sábado, 31 de maio de 2008

Schopenhauer

O Schopenhauer é maluco. É a melhor definição que eu encontrei pra esse amigo que eu sou viciada. O Schopen é dramático, exagerado e intenso. O Schopen é o Betinho. Um Maluco Beleza, vício que não sai. A gente gruda. São telefonemas quilométricos, dias e dias perambulando pra cima e pra baixo. Horas trocando confissões e pequenas promessas. Ele vira mágico quando pega aquele violão. Completamente atrapalhado. Fala que vai, não aparece e depois se desdobra em mil pra tentar compensar. É insuportavelmente cativante. Minha raiva dele dura 15 minutos. Ele quebra qualquer carranca com carinhos e afetos. O Betinho toca as músicas que eu gosto pra me agradar. A gente gargalha juntos. Por besteirolas, banalidades mesmo. É o jeito dele, que fica fazendo graça, palhaçadas. vício. Ele ocupa espaço, aparece mesmo quando eu não convido. E faz manha. É o ser humano mais manhoso que eu já conheci. Chantigista emocional bem baixo. O mais baixo de todos. Não aceita um não. Eu? Escuto com a maior paciência ele falar detalhe por detalhe das aventuras amorosas dele. Vício. Ele me chama de "pão" e fuma cigarros com a minha mãe na varanda da praia. Ele não gosta de tomar café da manhã e detesta conversar quando acorda. Com ele aprendi a gostar de Lenine e João Bosco. Comigo ele aprendeu que não adianta mentir. Vicio. Ele não larga aquele msn com 400 prospecções. Ele não larga dos irmãos. O Schopenhauer vive indo embora. E voltando também, porque é vício.

Sobre presentes

Os preferidos sempre foram caixas de lápis de cor. Gostava do cheiro. Bonecas sempre. Gostava de usar os sapatos novos e acordar no dia seguinte tendo mil coisinhas para fuçar.
Com o tempo passei a gostar de ganhar batons, roupas e perfumes. Do Boticário. Depois vieram os livros e a paixão pelo Vinicius de Moraes.
Nesse meu aniversário ganhei um poema. O primeiro poema de verdade. Não desses escritos em sala de aula ou em guardanapo de bar.
Ele é um presente.
Querido, me permite colocar aqui ?

adoro.
o jeito que ri, o jeito que abraça.
gosto de como mexe o cabelo
que é dar cor dos olhos, se não me engano
gosto das pandices e do pandoquês
do estado permanente de tensão
quando encontra um geminiano
gosto da malícia
e vou continuar gostando por anos afora
feliz aniversário.

