quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Caminhão de Mudança

Guardar para sempre.
O sorriso indecifrável. A epígrafe da monografia. As sabotagens baratas, as cantadas falsamente vulgares. “Se quiseres, sou dessas mulheres que só dizem sim”. Guardar a risada da Paula, noites regadas a Santa Isabel em Paraty. Guardar palestra do Alan Pals. Os lirismos chinfrins, as lágrimas com gostinho salgado de adeus. Guardar também as latinhas de cerveja com ar amanhecido, o livro dedicado, os e-mails da mãe. Guardar pra sempre o jeito espirituoso dele, toda a delicadeza e o abraço com gosto de “fly me to the moon”. A vontade de roubar os óculos dele só pra nunca mais olhar ninguém como olha pra mim. Guardar pra sempre a nostalgia da infância, o Tango de Rashevsky, a piada de judeu, o colo de pai. Guardar Antonio Maria “No mais tudo é menor...” e todos Xangôs. E também o cheiro do girassol, flor de laranjeira e o sussurro. Guardar sobretudo aquilo que fala da sua ausência. A consciência de liberdade, os braços abertos da Nata. Guardar o quadro do Chagall em que ele finca os pés no chão e ela voa. O convite pro samba, “se você disser que me tem amor, eu posso me regenerar”, as emoções baratas. O bliss. Guardar o jeito da Nilds entrar em casa – sempre carregada de apetrechos. Também o telefonema do irmão. Guardar o pecado, o segredo, e todo proibido realizado. A mãe Oxum, os brincos, colares e sabonetes. O recado no telefone, as 40 ligações perdidas e a música do Lenine. Pra sempre. A naftalina amorosa, as caixinhas, a capacidade de lembrar, os gritos da Bebel e Guimarães Rosa: “Minha porta é para o nascente”. Os suspiros, rebolados, pés pintados de vermelho pisando na lua do teu coração. E aquela canção que ainda vai existir. Guardar o leve torpor, a intimidade conquistada em noites de delicadeza. Uma mão na cintura e a outra no fundo da alma. Guardar o exercício da paciência, o sorriso do Murillo e a ansiedade de uns. Finais de tarde no Sachinha. As oferendas, charminhos de beira de estrada e a sensibilidade apurada . Guardar para sempre o tchachachá. Textos do Contardo Calligaris, nós duas tentando trocar a água do filtro sozinhas, a bolsa de água quente e o risinho meio cortado do Pedrinho. Os dias seguintes daquelas noites, a maluquice mais doce, o delírio mais manso. O jeito de dizer "peketita" da Carol, Dave Matthews tocando no carro. Luas minguantes, "eu, você nós dois", uma mordida no umbigo. Guardar ainda Chico cantando Mambembe, o samba na casa verde. O dedilhado no violão, o jeito de fazer birra, pra sempre. Bethânia de branco e pés descalços:"Agora tenho mais memória/ Agora tenho o que foi meu". As quatro pulando ondas no Rio de Janeiro, uma garrafa de Boazinha, happy- hours no Portuga, a mestra Gabriela Leite. O entardecer na Paulista, o último chocolate da caixa, Vinícius: " O ciúme é o perfume do amor". Davi falando francês, o cheiro de pleasures, a palavra "eloqüente", aquele jogo do Brasil com pipoca e cerveja e Caetano cantando Tieta. Guardar pra sempre ele me buscando na chuva, a exposição da Tomie, a carta que eu nunca tive coragem de entregar. Os argentinos chamucheros, uma noite em Maresias e o Marquinho carinhoso. Guardar os e-mails da Nata, o olhar enciumado borbulhante dele, a trilha sonora do banho "eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho". Guardar o "loby you", o texto de Tony, as seis horas na estrada, y todos los tamasos totales. Grampinhos de cabelo, Gaufettes e o amendoim do Xingu. Guardar ainda Kiru cantalorando Maddona, a atmosfera da casa nova, o choro com som de cachoeira e o recato no ousado decote. Guardar sobretudo o patuá ,"que dá medo do medo que dá", o gosto de saudade, a vontade de recomeçar e a leveza : "pé em Deus e fé na tábua". Axé.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Fernando Pessoa -- em clima natalino II

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espirito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez com que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.

Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana que é divina
É a minha quotidiana vida de poeta,
E é por que ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre.
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.
A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Idéia é bom


... Ele tinha um tom de voz sereno e intimista. Não era muito alto nem baixo. Usava um óculos e esboçava uma futura carequinha. Tinha um brinquinho na orelha esquerda e parecia ser muito organizado. Nas aulas de música notei que os Cd´s estavam sempre numa caixa e envoltos em papel bolha. Além disso, sempre foi muito exigente com os trabalhos. Perfeccionista, não admitia erros de ortografia e tarefas fora de data.

Numa prova eu pretensiosamente finalizei minha dissertação com uma citação de Guimarães Rosa “Minha porta é para o nascente”. Ele subliminhou e escreveu em vermelho “bonito”. Eu me senti toda bonita. Pelos meus pensamentos, pelas minhas idéias e por ter extraído dele essa frase...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

coisas que eu pensei da conversa de ontem

-- Catchup no lanche é uma delícia. Desde que não tire sabor do lanche.
-- Sobremesa é perigoso.
-- A gente é muito mimado. E tem medo de crescer.
-- Tá na hora de diminuir o ritmo, definitivamente.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Barthes

“ Como ciumento sofro quatro vezes: porque sou ciumento, porque me reprovo de se-lo, porque temo que meu ciume machuque o outro, porque me deixo dominar por uma banalidade: sofro por ser excluído, por ser agressivo, por ser louco e por ser comum”.

Fernando Pessoa -- em clima natalino

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.
Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos a dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.
A mim ensinou-me tudo.

Ensinou-me a olhar para as cousas,
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.
Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam ?

Flor de laranjeira

Me lembra Oxum.
Me lembra Sevilha.
Me lembra tudo que é bom.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Eu vim de lá pequenininha


Alguém me avisou pra pisar nesse chão devagarinho...
A amizade, história de perdões incessantes. Com o passar do tempo perdemos a paciência para a história, já não nos importa perdoar e ser perdoados. Essa aeróbica interior cansa, miúda.

Carta de Mãe X

... você é muito mais sensata que a sua mãe maravilhosa e louquilda. Dá aquela loucura animal quando vejo um dos meus filhotes mal e aí---"Da-lhePorradas"".Muitas porradas. Nem sempre justas mas todas com muita fôrça de mãe. Eu sou assim. Você acha que eu vou melhorar????? Eu acho que não!

domingo, 16 de dezembro de 2007

sábado, 15 de dezembro de 2007

Ines Pedrosa

Tornarvas tua uma graça que era minha, e essa anedota voltava para mim, aumentada, alvitada pelos pontos de humor que tinhas ganho entretanto no coração de alguém, à minha custa.


Eu rezo-te para que me deixer amar ouro com a ternura desempregada que ficou de ti. Para nada. Porque era para nada que eu te queria – para ficar sentado no diamante bruto da tua alma, e descobrir nesse miradouro as luzes residuais da minha vida.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

né?

Pra que a gente se contentar com um pão na chapa se a gente pode ter um "pa amb tomaca", né Nata?
AMO

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Carta da Nata

1) Eu amo a sua mãe. Nem Freud, nem Saramago, nem Dr. Eva, nem Rosely Sayão, nem Coetzee. D. Ana deveria ganhar o Nobel da Sabedoria em todos os sentidos. Uma nova categoria a ser inventada e que sua mãe ganharia de lavada desses abestados e burros.
2) Eu amei falar com vc ontem. Marilinha faz muita falta na minha vida.
3) Instalei o Widget do Estadão no meu computador, assim a gente fica mais pertinho!
4) Mázi, vc participa da produção do país, é verdade! Que orgulho da minha pequena!
5) Descobri que preciso de um novo nome, Nataly, e além do mais com la i griega, me faz pensar que é nome de gente indecisa. Tô fazendo um bolão, se tiver alguma sugestão me avisa. E tbm preciso de um sobrenome.
6) Amo a sua mamis de novo, achar que a vida é uma canção do Tom Jobim, é ótemao. Mãe e filha são cronistas natas. E eu as amo muuuiito!beijocas da Nata

Carta de Mãe IX

Ele é um nenê Marilia e, provavelmente, vai crescer quando todos os amigos já estiverem velhinhos.
Você, ao contrário ,é madura, já participa da produção do país, mora sozinha, sabe controlar seu dinheiro e é dona do seu lindo narizinho!!!!! O Decinho, meu amigo do povão, nunca cresceu. Até hoje é um nenezão, gastou toda a fortuna do pai e passava dias a fio ouvindo jazz e achando que a vida é uma canção do Jobim.Tem gente assim.Não são maus---são mimados e incapazes de saírem de si.
É uma pena porque o tempo passa e eles ficam.É problema deles mesmo. Um beijo da MOOOOOOMY

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Grande sertão -- respiro.

