quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Adooooro Leminski

DESCONTRÁRIOS

Mandei a palavra rimar,
Ela não me obedeceu.
Falou em mar, em céu, em rosa
Em grego, em silêncio, em prosa.
Parecia fora de si,
A sílaba silenciosa.

Mandei a frase sonhar,
E ela se foi num labirinto.
Fazer poesia, eu sinto, apenas isso.
Dar ordens a um exército,
Para conquistar um império extinto.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Os pequenos tesouros

... A gente riu durante seis horas. Não falamos de dores. Não falamos de rancores nenhum. Nem de ninguém muito importante. Falamos de memórias, de boas memórias. Ele fez silêncio quando eu disse que queria cochilar, me tranquilizou quando eu comecei a reclamar, colocou música pra eu ouvir e me ligou no dia seguinte pra saber se eu “estava viva”. Não nos desejamos como homem e mulher e no entanto o carinho e respeito é forte. E único. Eu agradeço pela companhia, pelas pequenas certezas que inexplicavelmente inundam alguns momentos.

sábado, 27 de outubro de 2007

Carta de mãe IV

Aspeta figliola. Aspeta. Amores demandam esperas -- um saco! Peró es assi. Amores son melange de lenguas. Amor vero tiene uma lengua solo. Es la lengua del Amore. Dio como es dificele parlare em tantos idiomas.
Mamá te quiere muchissimo.

Beijo Tchau!


Mazelas de ser geminiana

Quem pensa que ser geminiana é fácil está muito enganado. Por definição, somos indecisos e inconstantes. Ok, sei que pra quem convive com nós, isso deve ser péssimo, mas e pra quem vive os conflitos... é muito pior. Tomar uma decisão é um martírio, vira a decisão da vida, entende. A gente pesa, coloca na balança os prós e contras... e nada adianta. Na hora de dormir tum tum tum: o pensamento não vai embora. Mas de uma coisa eu tenho certeza: quando a decisão é tomada, um alívio imenso inunda a cabecinha confusa, e daí meu amigo, é só alegria -- pra quem vive e pra quem convive também.
Beijocas carinhosas a quem tem me aguentado nesse período turbulento.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Nataloka e o manual da não-self-raiva

1- Jamais vamos nos culpar pela fome da humanidade
2- Se não der tempo: ok. Isso acontece com todo mundo
3- Bater o carro tbm é permitido – isso não significa que você é um ser humano desprezível
4- Esquecer o presente de aniversário da aniversariante – dentro das normas. Entrega depois, no dia com certeza ela não vai olhar com a atenção que merece.
5- Ser grossa com parentes – pois é, essa é meio complicada. Mas tá no pacote, a gente não escolhe nascer, função de pai e mãe tbm é agüentar a gente em dias de mal-humor extremo.
6- Enrolar o menino e na hora H pipocar. Ok. Permitido. Quem disse que a gente tem certeza das coisas sempre? Sei lá, hoje eu não quero, mas amanhã posso querer: pra que fechar as portas? A safra não tá tão boa assim, é melhor garantir... E se eu não quiser, tenho todo o direito de pular fora. Cada um cuida da sua frustração.
7- Fazer o trabalho da faculdade de um jeito meia-boca e ainda entregar nos 45 min do segundo tempo. Totalmente compreensível – vai trabalhar, agüentar chefe , transito, namorado, amigas e ainda ter pique pra desenvolver uma super tese sobre “significado e siginificante”. Me poupe. Próxima.
8- Não conseguir mandar presentinhos cheio de carinho pra uma amiga que está em outro país. Maisqueok. Se já é difícil manter uma rotina organizada no nosso país, quem dirá em outro país.

é verdade Bebel...

