segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Mulher Pequena

"Ah, nada de anormal, mas ela vai ser assim, mignon mesmo”
Lembro direitinho das palavras do médico, depois de eu fazer exames, quando tinha 13 anos para saber se seria “baixinha” para sempre.
Minha esperança era o tal do estirão. Afinal, as meninas da minha classe já eram bem maiores do que eu. Mas não teve jeito, nem estirão, nem comendo muita proteína. Nunca consegui me livrar dos meus 1,55. Tampouco queria ser a Ana Hickmann. Mas assim, 10 cm a mais... não faria mal nenhum.
Que fique claro... não é assim, RUIM. Mas que dá uma invejinha (branca) das mulheres altas, esguias, cheias de pose - isso dá.
Tem o lado prático que é meio complicado, na verdade.
1-Banco do carro- Por mais que eu levante no máximo, não consigo enxergar os buracos.
2- Shows - No do Radiohead, por exemplo, fizeram um telão cubista conceitual. Ou seja, zero de solidariedade com quem necessita do telão para VER, ora bolas.
3- Barra da calça - SONHO com o dia que eu possa vestir uma calça e sair saltitante por aí, sem ter que deixar para fazer a barra, pagar, ir buscar... é uma funça, minha gente.
4- Quilinhos a mais - um PESADELO. Se uma mulher alta engorda 1 ou 2 quilinhos, passa despercebido. Agora uma baixinha...
5- Ser levada a sério - Só porque somos peques, não significa que somos infantis.
6- Os lugares comuns - Para citar dois: “toda baixinha é invocada” e “é nos menores frascos que estão os melhores perfumes E PIORES VENENOS”. É mole?
“ Ah... mas mulher baixinha tem seu charme” me dirão, alguns. Hum. Será ? Talvez.
Mas gosto de ser a única ‘peque’ da minha patota. Tirando a Nilds, claro. Ainda ganho em alguns centímetros, apesar dela negar. Gosto também da ternura que a gente provoca nas pessoas, vez ou outra, simplesmente por ser um pouco mais compacta.
Mas feliz e orgulhosa mesmo... só sexta-feira passada no show do Roberto Carlos, quando ele cantou pra gente. Pequenas, uni-vos
Vai Rei!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Tulipa Ruiz

Ela foi uma das minhas primeiras “ caras - novas”. Tudo começou quando assisti a um show da Tulipa - totalmente low profile, há uns dois anos, no “cedo e sentado” do Studio Sp. Subiu no palco, toda charmosa e se divertiu horrores cantando. Eu adorei e, na hora, já pensei em fazer uma pauta para o jornal.
E a menina-flor foi alçando voo. Canta, compõe, ilustra e é toda cheia de graça. A última vez que fui num show, há alguns meses, achei muito buni, ela homenageado a avó, que estava na plateia. Embrulha.
Agora, florzinha Tulipa, todo mundo quer o seu CD. As pessoas perguntam, descascam o seu myspace inteirinho em busca da sua voz. Avisa a gente tá?

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Sobrançaria

Se é verdade que toda aluna, em algum momento, se encanta por um professor, eu não sei. Mas eu tive o meu.
Foi desde o primeiro dia de aula. Quando ele começou apresentando Guimarães Rosa, Machado de Assis e Lima Barreto. Só contos ou capítulos. Lembro direitinho disso. Ia relacionando os textos com a “realidade” – suposto objeto de estudo do jornalista.
Era categórico, aquele professor, todo cheio de soberba. Mas não era essa a sua graça, ou bom, tá, talvez um pouco. Mas ele tinha um quê de normal, sabe?
Disse, numa aula, todo metido e sem muita abertura para questionamentos, que o Chico Buarque era “o último compositor de herança literária”. Eu achava bonito como ele dava um jeito de fazer referências aos sentimentos.
Ele ria em aula. E tinha uma ironia suave que me irritava e me deixava admirada.
E aí, teve um dia que ele veio com essa, do significado de sobrançaria. “É superar o outro de uma boa maneira”, definiu. Bingo! Era isso. Não estava apaixonada, não era amor platônico nem nada dessas baboseiras, o que eu queria, era “sobrançar” ele, de alguma maneira. Queria ser mais sensível, mais instigante e misteriosa do que o professor. Tonta né ? Porque todas as vezes que eu fui lá, cheia de coragem e segurança, ele delicadamente me colocou no lugar de aluna.
Bom professor, aquele. Que tinha um tom de voz sereno e intimista. Não era muito alto, nem muito baixo. Usava óculos e esboçava uma futura carequinha. Tinha um brinco na orelha, estilo anos 80 e era são paulino roxo.
Os meninos, claro, ficavam enciumados. Mas como eu, sabiam que não dava para competir. “O cara é bom, gente” eu defendia. Mas não tinha jeito, homem quando dá pra ter inveja , é pior do que mulher. “Ele é arrogante, metido e presunçoso”.... alguns mais sensatos colocavam de outra maneira :“ Ele é ótimo professor, mas faz questão de se mostrar para as menininhas”. Eu sabia de tudo. Como ele dava uma atenção especial às mulheres ( mas era uma delas, fazer o quê), como ostentava seu conhecimento sobre as coisas ( mas isso gerava uma raiva mesclada com admiração) e como era implicante com alguns alunos ( mas isso só fazia dele diferente).
Numa prova, escrevi uma frase de Guimarães Rosa. “Minha porta é para o Nascente”. Ele sublinhou e escreveu em vermelho: “Bonito”.
Mas bonito, mesmo, foi quando, falando sobre solidão, ele leu o poema “só” de Manuel Bandeira