Gracias meu panda.
Beijos

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Nasce uma corinthiana*

Deixa eu esclarecer uma coisa: eu sou são-paulina. Mas curiosamente, fui convidada para ir ao Morumbi, pela primeira vez, ontem, por 4 corinthianos. Mamãe fica preocupada. Mas, eu, animada para ver uma manifestação de massas, aceitei.
Eis o pequeno relato e o esclarecimento sobre algumas questões futibolísticas freqüentes.
Pré - jogo -- antes do estádio
A coisa é smooth. O papo é leve, é esperança, cordialidade. Cervejinha na mão e bossa na conversa. No máximo bandeira pra fora do carro e ansiedade para chegar logo.
Coisas que não se deve fazer : tentar negociar o preço do flanelinha 20 minutos antes de começar o jogo. Ou tentar reprimir o sentimento de um corinthiano ansioso. Minhas amigas, aprendam: se você está na chuva, é para se molhar.
Pré - jogo -- no estádio
As primeiras manifestações de agressividade começam a aparecer. Notem: não importa o motivo. Pode ser a fila da tal da cativa, a catraca ou um fulano qualquer que esteja na frente. It doesn´t matter. Começa a borbulhar um tipo de sentimento desconhecido, pra mim, pelo menos. É uma mistura de “eu vou matar quem está me deixando nessa fila” com “se eu perder um minuto do jogo do timão eu vou me matar”. Coisa de Tanatos. Palavrões, muitos, misturados aos gritos de guerra -- um melange só. “Coração” e “merda” nessa hora, estão no mesmo patamar. Coisas que não se deve fazer: entrar em combate, ou furar a fila. Lembrem-se: essas pessoas estão em estado alterado, em polvorosa, por assim dizer... é melhor não cutucar.
Primeiro tempo
Alegria. Todo mundo eufórico e cheio de energia. É assim: quando você chega no campo, pode ir pisando nos bancos . Como assim pisando? É pisando mesmo, você se movimenta por cima das cadeiras. Fica de pé, pula, faz o que quiser. Freedom total. Meus anfitriões foram muito atenciosos. Além de me ajudar na movimentação “intra-bancos”, foram pacientes me explicando as torcidas, ensinando os hinos. Curiosidades: Não existe um relógio bem gradão no estádio, mostrando quanto tempo falta de jogo, sabe? O Planet me explicou que é para os jogadores não “segurarem a bola”. Segurar a bola, pra quem não sabe, é ficar enrolando para o outro time não fazer gol.
Mas tudo muda no fim de um segundo tempo sem gol, eu percebi. Todos os gritos de alegria começam a se tornar uma coisa, digamos assim, meio animal. Meus companheiros ficaram tensos. Meninas, advices: não é hora de consolar... deixem eles vivenciarem isso. É um momento deles, nós somos puras intrusas nesse ambiente.
Intervalo
Apreensivos, eles discutem medidas de técnicas. É melhor não opinar. Euzinha me entreti com o forrozão que estava tocando alto e com um sorvete de chocolate que tava rolando ali na turma.
Segundo tempo
Olha, o segundo tempo é meio traumatizante. É muita tensão, bicho. São olhares apaixonados. O cara do meu lado estava com taciardia. Beijava a medalinha do pescoço, tirava o boné da cabeça, jogava no chão, chingava todo mundo: *%*###, juiz, time do botafogo, torcida do botafogo, técnico do corinthias, jogadores, até Deus tá no páreo do xingamento.
Fim do jogo
AINDA BEM que o corinthians ganhou. Senão eu ia ter que cuidar de 5 emburrados com bicos gigantescos e carrancas inconsoláveis. Lindo mesmo é sair do estádio com todos cantando a mesma música, um “ôôoo” que chega a ser religioso. De arrepiar. Eu aprendi o poder que tem aquela pelota de fútbol, ayer en la cancha.
Glossário:
Gol do corinthians -- abraços, beijos e novenas rezadas. Rojões, gritos e palavrões também, all the time
Gol do time adversário -- choro contido, xingamentos ao léo, silêncios agoniantes e cigarros, muitos.
Pênaltis -- ninguém merece, minha gente. Isso é coisa pra quem curte uma tortura.
Pontos Altos:
A Ola da torcida, a dancinha poropópó e o Herrera, jogador buni argentininho-guerreiro do corinthians.
***
Só sei que hoje acordei com um “louco por ti Corinthians” martelando na minha cabeça. Meninos, isso gruda pra sempre? Quero uma camiseta roxinha e também um botton pra eu colocar na bolsa. Achei linda a manifestação de amor: “Timão é o time do coração”. Isso é coisa mágica? Acho que sim.

* licença poética pro texto ficar mais emocionante, tá?

