sexta-feira, 26 de junho de 2009

O teatro da liberdade



Existem coisas que emocionam a gente. De verdade. Tiram o ar, mostram significado, acontecem. E todos os anos, no Antídoto - que acontece no Itaú Cultural- tem um desses personagens que me arranca um pedaço da alma.
Ontem assisti Adnan Nagnagie contar um pouco do trabalho do "Teatro da Liberdade", que ele desenvolve com adolescentes lá na Palestina. Assistir o vídeo dos sonhos desses jovens, tão genuínos, me deixou em silêncio. Um pouco, por vergonha da minha falta de informação. Outro pouco, por um fio de qualquer coisa que se acendeu nos meus pensamentos.
Take a look

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Suspiro do mundo

Maricota e Gabriel,
Talvez essa carta fique meio grandinha. É que apesar de a gente não se encontrar muito, bem sei que o nosso mundo é movido a afeto. Então um pouquinho a mais de babação de ovo não faz mal a ninguém, certo?
Eram um pouco mais de nove horas quando eu entrei no corredor florido do Jockey. Meu telefone não parava de tocar porque dia 30 de maio é o meu aniversário. Desliguei o infernal aparelhinho depois da ligação mais esperada do dia. E, ainda esmagadinha entre cabecinhas e cabeções curiosos e emocionados , tentei - inutilmente, enxergar com meus singelos 1,55 de altura, a cerimônia. Ver mesmo, não vi. Mas arrepiei quando "carinhoso" começou a tocar. Depois Má, vc apareceu. De vestido romântico, olhos ainda lacrimejantes e o sorrisão na cara. Linda. Não aguentei quando vc abraçou a Kika - que estava do meu lado - e disse com um tom de ' vc tem que fazer isso' : "Ai Kika!!! É muito legal". Aí fiquei aqui, quebrando a minha cabeça, para achar alguma coisa que pudesse traduzir - um nani que fosse- do que estava pairando ali no ar. Lembrei da Lispector, que dizia sobre uma sensação de "suspiro do mundo". Eu adoro essa expressão, não é ótima? Tipo assim: “tava andando na rua, pleno por do sol, quando senti o suspiro do mundo”. Ou então: “aí quando abri meu presente veio aquela sensação de suspiro do mundo’ ou ainda: “aí quando vi a Maria e o Gabriel rindo juntos veio - o suspiro do mundo”. Aquela coisa de preenchimento mesmo. E ó, não fui só eu não, viu? Todos comentaram. A Marininha, coitada - até passou mal, de tanta emoção. Coisa assim, gente, só sendo muito de verdade.
Quando eu fazia teatro, meu diretor sempre me dizia: " se vc se diverte, o público se diverte". Verdade mais pura. Se vcs vissem a carinha das pessoas quando vcs começaram a dançar, fofoletos, "Que maravilha". Rodando no "a girar". Cheios de graça, de charme. Rindo e o riso sendo a música perfeita. E tudo isso, só pra deixar meu beijo carinhoso para vcs. E o desejo de que vcs, encontrem no dia-a-dia, a leveza dos passinhos de dança que vcs improvisaram tão delicadamente naquela pista
beijos
Mazinha

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Do time das pandas

Querida Natalinda,
Na sexta-feira, entrevistei a Andréa Beltrão. Foi lá no Teatro da Fecomércio, onde ela está em cartaz , junto com a Marieta Severo, com a peça As Centenárias. Ela chegou atrasada, mas sem perder a compostura e nem a simpatia. Foi até o camarim “para dar um jeitinho nas olheiras” e, logo que sentou no palco, tive que perguntar : “Andréa, vc conheceu a Nataly, né?”. Ela ficou toda entusiasmada quando soube que a gente era amiga, me contou a história inteirinha de quando conheceu você, da última vez que foi para Barcelona. Parece que chovia muito, ela estava com os três filhos trancafiados no hotel, quando resolveu levá-los ao teatro. E pimba. Os pequenos se apaixonaram por uma princesa que estava no palco - no caso, vc. Ah Nata, vc precisava ver a carinha dela, quando eu falei que a gente era super amiga. Ela disse: “Ah, tipo eu e a Marieta, né? Já virou família”. É Andréa, já virou família. Ela aliás, me pediu o seu e-mail . Eu dei, tá? Dei porque ela panda, Natalinda. Panda assim, de verdade. Quando eu perguntei se ela tinha algum medo, sabe o que ela me respondeu? Que não tem medo que nada aconteça com ela, “mas com meus filhos, amigos, pessoas que eu amo”. Embrulha. Espirituosa e engraçada é séria na hora de responder as perguntas, sempre com uma pequena pausa. E se coloca, sem perder o ar de ‘poço de afeto’. Impressionante, essa atriz versátil. Parecia uma de nós, contando que chorou quando viu o Roberto Carlos. Pode?
A entrevista estava no fim, quando chegou a Marieta, ela que é peque que nem a gente. E a Andrea me contou que as duas compraram um teatro no Rio. É, é isso mesmo. Elas têm um teatro- o Teatro Poeira -, em que cuidam da programação, produzem, se divertem. Vamos fazer isso também, amiga? Comprar uma casa antiga no centro, reformar e fazer nosso Teatro “Flores de Raposa”? Só que só vai valer entrar espetáculos que soprem ternuras terrestres. Para terminar, ela me contou um segredo: disse para os filhos que toma um “anti-morrente”, não é demais? Quando pedi a receita, ela falou que vai preparar um pra mim e outro pra você.
Lobby saudades
Mazi