" Não estou contando? Pois minha vida em amizade com Diadorim correu por muito tempo desse jeito. Foi melhorando, foi. Ele gostava, destinado, de mim. E eu -- como é que eu posso explicar ao senhor o poder de amor que eu criei? Minha vida o diga. Se amor? Era aquele latifúndio. Eu ia com ele ate o rio Jordão... Diadorim tomou conta de mim".

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

c´est finis

Coração do tamanho de uma azeitona. Alívio do tamanho do mundo.
9,5. Justo.

Coisas que eu pensei da análise de hoje

-- Ter leveza não significa desencanar das coisas --- siginifca escolher corresponder ou não às expectativas dos outros.
-- Vaidade é uma das piores coisas que um jornalista pode cultivar.
-- É muito importante tomar as rédeas.
-- Tomar uma decisão agressiva, não me faz, AT ALL, uma pessoa agressiva.
-- Ups! Acontece. Sorry baby, but i will never forgive you.
-- hehehe ( nada não -- segredo).

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Carta de Mãe VIII

Ma-menor,
Já passei(e ainda passo as vezes)por períodos idênticos. Como dizia a sábia vovó:-Isso passa! - A gente não nasce sabendo ser feliz e sabendo sofrer. A gente aprende tudo e nosso mestre é oTempo. Isso não significa que a gente fique paralizada. Temos que dar"start", né? A Europa sempre será um sonho mas ele virou realidade prá voce e foi bonito. Nosso"espinho" não é geográfico. Prá onde a gente for ele vai com a gente. Essa alternância de dor e alegria é que é o viver.Você é uma pessoa maravilhosa e eu tenho certeza disso. Dentro da ostra tem uma pérola. Filhinha eu te desejo, de coração, toda a felicidade do mundo. Procure-a, lute por ela, dê a mão prá voce mesma e pé na vida.
Beijo e benção especial da MAAAAAmis

Para cor da borboleta que clama por atencióóón

"... Talvez a mais profunda melancolia do viajante esteja no fato de que a alegria da volta mistura-se sempre alguma coisa mais dificil de se descrever, a ideia de que o que lhe fez tanta falta conseguiu continuar vivendo sem ele, e de que para possui-lo de verdade ele deveria permanecer pra sempre onde esta aquilo que lhe faz falta. Mas, com isso, ele passaria a ser alguem que nao pode ser, aquele que fica sempre em casa. O verdadeiro viajente vive da sua dor, da tensao entre a alegria de reencontrar e a tristeza de deixar novamente; e, ao memo tempo, essa dor eh a propria essencia de sua existencia, ele nao se sente em casa em nenhum lugar. Onde quer que esteja, percorrendo o mundo, ele sofrera sempre de uma carencia, porque eh o ETERNO PEREGRINO ..."

Relendo Diário de viagem


“...Já consigo distinguir certas nuances do nada, todos aqueles barulhos quase inexistentes, o zunir longínquo dos insetos, a lenta batida de asas de um casal de pombos, o vento nos àlamos, os quais todos juntos, formam o silêncio” Cees Nooteboon

Lê mouffe

Meu pai já estava insistindo há algum tempo para conhecermos a Rue de Mouffetard. É lá o mercado das manhãs dominicais. Mas com o frio, é sempre difícil vencer a preguiça e sair logo cedo. Hoje conseguimos. A coisa mais linda! E típica. Todas as Fromageries com seus 184 tipos de queijos a mostra. As boulangeries exalando o pecaminoso odor das baguettes. Filas que davam a volta no quarteirão. E os franceses ali, com seus carrinhos, escolhendo cuidadosamente, os ingredientes pra o almoço de domingo. Movimento, barulho e agitação. E de repente... Vazio. Um silencio ensurdecedor dominou a rua. Subimos até as arenas de Lutece. E mais silencio. Lembrei então que hoje é domingo e que é hora do almoço. Cada um em casa com a sua família. A rua que borda as arenas de Lutèce é cheia de apartamentos lindinhos.

***

Na rua não há viva alma.

***

Maga Mestra

" Eu não passo de uma vírgula na vida. Eu que sou dois pontos. Tu és minha exclamação. "

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

BRIGA DO DIA

Querido,
Fiquei pensando ontem a noite em toda a nossa conversa. Acho que eu não tinha que ter tocado naquela assunto com vc. Ok, tropeços. Acontecem. A gente que vai se conhecendo devagar, aprende -- devagar também -- em que pedrinhas não devemos pisar. Ainda mais porque é muito dificil adivinhar as coisas né? Então eu não sei exatamente o que pode te ofender o te machucar. Mas a gente aprende, não é verdade?
Por isso também eu te mostro as minhas pedrinhas que vc não deve pisar, pra -- repito-- não haver mais tropeços. Eu não gosto de punição e tampouco quando vc não é delicado comigo. Se vc ficar chateado comigo é melhor que me peça pra ficar longe -- eu respeito. Do contrário, querido, não me agrida. Não é drama, não é auê. Não sou uma pessoa de "auês" quando diz respeito aos meus afetos. Aliás, me agride vc falar isso. Eu sou séria. Não sou passinal, eufórica e nem voraz, e portanto, não fico reclamando da vida e chorando pelos cantos. Quando eu tenho uma preocupação ela é minha e legítima. Talvez não seja pra vc, mas é pra mim.
Enfim, sem mais delongas, acho que a gente para de tropeçar quando a gente aprende onde pisar. Isso vale pra mim e pra vc.Te digo uma coisa: não fico colocando o dedo nas suas feridas, nem apontando seus defeitos -- quem tem teto de vidro, amore, não faz isso. Desculpa se te ofendi.

Beijos
Mazi

Querida Nataloka,

Ontem fui entrevistar o Amyr Klink.
O Escritório dele é tudo que a gente imagina. Pedaços de barco, coisas que ele mesmo faz. Acredita que eu cheguei e ele estava regando o jardim? Aí ele me disse assim: "Ué, e a Nataly, não vem? Cadê ela?" E eu: "Ih Amyr, nem me fale... to com tanta saudade dela. Mas vc sabe como é né... ela é sagitariana e tem essa coisa de viajante, um dia quando vc vê : beijotchau, foi embora". Depois da cara de decepção dele, me serviu um café e me disse uma coisa importantíssima. Que detesta espírito aventureiro, porque o termo aventura remete a alguém que vai e que não volta mais. E o melhor de ir, segundo ele, é saber que pode voltar sempre. Eu adorei isso. Achei lindo e verdadeiro. Aí ele me contou que a próxima viagem dele pra Antártida, ele faz questão da nossa presença: " a gente captura a Nataly ali em mallorca e leva ela com a gente". Achei uma idéia magnífica, que tal?
A entrevista correu bem. Só fiquei imaginando nós duas com nosso super senso de "precisão, cálculo e coordenação" :) tentando manejar aquele barco entre as geleiras...
Querida,
beijo no seu coração.
Mazi

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Ah priiima porque a gente é assim mesmo...