terça-feira, 27 de maio de 2008

Sobre dividir apartamento

A gente nunca briga. Tampouco se desentende com freqüência. No máximo, alguns silêncios esparsos respeitados mutuamente. Ela é meu chão. Chego em casa e vou direto pro quarto dela, e fico lá, falando sem parar. Ela me escuta com a maior paciência do mundo, todos os detalhes. Sempre apressada, com mil e um compromissos. Sempre cansada, reclamando da falta de sono. A nilds. A gente morre de rir tentando trocar a água do filtro sozinhas. Esquecemos de pagar as contas, nunca conseguimos trocas as lâmpadas, elas queimam e lá vai mais uma luminária pro armário. Mal humor na hora de manobrar o carro que está na frente empedindo a passagem. A gente faz pequenos agrados. Eu compro H2O pra ela e deixo bilhetinhos no espelho do banheiro adiantando as fofocas da noite. Ela me empresta todas as roupas e acessórios. A gente assiste filmes juntas e choramos mágoas dos dias de estafa. Ela usa meu secador e eu a touca de cabelo dela. Revezamos o mercado e a preguiça de levar o carrinho de volta pra garagem. Dividimos bem o peso da responsabilidade e nessa brincadeira de morar juntas, viramos irmãs. Não é porque somos vizinhas de quarto, mas porque habitamos um pedacinho da alma da outra. Ela me entende só pelo olhar. E me resgata em situações de medo. Eu acordo ela, quando percebo que perdeu a hora. E ninguém impõe seu jeito de viver. A gente aprende partilhar as coisas boas e os defeitos também. A gente troca os i-pods só pra variar a trilha sonora do dia de cada uma. Desde sempre. De Camburi à calle Urgell. Estamos lá, “nenas” contentas e solidárias. Para sempre. Madrinhas mútuas. Uma abençoando a felicidade da outra.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Sobre a intensidade

Tenho um amigo que me chamou de intensa um dia desses. Eu não me acho, de maneira alguma, uma pessoa intensa. E ele disse categoricamente que, sim eu era e ponto. Tentei explicar porque não. Intensidade pra mim é navalha na carne. Cobranças sem sentido. Vidas sem suavidade, sem chazinhos e fins de tarde de verão. Unha roída. Pessoas intensas não se contentam e sentir as coisas: tem que explicitá-las. Eu não. Isso me cansa. Intensidade pra mim é amor com gosto de fruta mordida. É quem envolve o mundo inteiro na própria bagunça. Eu não. Confusa ? Posso até ser, mas guardo minha confusão só pra mim. Vai lá... divido com um ou outro infeliz que me escuta. Mas daí a dar piti, estardalhaço, never. Intensidade pra mim é briga. Pegação, jogar defeitos na cara. Eu não. Não sei brigar, sou péssima barraqueira. Intensidade é o excesso. Muita sujeira, muita paixão, muitas palavras e muitos arrependimentos. Intensidade é gente fugáz, que não se apega, não senta e relaxa. Eu não. Meus vínculos são super bem construidinhos. Eu sou muito quadradona pra ser intensa. Minha vida não é uma montanha- russa. Intensidade pra mim é gente volúvel. Vai do fundo do poço à euforia em cinco minutos. Muito ciúme, muita dor e risadas vorazes. É por isso, Papas, que eu não sou intensa. Porque eu gosto de ter pequenos rituais. Gosto de almoçar com família, de ouvir as pessoas contarem de coisinhas especiais que eles descobriram. Gosto de chegar em casa e não precisar falar com 400 pessoas. Sou profunda mas não intensa.Já convencida disso, falei minha teoria para um outro amigo que desbancou todos os argumentos. Não sobrou nadinha pra rebater. Disse ele : “ Ser intensa é amar as coisas que ama da melhor maneira”. Se for isso mesmo, sim eu definitivamente sou uma geminiana intensa.

