terça-feira, 30 de setembro de 2008

... vai ver que a gente sempre foi um pouco parecido. Os dois. Dados a desfrutar da vida, a aproveitar cada nota musical, bater palmas e fazer passinhos improvisados. É, vai ver que foi esse jeito de improvisar a alegria vida. Os dois. Sei lá, talvez um tivesse que ser mais contido, menos apto a saborear as coisas. Alguém teria que ser mais introspectivo, calmo. Sabe aquela história de que em um casal, tem que existir um equilibrio? Sempre tem um bobo feliz e o outro rabugentinho. A gente é fruta do mesmo pé. Duas mangas doces, penduradas em galhos finos. Eu canto e você canta mais alto. Se eu viajo para fugir, você vai ainda mais longe- horizonte sem fim. É que os dois gostam de cachoeira, de sorrir sem limites. É. Vai ver que esse jeito de grudar uma gelatina colorida para dar um arzinho vermelho na luz... estraga tudo. Faltou alguém pra dizer que as vezes não é hora de sair, de chorar alto ou de experimentar doce-de-leite. Os dois. Sempre queridos por todo mundo. Abertos, solidários, carinhosos... não teria jeito. Ora, tem que existir alguém de mal-humor, que segura a onda do outro.Nós dois. Lado a lado no mesmo compasso, mesma batida e canção. Afinal, quem ia mostrar pra gente que a vida é dar conta das coisas ruins? Que não dá pra remendar sentimentos porque isso não é bossa, é coisa séria. "you´re gonna rule the world, don´t you know?". É muito gosto pelos sentidos, muito bliss espalhado em pistas de danças sujas e mesas de bar inebriantes.
Agora depois disso tudo, me diz: como é que eu encaixo você na minha vida? Se eu não posso cantar juntinho aquele dueto do Chico e da Gal ? "Vamos pra Bahia, dengo. Vamos ver o sol nascer, vamos sair na bateria, deixe de chilique, deixe de siricutico". Se eu tenho que te olhar de longe e perceber que a gente tá no mesmo lugar, com os dois pés fincados na lua .... e mesmo assim não dá pra ficar perto - porque a terra é nossa vizinha. Como eu encaixo você na minha vida agora, se eu não posso te falar manso... mumunhas. Como continuar os dois no mesmo galho se a gente não pode dividir o mesmo vento?

segunda-feira, 29 de setembro de 2008
















Querida Natalinda,
Estou morta de saudades. Do tipo que dói no coração. E parece que não sou só eu. Esse final de semana fui encumbida de ir cobrir o Dave Matthews - é aquele mesmo... “crash” - plantar árvores na Av. Nove de Julho. Eu já tava toda pronta pro show dele a noite, um festival sustentável lá na Chácara do Jockey, com vários artistas. Mas lá foi a Marilinha, nani-repórter, plantar árvores. Ele chegou sozinho, fez graça, cheio de brincadeirinhas, plantou e partiu pra entrevistinha. “Gente, que homem grande”, pensei eu. Meio nervosinha. Nata, o que se pergunta para o Dave Matthews ? Ainda mais quando a pauta é uma coisa tão óbvia quando sustentabilidade e meio ambiente. Mas ele, todo galenteador fez de tudo para me deixar beeeeeeeeeeeeeeeem a vontade. A começar, por falar de vc, é claro. “Well, I came here hoping that I could find a beautiful actress I met in Barcelona”. Eu fiz uma carinha bem panda e falei “Oh... Nataly? She is in India”. Obviamente ele riu, me perguntou sem parar o que vc estava fazendo aí, se estava sozinha, acompanhada, etc. Depois me contou que vocês se conheceram em um show que ele fez em San Sebastian. Você estava fazendo matéria para um site espanhol. “ I look at her and just felt nice”. Não me contive, sei que nessas horas a gente tem que ser discreta, mas não rolou. Comecei a me abrir para o Dave. Disse que estava morrendo de saudade e meu olho encheu de lágrimas... ele, homem -grande, se sensibilizou e me abraçou e abraçou e abraçou... até que quase não me deixou embora! Antes de entrar na van me miró en los ojos e disse: “ See you next time”. Depois disso, foi só magia lá no gramadão do Jockey. Ele arrasou no palco fazendo passinhos com os pés e falando português. Eu fiquei ali pertinho, mas quando vi que o céu tava abrindo e que a primavera chegou... te mandei uma mensagem telepática. Vc recebeu?