A gente é bagunçada, atrapalhada, confusa...
Perde os prazos do TCC, briga, machuca, nunca aprende a dizer NÃO, se relaciona com as pessoas mais malucas.
Mas não nos cansamos te tentar conquistar algo: neles, na gente mesma, no mundo inteiro-- se for possível ( isso é síndrome de quem estudou lá no SC, vc sabe né?).
Agora que tá chegando o final do ano, vale a pena pensar nessas bobagens mesmo. Fazer um banho cheio de ervas cheirosas, deitar a cabeça no travesseiro e saber que vai sonhar a noite inteirinha e pensar quem a gente vai levar pra frente.
Tu tá comigo Re. Nós, a joaninha e toda sorte que 2008 guarda pra gente.
no madness, no crazy things. JUST GETTING HIGHT WITH A LITTLE HELP FROM OUR FRIENDS.
Amigo secreto?
Prima, beijo no cuore, da CRÔ.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

...

então, aí liguei hoje né? Fazer o quê. Só pra sentir que tá tudo bem. Odeio ficar brigada, sabe? Alías, sou péssima de briga. Não suporto barraco, climão e tal. E aí ele foi doce, agiu como se nada tivesse acontecido, como se a gente não tivesse se espetado horrores ontem. Ele foi terno. A pergunta é, quanto tempo dura essa ternura antes que venha outro rompante?
E quando é que a gente aprende que LANCHE é LANCHE e que não vale a pena misturar as bolas?
:)

Rubem Braga


"...Meu bom humor fê-la sorrir. Na hora de sair disse que ia me dizer uma coisa, depois resolveu não dizer. Não insisti. E não a vi mais. Com certeza não a verei mais, e não ficaremos os dois nem decepcionados nem sentimentais, apenas com uma vaga e suave lembrança que um dia se perderá. Pego as pequenas luvas pretas. Têm um ar abandonado e infeliz, como toda luva esquecida pelas mãos..."

Tom Zé matinal


Menina amanhã de manhã quando a gente acordar, a felicidade vai desabar sobre os homens...

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

TCC - parte III

Coquetel

Releitura de “Pequenas Epifanias” de Caio Fernando de Abreu

O Cauê é um doce. Não conseguiu dizer que eu estava bonita então disse assim: “Você está tão bem né? Você soltou o cabelo?”. Sorri. Tem aquele tipo de leveza que é invejável. Coração bom, do tipo que é solidário.Segurou minha bolsa e colocou a mão na minha coxa. Partiu um pedaço de carne, colocou no meu prato e regou com limão “assim fica mais gostoso”. Alimentou-me. Minha alma saiu de lá satisfeita. Olhou pra mim e disse: “Você está um pouquinho bêbada, vou te levar em casa”. Não precisa, mas trouxe. Falou de Chico Buarque como se fosse mulher. Comentou que tem azar no jogo “mas sorte no amor” com um sorrisinho sutil e maroto. Desses que não promete nada, mas já vem embutido o mundo embrulhado em ouro. É queridíssimo pelos amigos, pagou a conta e deu carona pra todos. Cauê quer ter filhos logo “uns 5, se eu pudesse, teria já”. Quando o irmão mais novo pede champagne porque “está com sede”, Cauê dá um tapinha e fala “pega uma coca”, mas acaba dando um golinho.

Ele me deixou com um sorriso genuíno no rosto o dia seguinte inteiro. Quando eram 11 horas me ligou pra saber como eu tinha ido pro trabalho, “fiquei preocupado”. E um silêncio grande tomou conta da linha telefônica. Não conseguia falar nada. É que dentro de mim tinha apenas uma brisa que não podia ser verbalizada. Porque é muito interna, íntima e profunda. Tranquei minhas palavras.

Durante a tarde lembrei de um texto do Caio Fernando de Abreu que fala em pequenas epifanias : “Miudinhas, quase pífias revelações de Deus feito jóias encravadas no dia-a-dia. Era isso – aquela outra vida, inesperadamente misturada a minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania.”
Eu vivi uma pequena epifania porque enxerguei um presente em todo aquele sentimento. Depois veio o súbito medo de perder, de esquecer todos os sentidos que foram colocados a postos naquela noite. E tudo que estava suspirando dentro de mim na manhã do dia seguinte. O medo de simplesmente esse momento, fazer parte da coleção de coisas que foram e que não deixaram nenhuma marca. Sempre fui nostálgica, sobretudo do que não chegou a acontecer. Dos deslumbramentos a haver. Já ele, o Cauê não. Ele é concentrado na felicidade. Tem um sorriso espiral e olhos solares.

E tudo isso nascido de uma noite de coquetel de trabalho...

coisas que eu pensei da conversa de ontem

-- o bom analista é aquele que trata a paixão.
-- comportamento obsessivo independe do objeto.
-- nem todo mundo sente as coisas da mesma maneira que a gente.
-- acho que eu to com bode dele.
-- o mais velho é a pessoa mais especial que eu já conheci na minha vida.
-- saudades da Nilds.

hum... acho que é só.

Ok. Comprovado! O Contardo tá no patamar do Chico.

CONTARDO CALLIGARIS
Ilhas desconhecidas
O amor e a viagem nos fazem descobrir que há algo, em nós, que não conhecíamos até então

... De fato, há mesmo uma relação entre o amor e a verdadeira viagem. Vamos ver qual. De vez em quando, tenho vontade de viajar. O que chamo de viajar não tem muito a ver com viagens de férias. Tampouco significa necessariamente desbravar terras virgens. Encontrei a melhor definição do que é viajar numa maravilhosa e breve fábula de José Saramago, que acaba de ser publicada, "O Conto da Ilha Desconhecida" (Companhia das Letras). O protagonista explica assim seu desejo: "Quero encontrar a ilha desconhecida. Quero saber quem eu sou quando nela estiver". Viajar é isto: deslocar-se para um lugar onde possamos descobrir que há, em nós, algo que não conhecíamos até então. Sem estragar o prazer dos leitores, só direi que, no fim da fábula de Saramago, talvez o protagonista não encontre sua ilha, mas ele encontra uma mulher. A moral da história é incerta, entre duas leituras opostas. Primeira leitura: quem casa não viaja (a não ser de férias); casar-se é desistir de viajar. É o que pensam, com freqüência, homens e mulheres casados. E é também o que os leva, às vezes, a se separarem. Quando achamos que o outro nos impede de viajar, ou seja, que ele nos priva da aventura de descobrir o que poderia haver de diferente em nós, o casal se torna nosso inimigo. Claro, na maioria dos casos, acusamos o casal de uma inércia que é só nossa. Exemplo: anos atrás, na França, um amigo se interessava pelas pessoas que desaparecem sem razão aparente e refazem sua vida alhures, sob outro nome, como se tivessem sido vítimas de uma amnésia repentina. Em todos os casos em que meu amigo conseguira entrevistar esses "desaparecidos", os mesmos constatavam que, depois de seu sumiço, em poucos anos, eles tinham reconstruído uma situação de vida parecida com aquela que tinha motivado sua fuga. Segunda leitura: o protagonista descobre que a mulher ao seu lado é a própria ilha desconhecida que ele procurava e que a verdadeira viagem é o encontro com um outro amado. Faz todo sentido, pois o amor e a viagem, em princípio, têm isto em comum: ambos nos fazem descobrir em nós algo que não estava lá antes. O outro amado nos transforma. Tanto quanto a chegada numa terra incógnita, ele nos revela algo inesperado em nós. Por isso, aliás, o viajante e o amante podem esbarrar em problemas análogos: às vezes, ao sermos transformados pela viagem ou pelo amor, não gostamos do que encontramos, não gostamos dos efeitos em nós do amor ou da viagem. Essa é, em geral, a única razão séria para se separar ou para voltar da viagem. Moral dessa coluna (e talvez da fábula de Saramago): os outros não são nenhum inferno, são uma viagem. Agora, para amar, como para viajar, é preciso ter determinação e coragem.
ccalligari@uol.com.br

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Barthes -- second time of the day -- a foto é contribuição da Maricota

"O discurso amoroso não é desprovido de cálculos: eu raciociono, faço contas, ás vezes, seja para obter determinada satisfação, para evitar determinada mágua, seja para representar interiormente o outro, num movimento de humor, o tesouro de engenhosidades que esbanjo A TROCO DE NADA em seu favor ( ceder, esconder, não magoar, divertir, convencer etc). Mas esses cálculos são apenas impaciências: não há pensamento de um lucro final: o gasto está aberto, ao infinito, a força deriva. sem finalidade ( o objeto amado não é uma finalidade: é um objeto-coisa, não um objeto-final)".

Hilda Hilst

Teus passos somem
Onde começam as armadilhas
Curvo-me sobre a terra que me espia

Ninguém ali. Nem humano, nem feras.
De escuro e terra tua moradia?
Pegadas finas
feitas a fogo e a espinho.
Teu passo queima se me aproximo.
Então me deito sobre rodeiras
Hei de saber o amor à tua maneira.