domingo, 25 de maio de 2008

No topo do coração

* "Paris, Texas" Win Wenders
* "Mensagem à poesia" Vinícius de Moraes
* "New York Movie" Edward Hopper
* "O que será ( A flor da pele)" Chico Buarque
* "La promenade" Marc Chagall
* Bolinhos de chuva da Vovó
* Histórias da mitologia grega
* Dias com temperatura de 28 graus
* "Face of peace" Picasso
* "Um vestido Y un amor" Caetano
* Pôr do sol na Barra do Una
* Água gelada depois de correr
* "Carmen" Carlos Saura
* "Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres" Clarice Lispector
* Último capítulo de novela
* Chocolates da kopenhagen
* "Nós que aqui estamos por vós esperamos" Marcelo Mazagão
* Fazer a unha
* "Samba da benção" Vinicius de Moraes
* Presentinhos
* "Meus ombros suportam o mundo" Drummond
* " O beijo" Rodin
* Passeios de barco
* Zara em liquidação
* Provérbios
* Mafalda Quino
* Caipirinha de frutas do genésio
* Massagem no pé
* "Fragmentos de um discurso amoroso" Roland Barthes
* Banho com vela acesa
* "Samwad" Ivaldo Bertazzo
* "O acossado" Godard
* Hidratação
Outras mumunhas mais... Anteontem quando vc saiu do carro, me disse que eu nasci pra ser feliz. Vc não foi o primeiro a me dizer isso. Mas foi a primeira vez em que eu acreditei. Porque vc é especial. Porque vc me surpeende, pro bem, sempre. Quando eu acho que não vai ser mais possível, vc consegue me fazer pensar: “Quem foi que inventou essa pessoa ?”. Mais uma vez. Estamos nós dois. Rindo. Enciumados. Encorelizados e protegidos pela nossa impossibilidade. Não importa a diferença. Quero a sua receita.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Fashion para leigos

Natalinda,
Ontem fui entrevistar o Tom Ford com a Dóris. Coisa phina, viu? Fui pra dar uma força pra ela no inglês porque ela estava tão nervosa que não conseguia nem falar direito. Homem lindo, elegantérrimo. Levou uma equipe de 10 pessoas só pra deixar tudo do jeito que ele quer: o quarto aromatizado, as toalhas impecáveis, gente servindo canapézinhos durante a entrevista. Aí eu já imaginei um cara afetado e maluco. Mas não Nata, ele é incrivelmente simpático e carismático. E eis que ele me diz, em meio suas declarações evasivas e inteligentes: “Aproveitando a entrevista, vcs conhecem uma menina chamada “Nataly” ? -- com sotaque texano forte. Eu ri baixinho e disse que sim. “Vi ela numa figuração de um filme trash catalão. Me encantó, bella raggazza”. Me falou ele, misturando as 400 linguas que tem fluência. Eu ri mais ainda. Meio nervosa, disse: “ Sabe q´que é Tom? Ela tá na França com la abuelita que es un trocito de pan e com a mãe, família é família né ? ” Ele, cheio de graça respondeu: “definitely”. A entrevista foi rápida, mas antes de apertar a minha mão e me chamar de “sweet girl”, não me deixou esquecer: “quando vc encontrar com ela, diga que a quero na minha próxima campanha”. I won´t forget. Viu Nata? Trata de ir pra Beverly desfilar no tapete vermelho. Eu? vou sempre te aplaudir, amiga.
SAUDAS
Mazi

Não erra

Oxossi é o rei de Keto, filho de Oxalá e Yemanjá. É o Orixá da caça. Diz um mito que Oxossi encontrou Iansã na floresta, sob a forma de um grande elefante, que se transformou em mulher. Casa com ela, tem muitos filhos que são abandonados e criados por Oxum. Astúcia, inteligência e cautela são os atributos de Oxóssi, pois, como revela a sua história, este caçador possui única flecha, por tanto, não pode errar a presa, e jamais erra.

sábado, 17 de maio de 2008

Grande sertão -- será ?

"Diadorim veio para perto de mim, falou coisas de admiração, muito de afeto leal. Ouvi, ouvi, aquilo, copos a fora, mel de melhor. Eu precisava. Tem horas em que penso que a gente carecia, de repente, de acordar de alguma espécie de encanto. As pessoas, e as coisas, não são de verdade! E de que é que , a miúde, a gente adverte incertas saudades? Será que, todos nós, as nossas almas já vendemos?"