;)

Beijo com amor da Mazi.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Lá de casa

Eles são casados há 39 anos. Segundo minha mãe conta ( meu pai nega), eles estavam terminados fazia um ano quando meu pai apareceu com o melhor amigo na casa dela: “Ele não teve coragem de ir sozinho né, Marilia?”. Convidou a minha mãe para passar o reveillón em Santos. Ela fez charme e disse que só ia com aliança de noivado no dedo. Ele acatou e assim foi. O resto é aquela história básica: 3 filhos, uma casa na praia e 400 viagens para todos os cantos. Eles se cutucam o tempo todo : ela apressa ele porque fica pronta 40 minutos antes de sair para o concerto. Ele, ainda sentado no computador, nem tomou banho 15 minutos antes do espetáculo começar e se irrita quando ela fala lá da sala: “já to prontaaaa!!”. Ela palpita nos caminhos que ele faz e, em contrapartirda, ele não assume quando está completamente perdido. Os dois assistem filmes na TV. Ela dorme... e pede pra ele contar tudo que aconteceu. E ele paciente, conta. Ela, a palestina. Ele, israel. Se chamam pelos diminutivos e comem chocolate a noite. Ela gosta de comprar muiiiiiitas besteirinhas - caderninho, brinquinho, caixinha, remedinho, medalinha. Ele compra pouco mas só coisas de valor - obras de arte, jóia e filmes antigos. Meu pãpi e minha momi. Ela só no lirismo - lê Clarice Lispector e ouve Edith Piaf. Ele é mais menino - lê livros da história da segunda guerra, Borges e se emociona com os clássicos. “ Ai, eu não gosto da Marisa Monte” ela diz enciumada. “ Eu acho ela uma diva” - ele, com ar de admiração. Mas os dois se sacodem juntos quando toca Chico: “ tinha cá pra mim que agora sim eu vivia enfim, um grande amor... mentira”. Ela reclama do trânsito e ele segura na mão dela pra acalmar. “ Isaaquinho, me leva no Juquehy pra tomar um café expresso?”, “ Isaaquinho, escala aquela árvore e pega aquela flor amarela?”; “Aninha, a mala não cabe aí né? Vc não tem noção de espaço”, “Aninha, lógico que a comida vai dar, são 8 pessoas e não 40”. Ela tem toda a paciência com a neurose de Woody Allen dele: “Eita cabecinha complicada, essa do seu pai”. Ele agüenta a incoerência e mineirice dela: “Repara só na mamãe como fica atrapalhada quando tem que decidir alguma coisa”. Mas eles mimam um ao outro, se aceitam e tiram sarro um do outro o tempo todo. São 39 anos - convenhamos- uma mega lição de amor.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Santacruzetes