Me queimo em sonhos, tocando estrelas.

Barthes

Pronto, eis aí o outro anulado sob o amor: dessa anulação tiro um proveito verdadeiro: quando uma ferida acidental me ameaça ( uma idéia de ciúme, por exemplo), eu a recupero na magnificência e na abstração do sentimento apaixonado; deixo de desejar aquilo que, estando ausente, não pode mais me ferir. Entretanto, imediatamente, sofro ao ver o outro ( que amo) assim diminuído, reduzido e como excluído do sentimento que ele suscitou. Me sinto culpado e me reprovo de abandoná-lo . Uma reviravolta se opera: procuro desanulá-la, me obrigo a sofrer novamente.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

... Sin perder la ternura jamás...

BORGES -- gracias Tamasa

A despecho de tu desamor
tu hermosura
prodiga su milagro por el tiempo.
Está en ti la ventura
como la primavera el la hoja nueva.
Ya casi no soy nadie, soy tan sólo
ese anhelo
que se pierde en la tarde.
En ti está la delicia
como está la crueldad en las espadas.

Bebeliiita Hey!

A minha querida Bebel, mais conhecida como " Kill Bell", agora é faixa amarela no Kong Fu.
Toda linda e formosa. Unhas vermelhas e faixa de Oxum amarrada na cintura. Ritual mas sem nunca perder o charme. Uma coisa muito séria. Se ele me encher muito o saco, ela dá um safanão nele, né Bebs?
:)

sábado, 24 de novembro de 2007

Eu não sou um tufão. Eu sou calmaria.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Como manter a calma quando se descobre que o TCC está errado 3 dias antes da Banca

Ok fellows.
Se der caca... temos aqui um manual.
1- Chore -- desabafar faz bem.
2- Ligue pra melhor amiga -- ou espere ela te ligar, mas desabafar é essencial. Xingue, chute o lixo, fale mal do mundo...
3- Faça aqueeeeeela chantagem emocional com o seu orientador -- Ó céus, ó vida e u é?
4- Aí sim, mantenha a calma. Ninguém é mais criança né gente? Ok, deu errado bora solucionar.
5 - Se conforme -- você vai TER que refazer TUDINHO em cinco dias -- um tempo surreal. That´s what life is about ... SE VIRA NOS TRINTA, amor.
6- Depois do estress, trabalho resolvido, amigos de saco cheio da suas reclamações, professores querendo matar vc e querendo matar todo mundo -- chore mais um pouco -- esse choro é FANTÁSTICO!
7- Te pongas guapa e vamos a lá banca -- com classe, graça e sorriso -- como se NADA tivesse acontecido.
8- Seja feliz porque ACABOU!

Nilds, vc é um anjo.
Besoote.

TCC

falta pouco, falta pouco, falta pouco...

Grande sertão -- afinando, please.

"O senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais. Ainda não foram terminadas – mas que elas estão sempre mudando. Afinam e desafinam. Verdade maior. A vida me ensinou. Isso me alegra, montão".

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Um pedacinho do livro de cabeceira pra minha querida que vai viajar...


"... O encanto de um local estrangeiro deriva da simples idéia de novidade e mudança: de encontrar camelos onde na terra natal havia cavalos; de encontrar edifícios sem enfeites onda na terra natal havia colunas. Pode haver, porém um prazer mais profundo: nós podemos valorizar elementos estrangeiros não só porque são novos, mas porque parecem se harmonizar com nossa identidade e com nossos envolvimentos de modo mais fiel do que qualquer outra coisa que nossa terra natal pode oferecer".

Carta de mãe VII

Queridos filhos é bom que saibam que estou gostando muito de ter 64 anos. Criei vocês, levei prá lá e prá cá, aprenderam a nadar, estudaram inglês, foram para acampamentos, viajaram para a Disney, voces são maravilhosos, amorosos, bonitos, enfim agora posso viajar sem me preocupar com quem vai tomar “conta” de vocês, ler livros apenas por prazer, conversar com os amigos queridos , jantar fora só com o papai e ainda, como lucro, vejo vocês sempre e vocês estão sempre como sonhei-- felizes, olhando para os outros, generosos, e mais não posso dizer com medo de inveja. Cruz Credo!!! Inveja mata. Muitos abraços e beijos da mamãe (que ,hoje teve um acesso de saudade e afeto).

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

É mole ?

Ontem ele me disse que eu tenho "muitas faces". "Só duas -- e porque eu sou geminiana" respondi eu. Ele retrucou: "Que nada! Umas cinco". Ah... que petulantezinho esse menino!! Então eu disse: "Imagina, meu bem -- VC QUE NÃO ME ENTENDE MESMO" :) e fui embora feliz. Eu e as minhas 5 faces satisfeitésimas.

ENCADENADAS II - carta da Nata

Má,
Vc descobriu minha querida. Vc é presidiária da ternura, atada aos pequenos amores da armadilha terrestre! Isso dói ás vezes né ? É um privilégio para poucos. Mas acho que são outras "cadenas del alma" que te fazem sentir presa. Sei bem como é isso. Niglicenciar a nossa felicidade em nome dessas pessoas- cadenas. Como bem lembrou a sábia Ana, a gente tem o direito e o dever de ser feliz. Mas aí está o paradoxo: nossa felicidade também está intimamente ligada a essas cadenas que nos faem mal não é mesmo ? E como resolver uma loucura dessas ? Como a gente adquire essa sensatez de que sua mãe fala ? E se só soubermos ser felizes assim, do tipo "encadenadas" ? Isso me preocupa. Esse texto (lindo) do Paulo Mendes Campos não poderia aparecer em melhor hora.
Beijos

ENCADANADAS I -- na visão de Paulo Mendes Campos

...quem jamais negligencia os ritos da amizade; quem guarda, se lhe deram de presente, o isqueiro que não mais funciona; quem coleciona pedras, garrafas e galhos ressequidos; quem passa mais de dez minutos a fazer mágicas para as crianças; quem guarda as cartas do noivado com uma fita; quem sabe construir uma boa fogueira; quem procura decifrar no desenho da madeira o hieróglifo da existência; quem não se acanha de achar o pôr-do-sol uma perfeição; quem se desata em sorriso à visão de uma cascata ; quem leva a sério os transatlânticos que passam; quem visita sozinho os lugares onde já foi feliz ou infeliz; quem de repente liberta os pássaros do viveiro; quem sente pena da pessoa amada e não sabe explicar o motivo; quem julga adivinhar o pensamento do cavalo; todos eles são presidiários da ternura e andarão por toda a parte acorrentados, atados aos pequenos amores da armadilha terrestre.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

POETINHA ...

O RIO

Uma gota de chuva
A mais, e o ventre grávido
Estremeceu, da terra.
Através de antigos
Sedimentos, rochas
Ignoradas, ouro
Carvão, ferro e mármore
Um fio cristalino
Distante milênios
Partiu fragilmente
Sequioso de espaço
Em busca da luz.

Um rio nasceu
Vinicius

sábado, 10 de novembro de 2007

"é uma coisa séria, o sorriso" - TCC Antonio Prata

Em “Promessa” você fala sobre “uma promessa de felicidade”, você não acredita que a gente pode ser feliz?