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Murillinho

Deixa eu pensar por onde eu começo... palmeirense. Mesmo. De verdade. De discutir isso em qualquer lugar, esquina, guarda-sol. Tem apelido pra todos os torcedores, tem sempre algum argumento na ponta da língua pra convencer que o time dele é o melhor sim e o resto não tá com nada. Teimoso. Eu me atrevi discutir com ele algumas vezes... não tem jeito. Cabeça dura. Passa horas no mesmo assunto até te convencer. Ao vivo, por e-mail ou msn. Eu sempre digo pro Murillinho que ele devia ser advogado. O Murillinho é o Murillo Camarotto. Jornalista sério e entendido das coisas. Me ensina economia: "é assim Mazola, vc tem que entender uma coisa: lei da oferta e procura". Sabe de samba. Sabe de cerveja e sabe apreciar o que é bom. Adora jogar na minha cara que eu sou uma patricinha, que eu sou “fina” e não sei o que mais. Eu nem ligo. Adoro o sorriso dele. O Murillinho é transparente. Transparente mesmo, não consegue esconder nadinha que passa naquela cuca. Quando ele tá chateado, o silêncio domina a mesa. Mas tem ginga pra dançar. É o maior pé-de-valsa daquela família. Ele me mima e me chama de manhosa. Eu dou risada. Ele gosta da música "Formosa" do Vinícius. Eu confio nele. Curioso. Não tem nada que escape a percepção desse danadinho. Jornalista de alma, intuitivo... mesmo que vc negue, ele sabe perceber quando alguma coisa incomoda. Objetivo. Com o Murillinho não tem enrolação, é pra ir então vamos. É pra comprar, então compra. Não tem desculpinha nem meias-vontades. É direto ao ponto. Começar a falar dele é dificil... mas parar é mais.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Inferno Astral

Ok. Tem gente que não acredita em signo e tal. Mas já que eu estou no meu inferno astral me permito fazer algumas observações sobre ser geminiana.
Primeiro esclarecimento: Não somos duas caras. Not at all. Isso se chama INDECISÃO. Quem nunca teve uma dúvida agustiante ? Então, agora pensa viver isso diariamente. É... vê se depois de um tempo vc tbm não começa a repensar suas decisões... AGONIA, minha gente.
Segundo esclarecimento: somos o signo da comunicação, da criatividade e tal. Mas tem hora que a gente gosta de ficar quietinha, tatu-bolinha. Sem idéias mirabolantes e pulinhos felizes. Aí já vêm nos tachando de “inconstantes”. Oras, não é questão de inconstância... é questão de "se permitir" ok ?
Terceiro esclarecimento: somos sigos de ar. Livres e tal. Mas isso não significa que a gente é desapegado, não tá nem aí. Nããããõ... mimitos, presentinhos são muito bem-vindos, obrigada. Ah... agradecer quando a gente faz alguma coisa legal, também cai bem. Agora tem a parte boa desse signo tão divido. Quem é "inconstante" tem um descontinho na hora que dá um cano aqui, acolá. A gente ganha pontos quando começa uma conversa despretensiosa, meio de "beira de estrada" e vira um assunto filosófico e profundo. A gente engana sem querer enganar... isso é perigoso, mas é também muito divertido. Traquinagem.
Olha gente, to no inferno astral, mas to tranquila. O Chico é geminiano, Bob Dylan e Marilyn Monroe. Ok, precisa mais? Já pode passar.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Mario de Andrade

