segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Mumunhas

Arrefecendo as palavras, afrouxando os nós. Devagarinho a gente vai se libertando um do outro. Aos poucos, toda bobagem que vc me falar, não vai me atingir. Isso é libertador, é triste e é como um mandamento. Aquelas pinçadas no coração se tornam alentos, matéria prima para raiva que toma o lugar da culpa. Esse estranho medo de perder a luzinha, estilhaços das palavras mal colocadas. São passos de tango sem música. Escorregões em ladeiras molhadas. Ser quase sempre, é também um pouco não ser nada. Tudo isso é de uma beleza épica e cansativa. Duas notas acima do tom e dois degraus abaixo do céu.

Aniversário da Megale

Eu também não sei dizer qual foi o momento que a gente passou de colegas de classe "ela é filha do meu oftamologista" à primas de verdade. Mas foi e é muito importante. Hoje e sempre. Eu, quando era pequena, também tinha muito medo de chuva, Re. E pra ser sincera tenho até hoje, quando é muito forte. O barulhão, aquele clarão no céu. Mas com o tempo foi passando e eu até aprendi a ver alguma beleza nessa coisa assustadora. Acho que a gente muda, as vezes. Lembro de tudo, prima. Dos lançamentos com as pandocas. Da gente cantando juntas aos berros no carro: "quero que vc me pegue, me abrace, me beije, me ameeeee...". Quando eu bebinha, capotei na sua cama e vc tirou minhas botas. E quando vc me adota pra passar o final de semana com a sua familia italiana. Os primos, as primas. Lembro da gente deitadas naquela praça em Paraty e de vc indo no eventomaismaladouniverso do meu trabalho. É tão de verdade , tudo isso. Nós duas, depois de assistir sex and the city, tendo ataques de consumismo no shopping Villa Lobos. Todas as vezes que vc segurou a minha mão, e todas que a contra-gosto, vc me deixou segurar a sua. E as nossa briguinhas de ciúme. Não suporto essas suas amigas chatolas e nem os 800 mil casamentos que te impedem de ir pra praia com a gente. Vc tem ciúme das homenagem que eu faço no meu blog-bobo. Eu amo os emitocons que vc tem para cada momento exato e as expressões que vc inventa: "gente, segura um pouquinho" virou mania nacional. Lembro do seu choro quando o valentín fugiu num ataque de adolescente rebelde. E o jeito carinhoso que vc lida com o papas. Só vc entende minhas mumunhas - sabe a melodia delas. E essa coisa que vc irradia, como se fosse um imã, que aproxima pessoas iluminadas. Já reparou quanta gente legal orbita em torno de vc? Caminhadas na praça da bennet, braços pra cima no samba do Municipal. Eu puxando a sua orelha porque vc dá importância pra quem te faz mal. E vc, colorida ganhando abraços do Caetano Veloso.
Eu amo vc, prima.
E te quero na minha vida sempre.
Um beijo cheio de carinho no seu aniversário.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Schopenhauer- o retorno



... e ele está fazendo a maior birra porque não vamos passar o reveillón juntos. Schopenhauer volta a terrinha do samba e do pandeiro no dia 14. Vai chegar daquele jeito, todo Betinho, com o violão debaixo do braço, fazendo chaaaaaaaaaaaaaarme na hora de tocar, e todo mundo vai se derramar em superlativos: “vaaaaaaaaai Betinho, vc toca tão bem”, “eu quero gilberto gil”, “eu quero canto de ossanha”. Betinho Schopenhauer-blanco y negro- esta canción,vai chegar hablando espanholito, querendo atualizar a agendinha. Cervejinha daqui, dedilhado dali. Dorminhoco e carinhoso, o Betinho. E a gente canta junto com ele: No mar...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

é... ela é.