É a aquela letra do Vinícius que fala “O samba é a tristeza que balança”. “É melhor ser alegre que ser triste”. O Mcdonalds pegou só essa parte da música. A música na verdade é o contrário disso. Sim, é melhor ser alegre que ser triste, mas se você não tiver tristeza você não faz samba bom. A tristeza apresenta uma visão ampla das coisas. A gente criou essa coisa histérica da felicidade hoje em dia. Eu escrevo muito isso na Capricho. Vamos sair dessa histeria. Primeiro lugar tem que tudo estar bem sempre. Essas frases que você lê na rua: “Você já sorriu hoje?” Como assim? Não vou sorrir hoje se eu não quiser sorrir. Não é uma questão muscular. É uma coisa séria, o sorriso. Ele vem quando você está feliz. E se não vier, tudo bem. Não é pra ser feliz sempre. Outra coisa que eu escrevo muito: você não vai conseguir tudo que você quiser. Se você quiser muito uma coisa, ela não vai acontecer. Isso é mentira de sessão da tarde. Você pode querer fazer tudo pra dar certo, você pode ser uma pessoa justa, boa e no final uma pessoa má, chata e burra vai conseguir e você não. Isso é perfeitamente plausível na ordem das coisas. Voltando a histeria... A promessa de felicidade. Não é que eu não acho que a gente possa ser feliz. Eu acho, mas a felicidade ficou uma coisa tão grande, tão obrigatória. Isso é coisa do “Big Brother”. Os caras vão tomar banho e gritam : “uhu”! Vão comer e gritam “uhu”! Vão tomar mate e gritam “uhu”! Não é possível que eles sejam tão felizes tomando um mate. Não é assim, né? Acho que o “Big Brother” teve um grande papel na inflação da alegria e da felicidade. Logo no começo do “Big Brother” eu fui pra praia e as pessoas da casa do lado gritavam o dia inteiro. A felicidade depois do “Big Brother” não basta sentir, você tem que projetar a felicidade até os vizinhos. Entrar no chuveiro e gritar: “uhu”! Tomar Coca-Cola e gritar “uhu”. E isso é uma coisa triste.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Nem vem que não tem - Ines Pedrosa

"Arrumei os amores, é a primeira regra da vida – saber arquivá-los, entendê-los, contá-los, esquecê-los. Mas ninguém nos diz como se sobrevive a um sentimento que não murcha. A amizade só se perde por traição – como a pátria. Num campo de batalha, num terreno de operações. Não há explicações para o desaparecimento do desejo, última e única lição do mais extraordinário amor. Mas quando o amor nasce protegido da erosão do corpo, apenas perfume, contorno, coreografado em redor dos arco-íris dessa animada esperança a que chamamos de alma – porque se esfuma ? Como é que de um dia para outro, a tua voz deixou de me procurar, e eu deixei que a minha vida dispensasse o espelho da tua ?"

Freud - sentimento oceânico - quem já sentiu ?

Esta, diz ele, consiste num sentimento peculiar, que ele mesmo jamais deixou de ter presente em si. Trata-se de um sentimento que ele gostaria de designar como uma sensação de "eternidade", um sentimento de algo ilimitado, sem fronteiras -- "Oceanico", por assim dizer.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Beth e Claudia na voz da Maga Mestra : Clarice

"E era bom. “ Não entender” era tão vasto que ultrapassava qualquer entender- entender era sempre limitado. Mas não-entender não tinha fronteiras e levava ao infinito, ao Deus. Não era um não-entender como um simples espírito. O bom era ter uma inteligência e não entender.Era uma benção estranha como a de ter loucura sem ser doida. Era um desinteresse manso em relação às coisas ditas do intelecto, uma doçura estupidez."

Susto Esplêndido

Ontem quando eu tava saindo do banho eu vi! Pequenina, toda atrapalhadinha... Era uma joaninha na minha cama... linda vermelinha de bolinhas pretas. Uma joaninha mesmo. Não sei como ela entrou em casa. A Re me disse que deve ter sido pela janela, mas eu prefiro acreditar que foi ALGUÉM que colocou ela ali. Só pra me dizer que dias melhores virão. Que vem sorte por aí. E eu acredito.

Grande Sertão - Lembrando pra esquecer


"Mas havendo o que ele querer que só eu soubesse, e que só eu esse nome verdadeiro pronunciasse. Entendi aquele valor. Amizade nossa ele não queria acontecida simples, no comum, sem enlaço. A amizade dele, ele me dava. E amizade é dada com amor. Eu vinha pensando feito toda alegria em brados pede: pensando por prolongar. Como toda alegria, no mesmo momento, abre saudade. Até aquela alegria sem licença, nascida esbarrada. Passarinho cai de voar, mas bate suas asinhas no chão".

Carta de Pai I


Cara Mazinha,como é viver em país que ficou pronto? E o cotidiano, o das pequenas coisas e atitudes, que é quando as diferenças aparecem? Por exemplo,o jeito da moça colocar o prato no restaurante,a maneira de olhar dos homens e das mulheres, o tempo de duração deste olhar,e assim por diante;tudo é levemente diferente,não é? O que tem lhe chamado mais a atenção?
E os argentinos? Nós não sabemos nada deles,não é? Que o metrô de B.Aires é de 1920; que não tinham miséria no século XX,que metade da população do país vive no grande B.Aires; que são orgulhosíssimos (lembra da piada do gato argentino falando no espelho,para si mesmo: -Leooon!); que certos assuntos do país são tabu -no Brasil não há nenhum similar-; por exemplo, há que ter discreção ao se perguntar de Eva Perón,que era uma espécie de mãe da pátria do povo desprotegido,”os descamisados”, como eram chamados; ou sôbre o peronismo, uma linha política nascida com Perón,na década de 40,que era um misto de fascismo com populismo, à la Getulio;que os burgueses de todas as ideologias detestavam Perón;que a ditadura militar foi violentíssima – punham jovens contestadores dentro de sacos e jogavam no mar ,daí que há um enorme contingente de desaparecidos. Em suma,gente muito mais “caliente”:é só comparar o samba com o tango e você vai entender o espírito deles. Ou então , comparar a vida do Pelé, todo certinho, sacaneando dentro da lei e chegando a ministro, com o Maradona, que deu tiros em jornalistas, é drogadaço. Nada mais incorreto politicamente. Mas se existem tabus , um não dá nem para provocar-PELÉ É MUITO MELHOR QUE MARADONA, o que equivale a xingar a mãe deles.

Beijitos,Pâpi.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Carta de mãe VI

Si hija, necessitas algo concreto. Basta de palabras, hay que concretizar su sueño. Habla. Qui lo sá! Besitos y Adios. Hoy vamos al concierto a la noche.
Mamá

A resposta - na verdade é do Peninha

Simmmm amiga é do Peninha!!! Ótima para cantar gritando "mas não tem revolta não, eu só quero que você se encontre, saudade até que é bom, é melhor que caminhar vazio, A esperança é um dom, Que eu tenho em miiiiiiimmmmm, Eu tenho sim".

Ai... "Quando meu mundo era mais mundo" adoro essa frase...
vou baixar no computador prá gente ficar na mesma revolta! Eu canto desse lado da Dutra e você do outro!!
beijocas

Redescobrindo e compartilhando Caetano

Nata, você conhece uma música "de Caê" que chama Sonhos...

Bola da Vez. To viciada.

"Tudo era apenas uma brincadeira e foi crescendo, me absorvendo
e de repente eu me vi assim completamente seu..."

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Leminski



Das coisas

Que fiz a metro

Todos saberão

Quantos quilômetros

São

Aquelas

Em centímetros

Sentimentos mínimos

Ímpetos infinitos

Não.

Ines Pedrosa

"Tomei a amizade como uma versão adulta e vacinada do amor, o que significa que transferi para cada uma dela a artilharia pesada do meu batalhão de afectos. Substituí o príncipe encantado pelo Amigo Maravilhoso, que eras tu. Podias ser meu pai, eras o meu discípulo. Nada poderia nos separar, porque estávamos naturalmente livres das armadilhas do desejo, da via sacra da posse e do sacrifício. Quanta candura. Uma vida inteira desperdiçada em candura – e nem sequer tive tempo para mudar o mundo".

domingo, 4 de novembro de 2007

Nostalgia

... No estacionamento ele a abraçou forte, dançaram “fora do ritmo”, deram risada e, quando ele entrou no carro, ele deixou escapar um “eu te amo” espontâneo. Foi uma das poucas vezes em que ela acreditou. Lembrou também de uma festa em que dançaram juntos “meia lua inteira”. Ele, que era tão econômico nos elogios, disse que a música estava ótima e a festa também. Depois no bar, lhe disse “Não sei o que liga a gente , mas sei que é muito forte” “quero ser seu amigo pra sempre”. Ela entendeu...

sábado, 3 de novembro de 2007

Carta de mãe V

Prá mim, ontem foi um dia especial. O dia de dar o "Grande Sertão: Veredas" para uma filha (o) não é um dia comum. Claro que esse livro não carece de nenhuma dedicatória mas quis colocar uma frase contida nele. Foi muito difícil escolher. Foi bem mais fácil quando dei para o Fernando. Marilia é uma pessoa que tempera muito bem o doce e o amargo, o triste e o alegre. É muito doce, mas é também, uma adulta amadurecida no jornal. Tem só 23 anos e não é corajosa como a Mariana e nem conservadora como o Fernando. É risonha mas é densa. Eu adoro essa minha "pequena" que é bundudinha e toda cheia de curvinhas bem distribuídas em apenas 1,55m.
No fim optei por "Viver é um decuido prosseguido". Ela leva o viver muito a sério.
mama

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Grande Sertão - encaixotando - depois de assistir "O Passado"

"Ao tanto com o esforço meu, em esquecer Diadorim, digo que me dava uma entrante tristeza no geral, um prazo de cansaço. Mas eu não meditava pra trás., não esbarrava. Aquilo era a tristonha travessia, pois então era preciso. Água de rio que arrasta. Dias que durasse, durasse; até meses. Agora, eu não importava. Hoje eu penso, o senhor sabe: acho que o sentir da gente volteia, mas em certos modo, rodando em si mas por regras. O prazer muito vira medo, o medo vira ódio, o ódio vira esses desesperos? -- o desespero é bom que vire a maior tristeza, constante então para o um amor -- quanta saudade ... -- ; aí outra esperança já vem... Mas, a brasinha de tudo, é só o mesmo carvão só. Invenção minha, que tiro por tino".

