terça-feira, 17 de junho de 2008

Mudança de casa III

Com caixas até o último fio de cabelo e sem encontrar nada no meu já antigo apartamento, acho que o mais difícil de jogar fora são as cartas. Desde sempre. Papel e mais papel. Mas não é só papel né? Tem um montão de palavras ali. Difíceis de esquecer. Mesmo que não faça o menor sentido guardar... ah. Não consigo! Cartão de coração, carta de quando fui viajar, de quando eu voltei. Recadinhos adolescentes, confissões, brigas horríveis... cartas gigantescas trocando faíscas e discutindo sentimentos sérios. De gente que eu nunca mais vi e de gente que até hoje me faz feliz. Postais do mundo todo. Carta de quem já morreu de saudades. Hoje tá tudo no computador. Quando muito, a gente recebe uma doçura via SMS. Muito diferente de pegar aquela cartinha que de tanto reler, o envelope até rasgou. Carta de quem foi pra Noruega, de quem tá na Bahia e por lá ficou. Cartinhas com mentiras ? Muitas mentiras. Barracos e declarações de amor overseas. Gratidão e felicitações: feliz aniversário, natal e ano-novo. Não dá pra jogar fora assim... é história. Mumunhas puras.Frases que sueñan como canción. A Ralston: “Peketita põe a mão no coração”, Nataly: “ Sim amiga, é do Penina... eu canto aqui e vc do outro lado da Dutra”; Mamãe: “Essa é a sua viagem mais importante, que seja a mais doce”; Julia: “beijos com amor da sua irmã, Zula”, Pai: “Encontrei a Judy Garland cantando pra você”, Kiru: “ é hora da Mazinha Cinderela”. Ele: “ você com esse jeitinho que não deixa passar nada, princesa”. Dá livro, dá novela ou no mínimo... uma big nostalgia.

Um comentário:

Renata disse...

Nem me fale! Eu tenho uma caixa cheia de cartas. A gente escrevia durante as aulas, as despedidas.
Mas tem cartão de panda!
te amo