Um pouco sobre Chico Buarque

Instigada pela pergunta da minha amada Ju, fiquei pensando no Francisco. Aliás, eu sempre penso no Francisco. Alías, quem não pensa no Francisco? Ju me pergunta: “Como ele faz isso, Mazi?” fui em busca de respostas - busca inútil, claro. Porque aí a gente começa a fuçar nos versos. E não dá pra explicar, não mesmo.
Porque é assim gente, toda mulher que se preze, sabe que grandes momentos, exigem ele - o único - o Francisco. Tá feliz? Joga o Chicão lá: “Seus filhos erravam cegos pelo continente” e samba na cozinha. Tá na fossa, pas de problem... Chico tem a resposta: “olhos no olhos, quero ver o que vc faz...” Enfim, foi pensando nisso que elaborei a "playlistFranciscoMazi" for all moments, estão todas aí. Não necessariamente nessa ordem. Amo.
- A história de Lilly brown - Essa é para momento de charmito- a música é toda caras e bocas. É para quando vc quer fazer graça pra ele, pro buni que ainda não é nada. A música é puro ombrinhos , sorrindo e dizendo: “ me desmilinguindo toda ao som do blues”.
-Futuros Amantes - Ahhh Francisco. Gente, ele sabe. Essa é para o momento “segura um pouquinho”. Ele consegue acalmar a gente, porque toda mulher é ansiosa, fazer o quê? Até que Francisco chega e fala: "Não se afobe, não/Que nada é pra já/Amores serão sempre amáveis/ Futuros amantes, quiçá".
-Mil perdões -“ te perdôo por fazeres mil perguntas, que em vida que andam juntas, ninguém faz”. Já diria Vovó Arlete - Não erra na mão, filho. Errou na mão, perdeu. Letra dolorida e verdadeira, perfeita pra momentos, que vc quer jogar a culpa pela janela e rodarexuberantemeperderdeti: “te perdôo por te trair”...
- Com açúcar, com afeto - Essa é perfeita pro momento Amélia-master. É quando vc já enfiou o pé na jaca mesmo, tá com o cara que é cafa, tá super no clima: “Só o que eu quero no mundo é dormir e acordar com meu moreno e o resto que se exploda", vc nem liga pra o que as suas amigas te falam e canta, sem um pingo de vergonha na cara: “Quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito criança, pra chorar o meu perdão, qual o quê?” .
- Atrás da porta - ok, fooooooooooooooooooooooooossa pura. Deixa ela ocupar mesmo, canta sozinha, amiga. No carro, em casa, se for a gravação da Elis, então... deixa sair: “E me arrastei e te arranhei. E me agarrei nos teus cabelos/Nos teu peito, teu pijama./Nos teus pés ao pé da cama. Sem carinho, sem coberta. No tapete atrás da porta.Te adorando pelo avesso. Pra mostrar que ainda sou tua”.
-Trocando em miúdos- é isso aê meu filho... vai embora mas deixa o Pixinguinha aqui! Essa é incrível, mas é boa pra enxugar as lagrimitas, minhas queridas, Chico não nos abandona, ó lá:"Eu bato o portão sem fazer alarde/Eu levo a carteira de identidade/Uma saideira, muita saudade/E a leve impressão de que já vou tarde".
-Palavra da Mulher - Ahhhhhhhhhhhh agora, aguenta a louca. Não atiçou? Seduziu, provocou? Agora meu bem, aguenta a mulher apaixonada. É, ela sim... que existe dentro de todas nós, mas a gente abafa, pelo bem estar da civilização, para não paracer uma desiquilibrada... mas quando ela vêm, não há o que segure a doidona:"Vou chegar/A qualquer hora ao meu lugar/E se uma outra pretendia um dia te roubar/Dispensa essa vadia/Eu vou voltar".
-O meu amor- Essa música é incrível. Mas não é para qualquer momento, nem para qualquer amor. Não é tooooodo homem que tem esse appel não. Hum, e o Chico sabe que essa coisa de arrepio, calafrio é para quem entende do assunto. E me respondam, quando a gente esbarra com um desses, quem quer dividir: "O meu amor tem um jeito manso que é só seu/Que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos/Com tantos segredos lindos e indecentes/Depois brinca comigo, ri do meu umbigo/E me crava os dentes"
-Deixa a menina sambar - é né gente. TODO MUNDO sabe o que é isso. Você tá lá, num dia inspirada, louca pra dar umas borboleteadas e de repente o que vc avista no gatinho? O bico, a cara amarrada, a trombinha básica. Gracias Francisco por brigar com eles: “se ficar enrustido, com essa cara de marido a moça é capaz de se arrepender”.
-Joana Francesa-Quem me enfeitiçou/O mar, marée, bateau/Tu as le parfumDe la cachaça e de suor/Geme de preguiça e de calor/Já é madrugada/Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda".
Dispensa comentários, né?

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Gota d´água

Eu adoro essa peça. Por mil motivos. Primeiro porque vi uma montagem maravilhosa. Depois, porque tudo que é inspirado nessas paradas gregas... são a mais pura verdade. Tava já com esse diálogo há um tempo no computador. Como sempre, Natalinda teve uma transmissão de pensamento comigo e me mandou esses dias. Haja estômago e coração pra agüentar esse Francisco. Ele fala de dor, de rejeição e de lira.