Diz uma lenda que Oxum passeava na floresta brincando os animais, que são seus amigos, desfilando seu ar coquete e sensual. Foi assim que Ogum - homem rude, bruto e violento - a avistou. Diante da beleza e graça de Oxum, Ogum sentiu que se apaixonava por Oxum e correu para ela. Declarando seu desejando e implorando seu amor. Mas ela só tinha olhos para Xangô, por quem estava enamorada. Assustada com a atitude de Ogum começou a correr pela mata, fugindo de seu pretendente que a seguia de perto. Desesperada se atirou nas água de um rio, cuja corrente a arrastou rapidamente para bem longe de Ogum, mas ameaçava afoga-la. Levada pela correnteza, chegou até a desembocadura, onde encontrou Iemanjá. Compadecida, a senhora mãe das águas a protegeu e presenteou Oxum com aquele rio para ela pudesse viver. Ainda lhe presenteou com corais, jóias e cauris. Assim, Oxum encantou o seu amado Xangô com a sua riqueza e beleza e passou a viver no rio, que hoje leva o seu nome, tornando-se amiga inseparável de Iemanjá.

TCC é tenso

Tá na hora de acabar

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Nataloooooca y la suíte Flamenca

Nata, foi lindo a cia do Gades ontem. O primeiro ato foi o Lorca, Bodas de sangre. Achei só um pouco "ballet" demais, sabe... me hizo falta los tacones. Mas o segundo ato eles chamaram de "amores brujos y la suíte flamenca". E dá-lhe tacones guapa! Até "ole" eles gritaram da platéia. Flamenco bem clássico. Roupas vermelhas, saias rodadas, castalholas. Elas todas lindas. Eles : fortes, viris e sincronizados. Lembrei da minha mãe, com certeza ela fixaria o olho num deles e faria algum daqueles comentários hilários dela. Foi lindo mesmo. Me diz amiga... como dói as coisas pra eles aí né. Será o cheiro de jasmin, ou as mandalas árabes. No sé. O amor então... é uma doooooorrrr. Nada a ver com o nosso sambinha.
Imagina a Yasmin Levy :" Quiero olvidar el aroma de tu corpo, quiero olvidar el sabor de tus labios. Quiero tener, por una vez,una vida feliz.Por eso, me voy..." conversando com o Paulinho da Viola: "O que pode fazerUm coração machucado. Senão cair no chorinho. Bater devagarinho pra não ser notado.E depois de ter chorado. Retirar de mansinho.De todo amor o espinho.Profundamente deixado". Já pensou... que conversa maluca. Ela com aquela dor de quem mistura todas as culturas, de quem é cigana, de quem não tem pátria, é nomade. O outro com aquela esquizofrenia brasileira que chora horrores, mas chora cantando e sambando. Samba é triste né Nata. Mas a gente dança e canta euforicamente. Por isso que eles não entendem a gente! Como é que a gente sofre de um jeito alegre, como a gente sofre com euforia cantando "não sei porque vc se foi, quantas saudades eu sentiiiiiiiii".
É minha querida, por isso que as vezes pensamos "no tengo lugar". Porque a gente tem um pouquinho dos dois né.
Te adoro minha querida. Te quiero muchíssimo.
Besooote.
Mazi

Lorca -- em homenagem ao Gades de ontem

La luz del entendiemiento
Me hace ser muy comedido
Sucia de besos y arena
yo me la llevé al río.
Con el aire se batían
las espadas de los lirios
Me porté como quien soy.
Como un gitano legítimo.
Le regalé un costurero
grande, de raso pajizo,
y no quise enamorarme
porque, teniendo marido,
me dijo que era mozuela
cuando la llebava al río.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Adooooro Leminski

DESCONTRÁRIOS

Mandei a palavra rimar,
Ela não me obedeceu.
Falou em mar, em céu, em rosa
Em grego, em silêncio, em prosa.
Parecia fora de si,
A sílaba silenciosa.

Mandei a frase sonhar,
E ela se foi num labirinto.
Fazer poesia, eu sinto, apenas isso.
Dar ordens a um exército,
Para conquistar um império extinto.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Os pequenos tesouros

... A gente riu durante seis horas. Não falamos de dores. Não falamos de rancores nenhum. Nem de ninguém muito importante. Falamos de memórias, de boas memórias. Ele fez silêncio quando eu disse que queria cochilar, me tranquilizou quando eu comecei a reclamar, colocou música pra eu ouvir e me ligou no dia seguinte pra saber se eu “estava viva”. Não nos desejamos como homem e mulher e no entanto o carinho e respeito é forte. E único. Eu agradeço pela companhia, pelas pequenas certezas que inexplicavelmente inundam alguns momentos.

sábado, 27 de outubro de 2007

Carta de mãe IV

Aspeta figliola. Aspeta. Amores demandam esperas -- um saco! Peró es assi. Amores son melange de lenguas. Amor vero tiene uma lengua solo. Es la lengua del Amore. Dio como es dificele parlare em tantos idiomas.
Mamá te quiere muchissimo.

Beijo Tchau!


Mazelas de ser geminiana

Quem pensa que ser geminiana é fácil está muito enganado. Por definição, somos indecisos e inconstantes. Ok, sei que pra quem convive com nós, isso deve ser péssimo, mas e pra quem vive os conflitos... é muito pior. Tomar uma decisão é um martírio, vira a decisão da vida, entende. A gente pesa, coloca na balança os prós e contras... e nada adianta. Na hora de dormir tum tum tum: o pensamento não vai embora. Mas de uma coisa eu tenho certeza: quando a decisão é tomada, um alívio imenso inunda a cabecinha confusa, e daí meu amigo, é só alegria -- pra quem vive e pra quem convive também.
Beijocas carinhosas a quem tem me aguentado nesse período turbulento.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Nataloka e o manual da não-self-raiva

1- Jamais vamos nos culpar pela fome da humanidade
2- Se não der tempo: ok. Isso acontece com todo mundo
3- Bater o carro tbm é permitido – isso não significa que você é um ser humano desprezível
4- Esquecer o presente de aniversário da aniversariante – dentro das normas. Entrega depois, no dia com certeza ela não vai olhar com a atenção que merece.
5- Ser grossa com parentes – pois é, essa é meio complicada. Mas tá no pacote, a gente não escolhe nascer, função de pai e mãe tbm é agüentar a gente em dias de mal-humor extremo.
6- Enrolar o menino e na hora H pipocar. Ok. Permitido. Quem disse que a gente tem certeza das coisas sempre? Sei lá, hoje eu não quero, mas amanhã posso querer: pra que fechar as portas? A safra não tá tão boa assim, é melhor garantir... E se eu não quiser, tenho todo o direito de pular fora. Cada um cuida da sua frustração.
7- Fazer o trabalho da faculdade de um jeito meia-boca e ainda entregar nos 45 min do segundo tempo. Totalmente compreensível – vai trabalhar, agüentar chefe , transito, namorado, amigas e ainda ter pique pra desenvolver uma super tese sobre “significado e siginificante”. Me poupe. Próxima.
8- Não conseguir mandar presentinhos cheio de carinho pra uma amiga que está em outro país. Maisqueok. Se já é difícil manter uma rotina organizada no nosso país, quem dirá em outro país.