Ok. então juntamos as 12 meninas do Santa-Cruz e nos inscrevemos na festa dos esportes de ex-alunos. O pretexto? Nada além de uma divertida partida de futebol. Futebol? É... o aquele jogo que todo mundo acha interessantésimo. Com direto a camisatinha baby-look, logomarca, grito de guerra e muita risada. A Flávia, única que tem algum conhecimento da pelota, disse atenta: “Meninas não cruzem a bola na frente do nosso gol, ok?”. Eu tentei seguir o conselho, mas minha atuação em campo durou uns 8 minutos e me rendeu um ralado no joelho e um semi strip-tease involuntário. Mas fala aí, festa de esportes de ex-alunos do colégio tem que tem algum mico senão não tem graça, né? O meu foi até pequeno comparado ao mico dos outros, os ex-alunos com a familia completa, comendo espetinho e bebendo cerveja. Mas a verdade é que andar naquele jardim e olhar pros janelões cheios de beija-flor, me deu a sensação de que nenhum tempo passou. Parece ontem o dia em que as minhas preocupações era tirar C de química e trocar doçuras no intervalo com cheiro de bala de maça verde. Tudo do bem. Nani nostalgia fechada com um chopp delícia no Senzala com a prima, gente do Santa e memórias mil. Mas futebol... nunca mais.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre
Muito pouco sangue
Mas seu coração
Balança um samba de tamborim
Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores
Ele põe os olhos grandes
Sobre mim...

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Conversas de Mercearia I

- Marilia, mas desde que eu te vi sentada lá na outra ponta da mesa, senti que eu tinha que falar com vc. ( olhar assustadoramente sedutor)
- É mesmo ? (cara de espanto)
- É, mas então me conta um pouco de vc, como vc é?
- Eu... eu sou assim: amo Chico Buarque, brigadeiro e brincos bonitos.
- Sei. No mínimo é corinthiana?
- Não. Quer dizer... agora sou. Ah sei lá. Mas o que tem a ver o corinthians com brincos e Chico Buarque?
- Ah... tipo, vc curte brigadeiro. Mulher que gosta de brigadeiro é corinthiana.
- Oi? (cara de espanto 2). Ué, não existem são-paulinas que gostam de brigadeiro? 90% das mulheres são chocólotras e logo, tem gosto por brigadeiro, isso não se restringe às poucas que torcem para o corinthians.
- O que eu quis dizer é que se vc gosta de Chico Buarque, brigadeiros e brincos vc é uma pessoa que gosta do popular e, portanto, deve ser corinthiana.
- Popular?
- É. Gosta de coisas fáceis. E não é do tipo que só te agrada uma fruta rara do nordeste.
- Vc tá dizendo que eu sou comum, né?( tom de voz bravo)
- to dizendo que vc é linda.
- (silêncio sem gracinha) Mas afinal, vc é corinthiano?
- Puts. Não. Nem curto futebol.
Querida Natalinda,
Ontem fui junto com a Sonia entrevistar o Babenco. Ele mora em uma casa ali bem pertinho dos meus pais, cheias de obra de arte, tudo de muito bom gosto. Acho que eu tinha um pouco de medo dele, mas óbvio que ele foi meigo. A lareira estava ligada ( tá um frio bizarro aqui, Nata) e ele disse: “ Entrem que aqui está quentinho”. Papo vai e papo vem, ele mostrou um livro que eu fiquei apaixonada, “Sonhos de Fellini”, cheio de textos e desenhos do próprio Fellini, tudo muito maluco, mas lúdico, lindo. Aí falamos de cinema brasileiro e ele disse: “ Sabe que estão fazendo um filme na Índia agora que promete muito?”. A Sonia ficou super curiosa... e ele continuou: “ ... até chamaram uma atriz magnifíca que eu tive a oportunidade de conhecer quando filmei O Passado. Nataly Cabanas. Dizem que ela tinha desistido da carreira, mas eu sabia que no fundo ela tinha talento pra essas coisas, nós diretores, sempre sabemos”. Eu ri meio sem graça e disse logo que era sua amiga: “ Ah... Babenco, eu e a Natalinda somos praticamente irmãs. Ela tá lá toda incrível viajando pela índia, aprendendo muito e se divertindo também”. Ele veio com aquele sotaque argentino e falou todo convicto “ Viu Sonia, essa é uma da nova geração que promete”. Ele ficou tão empolgado que ofereceu até um vinho. O papo tava tão bom que eu quase aceitei. Mas depois achei que não seria conviniente. Falamos de cinema e de ser artista e ele contou que começou a carreira tirando fotos de polaroid pela noite. Aí lembrei daquela nossa foto clássica no Platimbanda quando vc foi pro Rio, lembra? Aperto de saudade. Beijo no coração. Mazi
Ps: quase esqueço de te dizer. Ele disse que te quer no próximo filme. Eu falei que passava o recado desde que pudesse bisbilhotar as fimagens. :)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Tipo blog de moda