Joana diz:
Pois bem, você
Vai escutar as contas que eu vou lhe fazer
Te conheci
Moleque, frouxo, perna bamba
Barba rala, calça, bolso sem fundo.
Não sabia nada de mulher nem de samba
E tinha um puta de um medo de olhar pro mundo.
As marcas de homem, uma a uma Jasão,
Tu tirou todas de mim.
O primeiro prato,
O primeiro aplauso, a primeira inspiração.
A primeira gravata, o primeiro sapato
De duas cores, lembra?
O primeiro cigarro,
A primeira bebedeira, o primeiro filho,
O primeiro violão, o primeiro sarro,
O primeiro refrão, o primeiro estribilho
Te dei cada sinal do meu temperamento,
Te dei matéria pro teu tutano
E mesmo nessa ambição, neste momento,
Se volta contra mim, eu te dei, por engano.
Fui eu Jasão, você não se encontrou na rua
Você andava tonto quando te encontrei
Fabriquei energia que não era tua
Pra iluminar uma estrada que eu te apontei
E foi assim que eu vi nascer do nada
Uma alma ansiosa, faminta, boliçosa
Uma alma de homem.
Equanto eu, enciumada.
Dessa explosão, ao mesmo tempo, eu vaidosa,
Orgulhosa de ti Jasão, era feliz.
Eu era feliz, Jasão, feliz e iludida,
Porque não imaginava
Quando fiz dos meus dez anos uma sobrevida
Pra completar a vida que você não tinha
É que estava disperdiçando meu alento,
Estava vestindo um boneco de farinha
Assim que bateu o primeiro pé de vento,
Assim que despontou um segundo horizonte,
Lá se foi meu homem -- orgulho, minha obra
Completa, lá se foi pro acervo do Creonte.

E fala de uma intensidade que destrói qualquer soprinho de sentimento...

Jasão responde:
Você é viagem
Sem volta, Joana.
Agora eu vou te contar
Pra você, sem rancor, sem sacanagem,
Porque é que eu tinha que te abandonar.
Você tem uma ânsia, um apetite
Que me esgota.
Ninguém pode viver
Tendo que se empenhar até o limite
De suas forças: sempre pra fazer
Qualquer coisa.
É no amor, no trabalho,
É na conversa, você me exigia
Inteiro, intenso pra tudo caralho.
Tinha que olhar pro céu pra dar bom dia,
Tinha que incendiar cada abraço.
Tinha que calcular cada pequeno
Detalhe, cada gesto, cada passo,
Que um cafézinho pode ser veneno
E um copo de água, um copo de águarrás.
Só que Joana, a vida também é jogo,
É samba, é piada, é risada, é paz.
Para você não, Joana, você é fogo.
Está sempre atiçando essa fogueira,
Está sempre debruçada na quina da ribanceira
Sempre na véspera do fim do mundo
Pra você não há pausa, nada é lento,
Pra você tudo é hoje, agora ,já
Tudo é tudo, não há esquecimento
Não há descanso, nem a morte não há.
Pra você não existe dia santo.
E cada segundo parece eterno
Foi por isso que eu te amei tanto,
Porque Joana, você é um inferno.

Nossa né, gente? Que amor dolorido, vamo combiná!
:)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Melhor do que reencontrar alguém, é reconhecer. Sabe, sei lá, as vezes vc conhece um pessoa em um contexto estranho que não tem espaço, ainda, para aquele encontro. Aí tempos depois, vcs se reencontram e se reconhecem. Start over again. E aí... aí é uma delícia. Com essas duas irmãs foi assim. Demorou o perfil delas mas veio. Duas mulheronas de parar o trânsito, que entraram de novo na minha vida, num balão colorido - vôo rasante. O melhor é quando a gente percebe o momento exato que fica amiga de alguém. O meu momento com a Clara foi quando depois de ouvir minhas mazelas de mulherzinha num jantar desses de aniversário, ela me viu, cair nos braços do erro - toda mulher tem o seu “erro”, e a Clarinha -embrulha, me mandou um daqueles olhares cúmplices, sabe? Do tipo “vai viver, Má. Depois a gente pensa nas consequências”. Isso foi lindo e é o tipo da coisa que vc não tem com as amigas antigas - só com as “re-conhecidas”. A Maricota também. Foi comingo que ela pegou a estrada pela primeira vez e foi com ela, na Barra do Una, que tomamos uma garrafa de vinho cada uma, sem notar que o passar da noite inteira e o dia amanhecendo. A gente dança Madonna na sala, sorri pra luz da Luciana e divide os mesmos problemas das amigas antigas - isso, gente, só com amiga “re-conhecida”. Mas ela fisgou mesmo, o lugar na curvinha do coração, quando percebeu um momentinho desconfortável pra mim. E, sem dizer nada, foi me dar um abraço. Vcs sabem, abraços certos em momentos certos, para uma panda, é tiro certeiro. Adoro o carinho que as duas têm uma pela outra. E o jeito que elas olham o mundo- sem inveja de nada. Adoro que a Mari me chama de “zó” e entra nas brincadeiras, com muito pra trocar - coisa de amiga “re-conhecida”. Me dá ternura quando eu a Clara cobiçamos mutuamente as bijuterias uma da outra: a gente ainda precisa fazer um escambo de cacarecos - o mundo de objetos de uma amiga “re-conhecida” é infinito e interessante. Adoro que elas são doces na medida certa, sem um pingo de cinismo. E elas sabem... a gente se reconheceu - agora não desgruda mais.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