é verdade Bebel...

Tá muito sério esse blog.
Vamos comemorar contratação e alforria.
beijos

Carta de mãe III

Eu tambem,estou de saco cheio mas,quem não está??? Há anos não vou ao cinema esperando o filme sair em DVD prá ver no meu sofá..Fila é um horror absolutamente aceito.Estou nessa de só ver filme B que termina com um beijo .Tiros nem prá matar a amante do marido-- deixa ela... Meu intelecto está cada vez mais raquítico e meu sentimento mais gordinho!!!!! Prá mim, a pessoa sendo calma e tendo bom coração já basta. Fiquei como a minha mãe. Conto nos dedos os amigos que amo, as alegrias que tenho,"o pão nosso de cada dia" e foda-se o resto. Aliás, se você puder, me mande o nome de alguns filmes do tipo “O encantador de cavalos”.Quero morrer vendo o rosto do Redford. Mesmo amassado de rugas!!!!! Abraços cúmplices.
Mama

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Rilke

"Que mais lhe devo dizer? Parece-me que tudo foi acentuado segundo convinha. Afinal de contas, queria apenas sugerir-lhe que se deixasse chegar com discrição e gravidade ao termo de sua evolução. Nada a poderia perturbar mais do que olhar para fora e aguardar de fora respostas a perguntas a que talvez somente seu sentimento mais íntimo possa responder na hora mais silenciosa"

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

... Ensinou-me o que é sobrançaria. “É superar o outro de uma boa maneira”. Acho que eu queria “sobrançar” ele, de alguma maneira. Queria ser mais sensível, mais instigante e misteriosa que ele. Meu desejo de já saber era tão grande quanto o de aprender. Não que eu quisesse ensinar alguma coisa, mas queria poder dividir. Queria que ele me olhasse como uma igual. Mas todas as vezes que eu me enchi de coragem e segurança, ele delicadamente colocou-me no meu lugar de aluna. Como quem estabelece a medida do que é imponderável. Até certo ponto, eu poderia participar, dali em diante, o conhecimento era única e exclusivamente dele. Com um belo esforço e exercício de humildade eu tinha de ficar quieta...

Carta de mãe II

Pois minha filhota, está na hora de soltar as as correntes! Algemas são para pessoas que cometeram crimes.Temos direito e DEVER de ser feliz. Isso não significa ignorar os outros. A felicidade é mais generosa que a dor ou, deveria ser. Lembra daquela norma de segurança dos aviões? Primeiro coloque sua máscara e depois ajude a as outras pessoas a colocarem.Isso não é individualismo-- é sensatez.
Bezitos de Mamá

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

A resposta

Vc só esqueceu uma coisa: “ quero a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida (...) matando a sede com a saliva ser teu pão, ser tua comida” Na verdade essa é do Cazuza ( haja paixão, haja luxúria, haja contradição). E desde quando vc desejar ser a comida do outro, é ter tranqüilidade ???? Tudo que é intenso, que é forte, não é tranquilo. Paixão é fogo, é chama : “ é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer” já diria Camões em mil novecentos e bolinha... e a gente pensa que com a gente não vai acontecer. Mas acontece. E dói. É aflitivo, sempre. Mas não tem nada que não pode ser transformado (amém). A gente tem esse poder, a gente escolhe o jeito de amar. E nosso inconsciente prega peças mesmo: porque será que de repente eu resolvi ser uma menina barraqueira? Porque vc se apaixonou por um menino pseudo-coldplay? Porque alguma coisa lá dentro busca isso! Porque no fundo essa montanha russa de rompantes (acredite) te trás alguma satisfação, e mais: é uma experiência nova, que de alguma maneira te faz sentir viva. Daí, construir uma relação baseada nisso: são outros 500...
Eu acho sim que ele vai fazer tudo certo. Só torço pra que ele saiba amar de um jeito tranqüilo.
Não é que vc não sabe amar em paz. Vc “não está sabendo amar em paz”. Ok. É um moment. Mas vc sabe sim. Não deixa ele te convencer do contrário. Quem não sabe, por enquanto: é ele. Mas tentar descobrir isso juntos pode ser maravilhoso.
Trust you.
O ti.
Ma

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Carta de uma amiga

Deve existir um crônica com esse nome, eu tenho certeza. Se não uma crônica, um conto pelo menos. Se não existe, vou escrevo-la pra mim. Será que eu sou a única pessoa no mundo que tem essa dificuldade? Acho que, sem querer, me contaminei com a sindrome da paixonite... é, aquela mesma, em que a gente só acha que gosta e é gostado, embora essa palavra seja horrível, através de rompantes. Rompantes de amor e de ódio, de desejo e de vontade de abandonar o barco e deixar o trem passar. Eu quero a sorte de um amor tranquilo diria o Caetano..... será?

Tudo isso porque ele veio me dizer que acha que a gente tem que ir viajar. Não sugeri nem trouxe o assunto. Ainda nem ameacei dizendo que ele não vai poder matar um parente pra ir comigo, que as coisas tem que estar resolvidas. Será que ele cogita fazer tudo tão errado ou será que eu não consigo conceber a ideia de ele vai fazer tudo certo? Será que eu vou ter sossego e, o pior, será que eu vou conseguir conviver com ele?

carta de mãe

Hijita de mi corazón.Non te pongas triste, please!!
Je deteste la langue anglaise e les filmes aussi.
Niente sucede.Vai uma moça com sombrinha andando no jardim, depois ela volta de sombrinha porque está chovendo. Alguém a observa da janela e nada fará. Nenhum abraço nenhum beijo.RIEN!!!!Todos tomando chá com cara de "não espero mais nada".
Besitos
Mamá

Freud

Evidentemente, estou falando da modalidade de vida que faz do amor o centro de tudo, que busca toda satisfação em amar e ser amado. (...) O lado fraco dessa técnica de viver é de fácil percepção, pois, do contrário, nenhum ser humano pensaria em abandonar esse caminho da felicidade por qualquer outro. É que nunca nos achamos tão indefesos contra o sofrimento como quando amamos, nunca tão desamparadamente infelizes como quando perdemos o nosso objeto amado ou o seu amor.

Antônio Maria

"No mais, tudo é menor. O socialismo, a astrofísica, a especulação imobiliária, a ioga (...) O homem só tem duas missões importantes: amar e escrever à máquina. Escrever com dois dedos e amar com a vida inteira"

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Carta agora publicada a uma amiga

Amiga querida,

Nosso vínculo é um presente, um encontro mesmo. Pote de ouro atrás do arco-íris.
Juro que eu te entendo com essa coisa da sua amiga. E tudo bem ficar irritada (pacas!) por isso que eu mandei aquele e-mail da Culpa.
Se o Bush invade o Iraque: nossa culpa. A amiga está mal: nossa culpa. Furou o almoço com alguém, ou choveu no feriado que está todo mundo na sua casa... nossa culpa Ah... que coisa né? Ta na hora de "tirar las chancletas" como diriam os argentinos e se desencadenar. Porque vc sabe né amiga? Nós, as encadenas, adoramos uma algeminha: de homem, de amiga, de família...
To meio com preguiça disso agora. Quero mais é sair "destinada" por aí. Não é mesmo?
Querida, eu que to orgulhosa com o seu "processo" (irrita pacas) de desencadenamento. A gente tem mania de ser imediatista. Mas essas coisas são super difíceis,imagina que joãzinho demorou 13 anos !!!! Heheh...
Vc ta bem andorinha, ta feliz, ta livre. O grande desafio é não retroceder. Vc sabe da sua força; da sua GANA de ser feliz. Bora lá!
Beijocas

Echar de menos

“O clima, a obstinação, a condescendência do destino e o isolamento, no sentido primeiro do termo, deixaram algumas regiões da Espanha em seu estado de origem; conseqüentemente, é possível viver um certo tempo na doce ilusão de que o mundo está menos caótico, menos selvagem, menos efêmero de que a imprensa escrita e a mídia gostariam de nos fazer acreditar; na doce ilusão de que existem constantes que, embora provenientes de vidas individuais, se erguem acima dos acasos do destino. Este país é velho, passou por várias guerras e catástrofes, grandes movimentos, crueldade, amargos antagonismos, dentre os quais os mais recentes ocorreram em nosso século. Tantos dramas causaram a morte de pessoas que pensavam que tudo fosse desaparecer junto com elas; e , no entanto, o viajante de hoje encontra paisagens, monumentos, comportamentos que se mantiveram iguais”

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Grande Sertão: Veredas

O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquente e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre no meio da tristeza! Só assim de repente, na horinha em que se quer, de propósito -- por coragem. Será? Era o que eu as vezes achava. Ao clarear o dia

Cronistas 2 - RUBEM BRAGA

Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

TCC 4 - Xico Sá

Mas você tem uma historia importante no jornalismo.