Lirismo: estado afetivo sublime -- vizinho da sublime loucura

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Síndrome do pequeno poder

Dois grandes amigos estão sofrendo nas mãos de chefes malucos. Eu já passei por isso, apesar de hoje ter uma chefe fofíssima, que me ajuda a crescer, tremenda profissional etc... eu tbm já sofri na mão de um carrascão assim. E é péssimo. Faz mal pra auto-estima, é estressante e anti-produtivo. O primeiro dos meus amigos tem de responder a uma meninotinha de 30 anos que acha que entende de todos os assuntos, até aí ok, se chefe não coloca respeito a gente passa por cima mesmo. O problema é que ela não sabe do que fala. Não tem o domínio do assunto, saca?Ela não sabe de muita coisa e definitivamente não sabe gerir pessoas, porque é odiada por toda equipe dela. Ela não é culta, não é inteligente e nem informada, o que pra uma jornalista (editora!) é um problema grave. E além de tudo cai de pau em quem trabalha pra ela. É cheia de fazer brincadeirinhas sarcásticas e de mau gosto. Ele fica mal pô. Isso não se faz, sabe? E eu, panda que sou, tenho vontade de ir lá e falar um montão pra ela. Do tipo: “Minha querida, quem vc pensa que é pra falar assim com os outros? Ainda mais pra quem trabalha pra vc. Que fica aqui pra tirar o seu atraso... sua mãe não te deu educação, não? O outro caso é de uma amiga que trabalha em uma instituição super tradicional. A chefe dela é centralizadora e grossa. Ela basicamente grita. É isso mesmo. A mulher grita. Se descabela, move mares e mundos pra satisfazer pequenos caprichos, trata mal as pessoas e dá carteiradas. Tudo que a gente despreza em um ser -humano. Pitis, chiliques e meias-vontades. Tudo muito anti-profissional. Eu tive um caso assim tbm na minha vida. Um chefe que abusava do um pequeno, bem pequeno mesmo, poder que ele tinha. E eu, triste e super cansada me perguntava : “Porque ele fala assim comigo?”. A verdade, minha gente, é que são pessoas muito pobres de espírito. Não conhecem risos roubados, não têm leveza nenhuma. São pessoas medíocres, voltadas para si próprias e para um coração que fica cada vez mais vazio. Não to defendendo aqui que a gente deve se amar no trabalho, que trabalho é um ambiente de afeto e amor. Não é isso. Mas até pro trabalho fluir melhor vc tem que poder conversar com seu chefe. Levar problemas, discutir questões, tirar dúvidas. Mesmo com hierarquias, é uma parceria, pôxa. E além do mais, vou dizer que esses meus dois amigos, além de tremendos profissionais competentes são pessoas adoráveis e solícitas. E que eu tenho certeza, serão grandes chefes sem cair na velha armadilha: a síndrome do pequeno poder. E tenho dito. Humpf!

sábado, 10 de maio de 2008

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Dia das mães

Ela gosta da música Ruby Tuesday dos Rolling Stones. Me pergunta durante o dia: “Marilia, como eu faço para acessar o youtube?”. Ela não consegue fazer duas coisas ao mesmo tempo, ou fala no telefone ou assite televisão: as duas coisas juntas, jamais. Ela é taurina com ascedente em touro. É sensível a mudanças de temperatura. Detesta o calor, mas ama o sol e as cores do outono. Minha mãe é culta e bem resolvida. Tem dois olhos de jabuticas libanesas. Carrega com ela as “mineirices” herdadas de Aiuruoca. Medo de ladrão, medo de inveja e de cachorro bravo. Ela me liga quando chove forte e se preocupa quando eu estou pela madrugada. Ela ama tango argentino e calendários com fotos de beijo. Me apresentou Clarice Lispector e Albert Camus. Dela, herdei o gosto pela leitura e o cultivo do silêncio. Foi com ela que aprendi a respeitar minhas veredas. Ela é espirituosa e cheia de charme. Minha mãe. Faz carinho nos meus pés quando eu estou triste e quer matar qualquer um que fira o coração da caçula dela. Ela ri dos Casseta e Planeta. É apaixonada pelo Robert Redford. Sabe cantar em francês. Gosta de água de colônia e sapatos chiques. É a minha mamãe. Me aceita chorosa e insuportável na TPM. Ela é carismática e colorida. A Yemanjá da minha vida. Passa água benta na minha testa quando eu estou nervosa. Gosta de ver o Jornal Nacional comendo um chocolatinho. E ai de quem pegar nas coisas dela! É possessiva e reclamona. Mas é minha mamá. Habla comigo en español e tem sonhos dignos de quadros do Chagall. Ela ri de toda e qualquer poesia séria no ar. Não, definitivamente... mãe não é tudo igual.