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Gossip

Elas chegam produzidas. Gloss na boca e cheiro de perfume. O vinho na mão direita e a bolsa lotada de cacarecos, na esquerda. Logo o ritual começa: a abobrinha cintila na frigideira enquanto a Luciana começa a falar, espirituosamente de coisas prosaicas. Pluft. Abrimos o vinho. A Mariana bate palmas quando dá risada, enquanto a Renata conta das peripércias de se trabalhar com cinema. “Ih ... já acabou a primeira garrafa de vinho? Sem problemas, vamos pra segunda”. Papo vai, papo vem, as novecentas prospecções, fofocas do mundo real, a novela - porque não? Harebaba, quanta bobagem gostosa. A abobrinha está no ponto e o massa quase pra sair. A Luciana com os cílios que fazem vento, adverte as amigas, puxa a orelha e pede colo. “Ih... acabou a segunda garrafa? porque a gente não abre uma champangne”. São as minhas “gossip girls” -um pé aqui, outro em NY. Das abobrinhas e os jantares em casa, aos sábados dançantes na pista da Neu, passando pelas madrugadas berrantes no carro cantando músicas de amor. Minhas “gossip-girls”. É a Lu, que me puxa pelo braço quando eu estou quase caindo na ladainha: “Ah Mazinha, você já estava toda na pontinha do pé, falando com ele, não vou deixar”. Tá bom, Lu. São as noites de quarta. Super finas, mesmo. Bebendo 8 garrafas de vinho - meio da semana- em plena mercearia. É a Re, minha morena informada, que esbanja charme, tem as melhores histórias e atrapalha o coração dos rapazes. É meu SOS Maricota, que fala : “Minha princesa dzó, vem que eu te salvo”. Empresta vestido uma hora antes do casamentotodacoloniajudaicapeloamordedeus, me resgata nas madrugadas desconfortáveis, leva casacos quentinhos pra me aquecer nas viagens. Fotos, flagras e até cartão de corretor de imóveis mesquinho, levam para casa, entre os olhares apaixonados dos meninos. O que eu faço com essas minhas gossips do Paraguay? Que têm glamour de pé- de- serra? Bebem champangne mas caem no samba da Meirinha.Vai churrasco, vem praia, trocas de e-mail engraçados, pic -nic, virada cultural. Pandocas de plantão, essas meninas. Registram o coração de ponta a ponta, mapeam toda as neuroses da cabecinha e ainda falam as coisas certas. Sem nunca perder essa graça toda.

Meninas, não cabe, é muito amor.

xoxo.