Poema só para Jaime Ovalle
Quando hoje acordei, ainda fazia escuro (Embora a manhã já estivesse avançada).
Chovia. Chovia uma triste chuva de resignação
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite.
Então me levantei, Bebi o café que eu mesmo preparei.
Depois me deitei novamente, acendi um cigarro efiquei pensando...
- Humildemente pensando na vida e nas mulheresque amei.

“Existe coisa mais só do que beber o café que você mesmo preparou?” Perguntou. ele.
Não, professor, não.
Anos depois, trombei com ele, no meio da rua. Sem apagador, giz ou soberba alguma. Estava calmo, olhando de igual para igual, com a mesma risada irônica. E mesmo sem eu saber, ele já tinha notado: estava ali, uma tímida sobrançaria.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Gregório Graziosi

Com só 24 anos e 4 curta-metragens no currículo, o cineasta já viajou para todos os cantos, em festivais cinema. Influenciado pelas artes plásticas, Gregório apresenta no Festival de Curtas , quarta-feira, na Cinemateca, seu mais novo trabalho, Mira. Baseado nas obras da artista Mira Schendel, ele “ quis juntar o aspecto delicado e a estética do vazio, presente no trabalho dela”.

sábado, 22 de agosto de 2009

MONOTEMA

"Levando em conta que o ser humano é a tensão entre a preservação e a transgressão, entre corpo e a alma, duas formas profundas de desvios podem ocorrer : o apego e a traição. O apego fere a alma da mesma forma que a traição fere o corpo. Ambas as exarcebações ou desequilíbrios geram violências. A violência à alma é contra a própria vida, e responde pela depressão; ao corpo por sua vez, se expressa contra o mundo externo, no ódio e na vingança.
O apego ameaça e violenta a integridade de um ser humano da mesma maneira que uma traição. Não existe experiência de traição que não venha acompanhada da de apego. Na verdade, é nessa dinâmica que devemos manter nossa atenção. Quando um indivíduo ou mesmo indivíduos que mantêm relações afetivas fazem movimentos trangressivos movidos pela alma, são imediatamente confrontados com movimentos de apego pelo corpo."

Nilton Bonder, A Alma Imoral.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Mudou, ponto.

Queria medir a quantidade de mudança de uma pessoa. Em quilos, litros, kilômetros. A dizer ... “ fulana ganhou 3 kilos de sabedoria”. Ou então, “ciclano perdeu 8 litros de bons pensamentos”. Seria tão melhor. Poder mensurar a dimensão de uma mudança. Assim, saberia lidar com elas. Sei lá, dependendo do tamanho, nem tentaria convencer alguém a voltar para trás. Ou se fosse uma mudança - para melhor- razoavelmente pequena, já daria para comemorar, sem esperar crescer muito.
Mas o que a gente faz com o famoso : “ Tal pessoa mudou muito” ?
Queria poder guardar as mudanças em gavetas certas, etiquetadas: 1984 : o ano do nascimento. 1998 : o primeiro amor, 2001: a briga que dividiu águas, 2004: ano da liberdade... e por aí vai. Mas a gente esquece, encaixa as mudanças e inventa o que quer lembrar.
E o que a gente faz com o clichê: “Eu mudei, é só isso.”?
Queria registrar a cabeça das pessoas - como em fotografias. Para depois poder colocar lado a lado o ‘antes’ e o ‘depois’. Comparar os traços, as caretices, as novas feições de ideias.
Ficaria tão mais fácil . Aceitar os pequenos egoísmos, as canastrices, a falta de vivacidade, que ás vezes, toma conta das pessoas que a gente gosta.
Queria um cata-vento para assoprar para longe, os maus agouros e as saudades dos antigos verões quentes. A gente não percebe, mas nada é de um dia para o outro. São câmbios que envolvem a gente como um lençol sedoso, indefinido.
Queria me convencer que há coisas que só são bonitas depois de amarelecidas.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