Carta de Pai

Filha, elogiar é quase sempre cair na vala funda do lugar-comum. Mas, oPaulo bateu forte, como um soco, aqui no peito:
" Fui acabando confuso e autocomplacente.Deixei o futebol por causa do joelho ...
...Não amei com suficiência o espaço e a cor...
Fatigante é o ofício para quem oscila entre ferir e remir...
Viver foi virando dever e entrei aos poucos no vermelho... "
Caí de paixão pelo Mendes Campos! Beijinho na ponta do nariz.
Papi

terça-feira, 6 de maio de 2008

Carta de mãe XIII

Compreendi, perfeitamente, o que você contou sobre vocês.Tive relações que também não floresceram. Culpa de ninguem. Algumas pessoas nos são devolvidas, tempos depois, e com o solo adubado pela vida florescem. Outras desaparecem. O importante é estar aberta e livre para novos vínculos e acreditar e apostar neles. Muitas vezes somos nós que abrimos as estrada e trilhas para chegar ao outro. Outras vezes são os outros. Conselhos???? Acho que nenhum---voce já sabe tudo. Mas....coma um docinho, reveja um filme do Carlitos e lembre-se que voce é jovem, linda e boa. E que a mamãe te ama muchisso. Buenos dias Caperucita!!!!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Né Nata?

" Si no puedes ser el Humphrey Bogart de mi escena ideal, vete por favor y dejat sítio al próximo"

Encontros com XICO BUARK

Já imaginei diversas vezes como seria meu encontro com o Chico Buarque.
Vcs já fizeram esse exercício? É ótimo. Dá pra reconhecer todos os nossos traços de mulher histérica abafados.
Da primeira vez me imaginei na île de Saint Louis, na fila do sorvete. Ele estaria na minha frente e pediria un glace à l'Ananas (abacaxi). "hum... ele está cuidando da saúde ou tem saudade do Brasil", pensaria eu. Euzinha pediria glace au chocolat, porque afinal de contas... se eu estivesse em Paris, definitivamente não estaria de dieta. Então ele abria o Le Monde e de dentro do jornal cairia um bilhetinho de uma garotinha simpática dizendo " meu verso preferido é Tu as le parfum de la cachaça e de suor". Ele sorriria meio tímido, olhando pra baixo e eu sairia de lá satifetérrima.
Depois idealizei um encontro bem menos romântico e chique. Seria na Pizzaria Esperanza, aqui em São Paulo. Chegando ali, ouviria rumores de que o Chico estaria sentado na última mesa comemorando uma vitória do Futebol. Eu ficaria quieta e depois nos cruzaríamos lavando as mãos. E eu diria: "meu verso preferido seu é "Na bagunça do teu coração, meu sangue errou de veia e se perdeu". E ele me contaria sem dó nem piedade, que teria escrito esse verso embriagado numa viagem de avião. Eu sorriria, meio sem graça e levemente desapontada.
Já outra vez, imaginei uma coisa um pouco mais madura. Encontraria o Chico na livraria da Travessa, no Rio. Um pouco perturbada com a presença dele, agarraria, entre outros livros que já estariam na minha mão, um Budapeste. Então, chegaria meio tímida "sorrateira", e pediria que ele autografasse meu livro. Ele, de óculos, sorriria leve, perguntaria meu nome e escreveria algo rápido. Dessas coisas impessoais que escritores rabiscam em livros de leitores babões. Mas em seguida, olharia os livros na minha mão e faria algum comentário do tipo: " Hummm... lendo Hemingway? Não faz bem ler isso na sua idade" e me daria uma piscadinha. E eu não deixaria de lado e diria: Chico, meu verso preferido é : Foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não Se instalou feito um posseiro dentro do meu coração. Ele diria um "obrigado" formal. E eu iria embora aliviada e contente.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Paulo Mendes Campos

O passado é o espaço de cada um. O que aconteceu é uma tarefa cumprida, vida que se obteve de percepções ilusórias, reino tranquilo de emotivos.