar mesmo... espernear. Olhava para o infinito... chorava, disse chorando que eu precisava trabalhar na segunda, que como eles tinham coragem de fazer aquilo, que era abuuuuusooooo de poder, PORQUE VCS ESTÃO FAZENDO ISSO COMIGO???? Até que o policial André se sensibilizou: " oh D. Marilia, não chora assim que eu fico com peso na consciência. Eu empresto meu celular se vc prometer que vai parar de chorar". Mas a sensibilidade deles não adiantou porque meu carro foi embora com o guincho e o guincheiro, já meio de ladinho e contradizendo os policiais, disse: retirar o carro... só amanhã de manhã. - acho sussa mesmo.
Chapter III - Uma noite no Guarujá
Dizem que o Guarujá já foi a menina dos olhos do litoral paulista. Mas é impossível acreditar. PESADELO. Poluído, perigoso e deprê. Isso sem contar os donos de "pousada" bêbados. Enquanto o PP negociava com o taxista o trâmite do dia seguinte, o dono da 'pousada' me dizia: "é, tenho que tomar umas pra conseguir dormir, entendeu?". Bem legal, mesmo, moço. Agora que eu vou me sentir segura nesse negócio que vc chama de 'pousada'.
Chapter IV - A liberação do carro.
Depois de apelar para o choro algumas vezes e conquistar a simpatia dos guincheiros e guardas do pátio de carros, percebemos que o buraco era muito mais embaixo. Não tava nada sussa, ali. Envolvia procuração, cartório, gente descer de SP para resgatar os dois perdidos num Guarujá sujo...
Bom - se o que não tem solução, solucionado está -Eu e PP ficamos em uma salinha, plantados do lado do orelhão, embaixo de um ventilador durante umas 5 horas. Foram mais ou menos 7 programas do tipo "globo esporte" diferentes, na TV da salinha. Algumas broncas vindas da metrópole: "como vc viaja sem carta e sem celular, Marilia? " e um ou outro alento vindo dos seres humanos que vagavam por ali e viam nossas carinhas desesperadas. Eu, depois de ver 8767565 vezes os mesmos lances do jogo Corinthians e SP, já estava decidindo se o Tulio e o André Dias tinham simulado a falta no jogo de domingo - meninas, olha a que nível de desespero eu cheguei. Já o PP começou até atender o telefone do Guincho com uma precisão e profissionalismo que nossos amigos guincheiros embriagados não tinham.
Chapter V - Ah... a fraternidade
Depois de meu irmão lindo resolver os problemas burocráticos e o Chuchuzinho do irmão do PP ir hasta el Guarujá nos salvar... ainda tivemos que depender da boa vontade daqueles que trabalham no serviço publico - vcs podem imaginar, né? Debaixo de um sol de rachar a moleira e agüentado a grosseria alheia. Mas conseguimos resolver o imbróglio.
Novela terminada, Luiz Melodia no carro e um silêncio de quem não tinha energia pra falar mais nada, chegamos em SP, as 4 da tarde.
Isso é para aprender a lição, viu crianças?
Ps: Beijo especial no Fe, meu irmão lindo que ajudou a gente com boa vontade e rapidez e no PP por me agüentar em momentos de mulherice e histeriquice aguda.