SOU CONTRA A LEI ANTIFUMO

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Alma Imoral

Fui com a Paulinha, minha pandoca de cachinhos dourados, assistir a peça Alma Imoral, semana passada. Escutei tantas coisas boas da peça que fiquei curiosa.
Ela - Clarice Niskier - entra no palco. Se apresenta de um jeito bem panda, ainda com as luzes acesas. Conta como resolveu montar a peça, porque, onde, quando.
Entre o disparo de 89247836527634 pensamentos e os sentimentos compartilhados com a Paulinha, existiu um espaço para o céu. É, o céu. Aquele céu, mesmo. Eu entendi tudo. O que é traição e o que é tradição. Entendi a “judia budista” que existe dentro dela e de mim também. Assim como os tropeços, os erros, essas bobagens tão insuportavelmente gostosas que a gente faz por aí.
Ah. Como pode, né? As pequenas epifanias, as ternuras terrestres, os beijos sujos, as mãos na cintura, as risadas de criança. Tudo isso permeado de parábolas do velho testamento. E não assusta, porque se tem uma coisa que a nossa geração não pode ouvir falar, é religião. Mas não é cafona. Não mesmo. Putacoisalinda.
Aí, no meio desse melange completo, lembrei de uma crônica do Paulo Mendes Campos que eu adoro, “Acorrentados”. Apesar do nome ser meio pesadão, na verdade ele destila suas palavras sobre as coisas mais BUNIS às quais ele se sente 'acorrentado'. E isso não tem a ver com homem, mulher, casa, cachorro, bens. Ele fala de coisas - aparentemente banais- mas que dizem dela - da tal da alma. Aquele sentimento de supercalifragilisticexpialidocious, que as vezes, dá na gente.
É isso, minha gente. Coisas de panda, de gente que como diria o cronista. "são presidiários da ternura e andarão por toda a parte acorrentados, atados aos pequenos amores da armadilha terrestre".

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Pola

Lembro quando a gente entrou no carro, as duas, cada uma com um bico de 8 km. Os primeiros quarteirões em silêncio, até que a gente começasse a discussão esdrúxula sobre a hora de ir embora do churrasco, a carona e qualquer outra coisa sem nexo. Argumentos descabidos, gestos exagerados, gritos, choros e ... abraços. Em outra ocasião, nós duas - no amanhecer da formatura - flores nas mãos, olhos borrados, pés de sapatos jogados no carro e colos desconhecidos. Ela ali, fazendo graça, procurando o caminho de casa.
Pola amada. Amiga querida que vai embora - para ser a maior repórter desse país. E eu - panda que sou - sei que ela tem que ir, alçar seu voo, colocar toda a agilidade, inteligência e OLHOS AZUIS ( ela vai me matar, mas o blog é meu e eu escrevo o que eu quiser), em rede nacional. Mas meu lado egoístinha fica azeitona que ela não vai estar aqui, pertinho de mim, o tempo todo. VOU MORRER DE SAUDADES. Saudade desse jeito dela de embarcar nas coisas ... dançar com a Lu Seleme, rir das piadas do Planet. Vou sentir falta da cara que ela me faz quando conto minhas peripércias diárias. E o jeito direto e objetivo de dizer as coisas. Não vou me aguentar de saudades das ligações no meio da tarde, reivindicando atenção. Nórdica linda, que usa chapéu de praia e canta “hoje acordei com uma vontade danada de mandar flores ao delegado...”. Destemida e corajosa, essa Pola.
Me diz, Bonelli, quem vai topar fazer comigo um regime fictício “não bebo cerveja porque engorda. Agora só (8) caipirinhas ?” Quem vai me passar notinhas embriagadas e puxar minha orelha quando eu estiver sendo muito manhosa no meu blog-bobo? E me acompanhar no sambão da praça Roosevelt em pleno sábado a tarde? Fazer um scheadle de guerra para assistir TODAS as mesas da flip e demorar 78 minutos para passar rímel nos olhos ? Ah Pooooooooola. Vai se preparando, que eu vou passar o reveillon lá com você. Vou me aboletar na sua casa, a gente vai acender velas para Oxum, jogar brincos para Iemanjá e cantar cantos de Oxalá.
Olha, desculpa do dia da carona no churrasco do PP, viu? Quando eu for te visitar, prometo que vamos embora na HORA QUE VOCÊ QUISER.
E mais... vou deixar você levar aquela minha blusa florida de alcinha - que fica bem melhor em você do que em mim - assim você também não se esquece dessa sua amiga atrapalhada mas que te ama, tá?