Minha história é totalmente jornalística, nesse sentido sim, eu sou um “jornalistão”. Mas não no sentido de louvar tudo isso. Eu não me orgulho, eu peço desculpas por ter sujado a mão, sabe? Porque fazer jornalismo é muito sujar a mão. É muito “na montanha com os abutres”.
Hoje eu ganho a vida como cronista. Isso é algo que eu achava impensável. A maioria do meu dinheiro hoje vem das crônicas mesmo. Isso é milagroso. Como você pode viver de crônica no Brasil. Cada vez eu faço menos reportagem e vivo de crônicas mesmo. Como se ganha a vida com algo que você gosta muito? Eu não considerava crônica trabalho, eu considerava o cafezinho do jornal: era a hora que eu ia fazer uma coisa legal. A crônica foi a minha transição do jornalismo dito e serio, da edição etc para esse mundo que eu gostava muito. E tbm a crônica é o lugar mais perto da minha loucura por ficção. A crônica é o recreio máximo perto da realidade dura do jornal.

Paulo Mendes Campos

... Sim, sei perfeitamente, qualquer Freud de porta de venda pode explicar meu sonho; mas nunca poderá roubá-lo.
Houve um momento em que nos envolvemos num turbilhão de estrelas pequeninas. E nada mais...

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

TCC 3- Marcelo Coelho

A crônica, por estar em um veículo de imprensa requer um pouco de regularidade, que pressupõe disciplina, rotina. Como você se organiza? você acredita que isso te ajuda a criar, ou você acredita em inspiração? A Nélida Piñon disse, uma vez em uma entrevista que tinha horror a palavra inspiração pois isso era sinônimo de indolência, você concorda?

Acho que a rotina justamente ajuda aos indolentes. Antigamente eu me preparava a semana inteira para o artigo que iria escrever. Hoje em dia confio mais na “inspiração” do momento, que não é outra coisa senão fruto da prática. O cego ouve os menores ruídos; a rotina e o tempo, como são formas de cegueira também, trazem essa vantagem

Série TCC - 2 - Antonio Prata

Vc é religioso?

Não, nem um pouco. Embora eu pense muito sobre isso e escrevo muito sobre deus. Outro dia eu fui falar numa escola no interior de sp e uma meninas de 12 anos me perguntou: --- se vc não acredita em Deus, porque vc fala tanto dele? Quebrou as minhas pernas.
Eu não acredito. Por outro lado pra mim a arte preenche muito bem esse espaço que a religião não preenche. Porque embora eu não acredite em Deus eu tenho um susto esplendido com a vida. De falar : Caramba! É muito estranho que a gente esteja vivo que a gente exista, que a gente pense. Tampouco é uma questão muito obvia : big bang, evolucionismo, darwin, leis da natureza. Não. Pra mim é uma coisa esquisitíssima que a gente esteja aqui agora discutindo o que é a crônica sabendo que antes a gente foi macaco e antes fomos seres unicelulares e agora estamos aqui. O problema é que muita gente usa a religião pra explicar tudo isso. A literatura não explica mas bota lenha na fogueira de ver a beleza desse estranhamento, e aproveitar isso para criar coisas entre outras : crônicas

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Série TCC - Número 1 - Arthur Dapieve

Jorge Sá disse no livro “Crônica” : “ Portanto a função da crônica é aprofundar a notícia e deflagrar uma profunda visão das relações entre o fato e as pessoas, entre cada um de nós e o mundo em que vivemos e morremos, tornando a nossa existência mais significante” Você concorda com a afirmação? Por que?

É muito bonita. No entanto, discordo da necessidade da “profunda visão”. Acho que a crônica está mais para uma iluminação zen. Ao mesmo tempo cheia e vazia de significado. Por isso discordo, também, da idéia de “função”. A crônica não tem função. Ela é o que ela é. Bem zen.

Liná

Lina é uma menina muito graciosa. Tem quatro anos e adora comer figos. “Mas com casca, igual ao meu pai”, diz a moreninha de cabelinhos curtos a lá francesinha.
Nas quatro horas que estamos com ela eu penso um pouco sobre o universo infantil.
A Vaidosa Lina me diz que adora cor-de-rosa e usa coroas de princesa. E a imaginação vai longe... Cria historias com tramas, personagens e conflitos sérios. Ás vezes, quando se perde numa conversa, logo diz: mas temos que acabar com a historia que começamos!
As crianças são fascinantes. Lembram de tudo, nos mínimos detalhes. Os pequenos olhos são como radares que absorvem todo tipo de informação. Até as coisas mais banais. Que talvez só sejam banais para os adultos. Eles, que não têm a capacidade de abstração do real que têm as crianças. Ou que não sabem, através dessa realidade, recriar seus pequenos sonhos e fantasias com espontaneidade.
Lina sorri para nós e com ternura beija cada um no rosto.
É hora de dormir.

Roland Barthes

“Será que se deve continuar? Wilhelm, o amigo de werther, é o homem da Moral, ciência exata das condutas. Essa moral é de fato uma lógica: ou bem isso, ou bem aquilo: e assim por diante, até que surja finalmente, dessa cascata de alternativas, um ato puro- isento de qualquer remorso, de qualquer hesitação. Você ama Charlotte: ou bem você tem uma esperança e antão age; ou bem você não tem nenhuma, e então renuncia. Assim é o discurso do sujeito “são”: ou bem , ou bem. Mas o sujeito apaixonado responde ( é o que faz werther): tento me esgueirar entre os dois membros da alternativa: quer dizer: não tenho nenhuma esperança mas contudo... ou Ainda: obstinadamente escolho não escolher, escolho a deriva: eu continuo.”

terça-feira, 2 de outubro de 2007

A identidade do marinheiro beijoqueiro

A professora é uma mala e a aula chatérrima. Mas o assunto é interessante: semiótica. A coisa é basicamente que tudo é signo e todo signo é formado de um significado e um significante. Um dos exemplos que ela usou numa aula perdida de quarta-feira foi essa foto aí encima que tem a seguinte história:um marinheiro norte-americano, assim que soube que a Segunda Guerra Mundial tinha terminado, agarrou-se a uma enfermeira que passava pelo local e beijou-a, na Times Square, em NY.O momento foi imortalizado pelo fotógrafo Alfred Eisenstaedt e assim nasceu uma das fotografias mais conhecidas de celebração pós-guerra. O autor deste «famoso» beijo permaneceu sem identidade durante mais de seis décadas e dez homens diziam ser o marinheiro da foto tirada no dia em que os Aliados celebravam a vitória sobre o Japão. Agora, anos depois... descobriu-se a identidade do sujeito: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u315763.shtml e o mistério acabou. Mas a foto prova que a beleza do mundo, e arte dos encontros e/ou desencontros da vida, não precisa de retoques nem ensaios.


Mira, no pido mucho,
solamente tu mano, tenerla
como um sapito que duerme así contento.
Necesito esa puerta que me dabas
para entrar a tu mundo, ese trocito
de azúcar verde, de redondo alegre.
No me prestás tu mano en esta noche
de fin de año de lechuzas roncas?
No puedes, por razones técnicas.
Entonces la tramo en el aire, urdiendo cada dedo,
el durazno sedoso de la palma
y el dorso, ese país de azules árboles.
Así la tomo y la sostengo,
como si de ello dependiera
muchíssimo del mundo,
lá sucessión de las cuatro estaciones,
el canto de los gallos, el amor de los hombres.
Cortázar

segunda-feira, 1 de outubro de 2007


Tenho saudade do calor do meu coração

domingo, 30 de setembro de 2007

sussurro sem som
onde a gente se lembra
do que nunca soube

Dindas do blog


Nataloka e Nilds