Mazi

terça-feira, 16 de junho de 2009

em miúdos

A gente pode combinar assim: Paco de Lucia, flores amarelas e vasos azuis. O que você acha? Algumas fotografias espalhadas nas paredes e porta-retratos nas mesas, com fotos de amigos e nossos afilhados. A pia que pinga algumas vezes ao dia. Lençóis de malha azul-claros e uma cortina fosca, para filtrar os primeiros raios da manhã. Como na música de Dolores Duran em que os “pingos de chuva de ontem, ainda estão a brilhar”. Eu gostaria também de uma cristaleira para guardar as taças e cálices da minha avó Regina, só coisa chique, polonesa. Junto, a gente pode colocar algumas porcelanas e outros cacarecos das nossas viagens. E quem sabe até uma vitrola? Sabia que o Cortázar dizia que Gardel só deve ser escutado em vinil? Taí. Quero uma vitrola para escutar Gardel e chorar na janela, ás vezes. Se você quiser, a gente encomenda uma poltrona bem confortável pra você dormir, sábado a tarde, lendo o jonal. Vou dar um jeito, também, de arrumar um canto pra você repousar seu violão, prometo. Tá vendo como eu não sou mimada? Mas faço questão de uma banheira - com bastante espuma. Vou separar as melhores essências, você sabe. Depois, quando você brigar comigo porque pendurei aquele quadro da herança da sua família de um jeito torto, eu nem vou ligar. Você vai me pedir desculpas, mesmo. Porque vai ver na geladeira, que comprei aquele suco de maçã que você adora. E você não se aguenta quando eu te faço surpresas, parece uma criança, ganhando presentes. Adoro isso. Essa alegria infantil que escapa de você, de vez em quando. E prometo que não vou ficar gritando pela casa que o Corinthians é o melhor time do Brasil, bem quando o São Paulo perder, juro. Foi só aquela vez, tá? Mas todas essas concessões tem seu preço, mocinho. Vou querer brigadeiro de panela e massagem no pé, uma vez por semana, tá? E se você deixar a louça tinindo eu posso até pensar em não jogar fora aquele bando de revistas Placar. Deal?

terça-feira, 9 de junho de 2009

Ela, Arlete

Querida Natalinda,
Essa semana foi a primeira semana que realmente fez frio em sp. É engraçado esse ritual do frio, né? Tirar a meia calça do armário, comprar chazinhos gostosos, colocar a bolsa de água quente na cama pra ficar quentinha - essa aprendi com a Dona Arlete, minha avó. Aliás Nata, vc tinha que ter conhecido a Dona Arlete. Imagina a mãe da minha mãe? Linda de morrer. Quando eu era pequena, uma senhora me parou na rua, em AIURUOCA, cidade dela e disse: "sua avó foi a mulher mais linda das redondezas, não era nem da cidade, era das redondezas, mesmo". Tão linda, que a banda de Aiuruoca fez uma música só pra ela. Eu lembro Nata, direitinho. Da minha avó na janela - BEM estilo Rita do Chico- parada, olhando o povo passar e ouvindo a música dela. Aqueles olhos libaneses e mãos boas pra fazer doce e salgado. Não saía nunca de casa. Com muita insistência, dava uma voltinha na praça, sábado a noite. Mas era uma leoa, a Dona Arlete. Protegia as netas com unhas e dentes - de cachorro bravo, dos meninos cafajestes, das pragas de famílias inimigas, porque vc sabe, né? Cidade pequena é tipo Romeu e Julieta, sempre existem famílias brigadas. Em noites de chuva e "trovoada" mandava desligar tudo da tomada. Medo de dar curto-circuito, é mole? Ficava a família inteira na sala, esperando a chuva passar pra poder assistir o Jornal Nacional. A chave da casa? Só depois dos 18 anos. Eu, como sou a última neta, tive abono e ganhei com 15. Mas as instruções eram bem claras:"Marilia, você entra, dá DUAS voltas na chave e coloca em cima da minha penteadera". E eu, plena flor desabrochando - de férias em Minas, olha o perigo - dizia "Tá bom vó!". Pois nada, fazia direitinho e quando entrava no quarto dela para deixar a chave, ela dizia, acordada: "Vc deu DUAS voltas na chave?". Ah... minha vó. Saudade dela. Que deixava o chá de cidreira da horta, com biscoitinho, em cima do fogão a lenha. Rezava novenas e fazia promessas. Sabe que durante anos, na procissão da semana santa, minha vó foi descalça? Promessa. Se alguém sabe qual? Só Deus. A reza dela era braba mesmo. Quando eu tinha soluço, sabe daqueles que não passa? Ela fazia uma benção com a mão na minha testa e pimba! O soluço ia embora. E quando alguém perdia a carteira em casa, já tinha solução :"Liga pra vovó". E lá de Minas, ela fazia os beregodegos dela e pasme... a carteira aparecia. Ela era leve e cheia de humor. Dormia com uma foto do meu vô pendurada na parede, na linha da cabeça. E quando eu lhe perguntei se ela tinha sido apaixonada por ele, me respondeu sem titubear: "ainda sou, Marilinha". Ele tbm deve ter sido doidinho por ela, Nata. Que foi mãe, avó, esposa, tudo. Que mesmo sendo católica fervorosa, BATEU com um pão, no Padre da cidade - porque ele tinha dito que meu tio era comunista para os militares. Acha que é brincadeira? Não, não é não. Não se pode brincar com uma Dantas Motta. As suas receitas? Ninguém sabe onde foram parar. Ela escondeu - estão juntos com seus segredos.
Tudo isso, Nata, porque faz frio aqui. E vc sabe, o frio daqui não é como o daí. Não tem charme, nem bufandas, nem capuccino. Acho que me deu saudade de Aiuruoca. De cheirinho de mato fresco. E de vc, sempre né? Que é minha amiga mais querida.
Lobby, Mazi