TERESOCA

Lembro como se fosse hoje, o dia em que eu vi um brilhinho especial nos olhos do meu irmão. Eu estava aboletada do quarto dele,porque queria ver algum desses especiais de adolescente da globo enquanto meus pais liam na sala. O Fe, como sempre, me deixou ficar ali empolgadissima, enquanto ele falava ao telefone. De repente eu flagrei o brilhinho, era inégavel -era bilho de amor. Eu tinha só 12 anos, mas já entendia de lirismo. Quando ele desligou o telefone, deixou escapar um : “conheci uma menina muito legal, Má. Linda e inteligente”. Eu sorri e só fui conhecer a Cacá, na “festa-baile” do meu aniversário de 13 anos. Ela chegou meio tímida, enfrentou a tríade-parada-dura ( 2 cunhadas ciumentas e uma sogra), me trouxe flores e me abraçou por inteiro. Assim começou o namoro que entre indas e vindas, choros e beijos apaixonados durou quase 9 anos. Ela encomendou para ele, num aniversário, uma serenata dos Trovadores Urbanos e mandou um vaso enorme de girassóis. Ele saiu de madrugada só para matar um besouro gigaaaaaaaaaaante na casa dela. A família viveu emoção por emoção: O ano que ela foi para França e o ano depois, em que ele foi para a Itália. A cada despedida, muito choro e expectativas . Ele sempre caxias e justo, ela sempre espontânea e escrachada: “ Seu irmão é muito velho, não gosta de sair”, dizia ela. “ Meu, acredita que a Cacá quer fazer o aniversário dela num karaokê?”, rebatia ele. Sempre juntos, rindo um para o outro, com aquela leveza invejável. Ele - culto e politizado , ela- noveleira e chegada em um sambinha.Ela me contou, alguns anos depois, que eles se conheceram em uma festa da “psico da puc”, quando ela estava meio bebinha, dançando sozinha na pista. Ele diz que ela não estava nada bebinha e que “se apaixonou por mim, logo de cara”. Foi depois de tanto pintar e bordar que eles, no melhor estilo Chico Buarque : “vamos nos casar na igreja, chega de barraco, chega de piti”, jogaram flores para o alto e se acabaram de dançar na pista há 3 anos, numa festa linda de casamento. Ele beijou a aliança dela e disse que era para ela “se comportar direitinho”. Ela claro, recitou uma música do Roberto Carlos e chorou até não poder mais. E hoje, depois de 11 anos juntos, nasceu a coisinha mais fofa e deliciosa da face da terra... a Teresa.
...vai dizer, não coloca qualquer filme de amor no chinelo?
:)
... He rocks

and she knows...

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Panda em dia de fórmula 1

Tem alguns momentos da vida que quem é panda se reconhece e não consegue negar. Se você é uma menina normal, vida tranquila, sem grandes obsessões (tirando chocolate, é claro), e só porque se interessa pelas coisas que em pauta, resove assistir uma corrida de fórmula 1 ... ok, nada demais, vc é normal. Se você estava disposta a assistir a largada e depois ir até a piscina onde estavam os seus amigos: “ouvindo o Robertão e falando de realcionamentos” - ok, você ainda é normal. Mas se no meio do caminho, vc se envolve com a coisa intensamente. Se sensibiliza com o fato de Felipe Massa ter que chegar em primeiro e o outro em sexto e pensa: “mas pô - se ele tá em segundo no campeonato, não basta ganhar ?” e então entre um cochilo e outro ouvindo aquela narração INSUPORTÁVEL do Galvão Bueno, vc decide que vai assitir até o fim, porque afinal de contas, vc é panda e o Felipe Maaaaaaaassa precisa da sua energia -comece a desconfiar. Algo de muito fofo, ocupa seu coração. Se vc chorou quando o Felipe - pessoa que não te despertava, até então, NENHUM sentimento - secou os olhos, bateu no peito e colocou aquele boné - sim, sim, vc é panda. Se você acha aquela mulher do Hamilton - de quinta categoria - não há como negar.
Felipe querido, as pandas estão com vc, tá?
bjobjo