Natalinda está na Índia, filmando um longa-metragem. Sim, nós temos amigas que fazem longas-metragem e ainda são só sucesso. Vai dizer, ela não arrasou nesse visual Sári? Enquanto por aqui a gente se contorce de saudade. Natalinda, quero saber dos seus Pá Amb Tomacas da vida e dos tropeços de motoca. Conta tudo, sopra as ternurinhas pro lado de cá vai...

Beijo- azeitona- saudade

Mazi

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Mumunhas

É que você ouve o que eu digo com uma curisidade pura. Quer saber de verdade o que passa pela minha cabecinha. Isso é tão lindo. E raro, eu sei -- quase ninguém tá interessado nas minhas coisas prosaicas.

***
... e então quando fui te resgatar lá longe você disse que não deveria ter aparecido. Porque eu não merecia. Voilá. Mas abraçou e ficou ali, pseudo-resistente.Teve aquele outro dia também, que você me cutucou tanto com alfinetadas ácidas que eu, perdida, perguntei: “Qual é o seu problema?”. E vc me respondeu, olhando pra baixo, envergonhado: “ ciúme, né?” Outras mumunhas mais... Obrigada, sempre. Por me fazer dar risada e por me contagiar com a sua leveza única e deliciosa. Porque adoro que você segura na minha mão sem medo nenhum. E fala mal de Bossa Nova sem a menor vergonha. É impressionante como a gente tem mais cuidade com aquilo que não é nosso. Lá longe a gente escuta, juntos, a pausa da batida no coração. Baião de dois. Obrigada.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008


“Veja você, arco-íris já mudou e cor...” cantam alto, gostam de bala mentos e de se perder em livrarias. Duas moreninhas, filhas de oxum. Uma taurina carinhosa e uma geminiana perdida. Andando a praia da baleia, juntas. Batucada de bamba, cadência bonita do samba. Ninguém leva elas a sério por causa da voz de meninotinhas e as florzinhas no cabelo. Mas tudo bem, elas não se importam, cantam aos berros no carro: “Foi a tesoura do desejo, desejo mesmo de mudar!”. 800 horas de trânsito na Rio Santos e um cochilo bom depois do almoço. Doces as duas são. E agressivas quando pisam no calinho delas: “Que pasó Tami? Vou bater!!!”. E se mexem só no sapatinho. Ás vezes, com lagrimitas en los ojos negros e sempre entedimento mútuo. Uma gosta de Cortázar, a outra de Borges. Ambas se encantam com o poetinha: “ vivo um pouco cansado, cansado da vida”. E põe força na voz, junto com Gal: “Não se assuste pessoa, se eu lhe disser que a vida é boa”. E sopram ternuras terrestres nos ouvidos das pessoas queridas. Gracias por todo Támita de mi corazón.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Frases pescadas da fila do show do Mundo Livre no Studio Sp

- Tipo assim cara, casamento é uma instituição que eu não acredito muito, saca?
- To falando sério: o rock é o melhor antídoto contra o envelhecimento precoce
- Deveria existir uma fila separada só para as pessoas que estão tristes
- Ouw, vai lá com o seu MTB e dá uma carteirada.
- Mano! Quando eu ia imaginar que um dia eu estaria abraçando a ex- mulher do meu ex-marido. Mas a verdade é que eu sempre gostei de vc.
- Sorry but I don´t speak portuguese ( menina saindo do banheiro do boteco do lado do Studio)
- Really? Where are you from?
- Czech Republic.
- Nice. What are you doing in Brazil?
- Shit ( com um sorrisinho europeu)
- Ahhh mas eu não quero ser titular, topo ser o reserva do seu coração ( jornalista conhecido)

Após algumas horas e conversas com desconhecidos depois... tudo se neutralizou com o balanço e o astral da Bebel ouvindo aquele homem cantar: “ Vem cheirar Minha flor”...