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Tipo Festa Junina

À beira da fogueira de São João. O som das estrelinhas de fogo subindo. Lenha verde que ainda chora, quando queima. São olhos que se cruzam entre as tranças dos cabelos e os bigodes forjados. Antes era milho e pé-de-moleque. Hoje, quentão e vinho quente. Rifa, bingo, coisa mais brega, sô! Cheiro de cravo forte, frio que guarda energia - pro forró, pra quadrinha, pro beijo atrás do portão. Coisas de Chico Bento. Bilhete de correio elegante, pega-pega das crianças e o zunir da sanfona. Camisa xadrez, um chapéu de palha emprestado do amigo e o braço dado com a menina. Bandeirinhas coloridas cortadas durante uma semana. Lilás, vermelha, amarela, azul e branca. É noite de São João. Com música que gruda na cabeça durante semanas, assim como a lama na sola dos pés.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Apenas o Fim



Ele é peque, mas é bom que só vendo.
Peguei o DVD de 'apenas o fim' esperando um filme buni, afinal de contas o diretor é novinho, já ganhou uma meia-duzia de prêmios com o filme de baixíssimo orçamento e anda arrancando uns bons elogios. Mas tbm não esperava uma coisa tão fofoleta. Acho que eu tinha meio implicância com essa Erika Mader, sei lá. Mulher tem dessas coisas, as vezes implica com uma fulana e não tem quem tire a ideia da cabeça.
Aí tem essa coisa de pauta, né. Vai entrevistar o cara, mas não dá pra ir na cabine porque o filme é bem na hora do fechamento e pimba. Cai o DVD pra assistir em casa. Plena terça-feira. Viu Matheus Souza? Obrigada. O filme é uma graça.
A história é simples. Ela chega e diz pra ele que vai embora. O resto são só “fragmentos de um discurso amoroso” do Barthes. Com uma pitada pop irresistível( pra mim, claro). All Stars que se cruzam na escada, humor buni, trilha sonora fofoleta e as problemáticas da minha geração ( ou será que essas coisinhas do amor independem de geração? ). Ele:um mini woody Allen, ela: Diane Keaton versão carioquinha. Uma declaração de amor ao Rio, a uma certa ingenuidade e a leveza da memória. O filme é inteiro ambientado na Puc do Rio. Mas o Matheus me explicou: "Para usar a câmera da faculdade, durante as férias, não podia sair das depedências da Puc". Ahhhh gente... não é? E sabe... ele falou de patotas, palavras e poemas.
12 de junho nos cinemas. EMBRULHA.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Pra homenagear o mundo

* Final de tarde em S. Isidro.
* O canto religioso no Morumbi quando Corinthians ganhou.
* Teresa com menos de 24 horas, apertando os dedos da mão.
* Jantares em cantinas da Augusta.
* O jeitinho do França falar: “já vaiiii minha liiiiinda?”
* E-mails vindo do outro hemisfério.
* A delicadeza da Lu, com cílios que fazem vento.
* O amanhecer na Sapucaí com a Kiru abraçada no celular.
* Saladinha de tomate do genésio.
* Pp cantando Iran.
* Banhos de erva-doce.
* Vinhos brancos no Piratininga.
* Milton cantando “Bailes da Vida”, no alcance da mão.
* Casa nova.
* Dedicatória carinhosas nos livros.
* Creme de Cherry Blossom.
* Hugo e Má sambando no Cidão.
* As janelonas do Santa Cruz.
* Encontros de sopetão, em Paris.
* As risadas dos “jantares-gossip” as quartas.
* Casal dançando gafieira.
* Batom vermelho.
* Banda Glória no Museu da Casa Brasileira.
* Dricoletinha-nha-nha-nha.
* Pôr do sol na Baleia com cheiro de jasmin- ah merece, né?