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O olhar de Schopenhauer

Eu já fiz o perfil dele, mas não adianta. Ele quer mais: ôoooo menino voraz, esse! Ele quer confete, quer saber que a gente tá com saudade dele. E quem não tem saudade de vc, Schopenhauer? Do seu jeitinho de menino maluquinho e displiscente? Saudade do jeito libriano. Da batida no violão: “Porque fizeste sultão de mim, alegre menina”. Do momento exato disparo da risada roubada. Do mal-humor quando o Palmeiras perde e o suspiro arrependido: “eu não presto mesmo. Não valho um real”. O ar soberbo de quem acha que me conhece: “Ah... você é assim né. Com vc tem que ser não-sei-de-que-jeito. Eu te conheço, sei que vc valoriza x,y,z”. Saudade do jeito de driblar a minha raiva e me fazer rir. Sempre. E vai embora deixando pinçadas no coração. Pronto. Satisfeito? Agora pode me mandar meu presente. Como un pancito de diós.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O dia em que o posto de Chico Buarque ficou abalado

foto: Pedro Abreu
Fui na pré-estréia do filme do Waltinho Moreira Salles "Linha de passe", ontem. Saindo da redação, minha chefe me disse: " eu conheço o Waltinho, vai la se apresenta, diz que eu mandei um beijo e volta com uma aspas dele".Apensar de cansada, pô é uma pauta legal. Chegando lá, estava tudo meio bagunçado, um monte de gente correndo para todos os lados. Me estapiei entre as 400 mil mini-repórteres de sites de celebridades e os 800 fotógrafos brutamontes. Logo vi uma repórter biscazinha. Sempre tem uma né? Ela estava falando a cinco centrímetros da boca dele e eu pensei: “gente, que coisa baixa, que menina vulgar”. E continuei na minha luta para chegar ao meu objetivo. Até que ele, o Waltinho - vulgo APOLO, viu que eu quase morri esmagada e me resgatou ali no meio. Caras, prestem atenção: ele pegou a minha mão e me puxou. Como um príncipe que salva uma princesa da areia movediça. Já imaginei contando para as minhas amiga: “He took me out from misery.” Mas calma, a coisa não parou por aí não... Ele me olhou e disse: “ufa né?” , abriu aquele sorriso indecente e deu um beijinho na bochecha. Repito: ganhei uma bitoca do Waltinho. E durante meus minutos de mini -entrevista em busca de aspas ele ficou segurando a minha mão. Agora, me digam, qual era a possibilidade de eu conseguir me concentrar na entrevista, com ele olhando bem pertinho - tá também fiquei a cinco centímetros e ainda por cima segurando minha mão? Fiz uma pergunta - idiota, claro. E enquanto ele respondia, me perdi nos olhinhos pequenos, sentindo a mão dele, completamente inebriada pelo tom de voz.... podia ouvir a trilha sonora do Gustavo Santaola, e pensava: "sim, aceito me casar com vc e ser sua contra-regra pro resto da vida, carregando claquete e fazendo café para a equipe de mil pessoas". Voltando ao planeta terra, ele disse: "Infelizmente, tenho que ir". Sim, ele disse infelizmente -- ou seja, estar no meio do caos segurando a mão de uma mísera repórter descabelada, estava agradável -- e se perdeu no meio da multidão. Eu? fiquei segurando meu bloquinho no maior estilo “foca apaixonada”. Depois dessa, até Chico Buarque ficou com o posto abalado. Vote for Waltinho.
ps: crédito ao e-mail da Luciana Seleme.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Some things never change -- ainda bem.

Chegamos no ponto máximo da amizade. Escolhemos ir para praia, só e somente só, nós três. Mesmo com a previsão de chuva durante todo o final de semana, mesmo tendo que voltar cedo no domingo, mesmo estando cada uma com suas pequenas bandeirinhas da neurose. O ponto máximo - escolher ir para praia com suas amigas para assistir DVD, fofocar, comer chocolate, dar uma choradinha e dormir. Isso, minha gente, é muita intimidade. Foram muitos finais de semana e feriados naquela casa da baleia. 400 meninas empilhadas em camas e bi-camas, conversando até o amanhecer. Sempre atentas aos vizinhos do condomínio e alugando os pais: “Puuuuurfa pai, leva a gente até o sirena, a gente volta cedo, tipo 4 da manhã”. O ritual? Troca -troca de roupas e de expectativas. 499 vezes. Dançando horrores nas pistas da vida, reclamando das desilusões no caminho de volta e analisando uma a vida da outra com propriedade psicanalítica, sempre. Dormir até uma tarde, tomar o pior sol, ficar ultra bronzeada e andar até a barra do Sahy para tomar sorvete. Foram muitos filmes de mulherzinhas e brigadeiros naquele sofá. Flertes na piscina, até a mão ficar enrrugadinha. Sempre nós. Uma segurando a borda do coração da outra, não deixando sair nada fora da ordem. Os primeiros porres, chuvas e mais chuvas. Mandingas e simpatias: calcinhas da cor do amor. Os primeiros piripaques e sempre, sempre o refúgio de nosostras. Na fase do regime, na fase do pé na jaca, na fase do chororô, do vestibular, do descanso. Sempre. E esse final de semana foi assim também. 3 dvds debaixo do cobertor dando risada, com lulinha frita e troca de cremes hidratantes: “o meu é ótimo, já vem com protetor solar”. “ ah... gente, tem que experimentar esse sabonete exfoliante”, “alguém tem um elástico de cabelo para me emprestar ? ”. É muita intimidade. A gente não precisa falar mais nada. Agora, podemos dormir as 11 da noite felizes e contentes. E voltar no domingo de manhã mergulhadas em nostalgia, ouvir as músicas da época de Santa Cruz. Obrigada amadas. Yá lo. Que seria da minha vida sem vcs?

Loirinho

Assim...é o único loiro do meu coração. Posto conquistado com muito afinco e muita fidelidade. De ambos os lados. O Rô é o maior presente que a Puc me deu. Foi uma das primeiras pessoas que eu conheci naquela faculdade maluca e é uma das únicas que permanece até hoje assim, intocável, só com coisas boas. O loirinho é o Ro, o Rodrigo Pipponzi. A gente se respeita e encontra religiosamente um tempo pra bater as agendas lotadas. Completamente DOENTE por futebol, assunto que não acaba nunca para esse torcedor roxinho do Palestra. Artilheiro do campeonato, pega no pé dos meninos pra eles treinarem e não bebe um dia antes de jogo. Eu adoro saber que eu vou convidar e que ele vai, mesmo que tiver compromisso, ele dá um jeito. Coisa de homem. Papo ótimo, sempre com os dois olhinhos verdes bem atentos. Loirinho equilibrado que me puxa para terra quando levanto vôo na minha loucura. Me aguenta nas piores fases, em que eu estou melancólica, chorando as pitangas, me ouve e ri das minhas mazelas. Coisa de homem. Me fala a verdade e sempre me protege porque é assim: um homem de verdade. É o pacote mais saboroso daquela patota: ele, a namorada linda, os jogos no clube e as músicas do Pearl Jam. O doido até me viciou numa. Bem eu, a menina-MPB, me pego insistindo: “Roooooo coloca aquela música pra mim”. O loirinho vai lá e eu saio cantando feliz da vida “It´s ok, it´s okaaaaay”. São trocas de trabalho, viagens juntos, piadas autênticas e um jeito todo peculiar de ser o amigo da curvinha do coração. Amizade que a gente nem questiona porque sabe, por alguma razão irracional, que não tem fim.