Tá muito sério esse blog.
Vamos comemorar contratação e alforria.
beijos

Carta de mãe III

Eu tambem,estou de saco cheio mas,quem não está??? Há anos não vou ao cinema esperando o filme sair em DVD prá ver no meu sofá..Fila é um horror absolutamente aceito.Estou nessa de só ver filme B que termina com um beijo .Tiros nem prá matar a amante do marido-- deixa ela... Meu intelecto está cada vez mais raquítico e meu sentimento mais gordinho!!!!! Prá mim, a pessoa sendo calma e tendo bom coração já basta. Fiquei como a minha mãe. Conto nos dedos os amigos que amo, as alegrias que tenho,"o pão nosso de cada dia" e foda-se o resto. Aliás, se você puder, me mande o nome de alguns filmes do tipo “O encantador de cavalos”.Quero morrer vendo o rosto do Redford. Mesmo amassado de rugas!!!!! Abraços cúmplices.
Mama

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Rilke

"Que mais lhe devo dizer? Parece-me que tudo foi acentuado segundo convinha. Afinal de contas, queria apenas sugerir-lhe que se deixasse chegar com discrição e gravidade ao termo de sua evolução. Nada a poderia perturbar mais do que olhar para fora e aguardar de fora respostas a perguntas a que talvez somente seu sentimento mais íntimo possa responder na hora mais silenciosa"

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

... Ensinou-me o que é sobrançaria. “É superar o outro de uma boa maneira”. Acho que eu queria “sobrançar” ele, de alguma maneira. Queria ser mais sensível, mais instigante e misteriosa que ele. Meu desejo de já saber era tão grande quanto o de aprender. Não que eu quisesse ensinar alguma coisa, mas queria poder dividir. Queria que ele me olhasse como uma igual. Mas todas as vezes que eu me enchi de coragem e segurança, ele delicadamente colocou-me no meu lugar de aluna. Como quem estabelece a medida do que é imponderável. Até certo ponto, eu poderia participar, dali em diante, o conhecimento era única e exclusivamente dele. Com um belo esforço e exercício de humildade eu tinha de ficar quieta...

Carta de mãe II

Pois minha filhota, está na hora de soltar as as correntes! Algemas são para pessoas que cometeram crimes.Temos direito e DEVER de ser feliz. Isso não significa ignorar os outros. A felicidade é mais generosa que a dor ou, deveria ser. Lembra daquela norma de segurança dos aviões? Primeiro coloque sua máscara e depois ajude a as outras pessoas a colocarem.Isso não é individualismo-- é sensatez.
Bezitos de Mamá

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

A resposta

Vc só esqueceu uma coisa: “ quero a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida (...) matando a sede com a saliva ser teu pão, ser tua comida” Na verdade essa é do Cazuza ( haja paixão, haja luxúria, haja contradição). E desde quando vc desejar ser a comida do outro, é ter tranqüilidade ???? Tudo que é intenso, que é forte, não é tranquilo. Paixão é fogo, é chama : “ é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer” já diria Camões em mil novecentos e bolinha... e a gente pensa que com a gente não vai acontecer. Mas acontece. E dói. É aflitivo, sempre. Mas não tem nada que não pode ser transformado (amém). A gente tem esse poder, a gente escolhe o jeito de amar. E nosso inconsciente prega peças mesmo: porque será que de repente eu resolvi ser uma menina barraqueira? Porque vc se apaixonou por um menino pseudo-coldplay? Porque alguma coisa lá dentro busca isso! Porque no fundo essa montanha russa de rompantes (acredite) te trás alguma satisfação, e mais: é uma experiência nova, que de alguma maneira te faz sentir viva. Daí, construir uma relação baseada nisso: são outros 500...
Eu acho sim que ele vai fazer tudo certo. Só torço pra que ele saiba amar de um jeito tranqüilo.
Não é que vc não sabe amar em paz. Vc “não está sabendo amar em paz”. Ok. É um moment. Mas vc sabe sim. Não deixa ele te convencer do contrário. Quem não sabe, por enquanto: é ele. Mas tentar descobrir isso juntos pode ser maravilhoso.
Trust you.
O ti.
Ma

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Carta de uma amiga

Deve existir um crônica com esse nome, eu tenho certeza. Se não uma crônica, um conto pelo menos. Se não existe, vou escrevo-la pra mim. Será que eu sou a única pessoa no mundo que tem essa dificuldade? Acho que, sem querer, me contaminei com a sindrome da paixonite... é, aquela mesma, em que a gente só acha que gosta e é gostado, embora essa palavra seja horrível, através de rompantes. Rompantes de amor e de ódio, de desejo e de vontade de abandonar o barco e deixar o trem passar. Eu quero a sorte de um amor tranquilo diria o Caetano..... será?

Tudo isso porque ele veio me dizer que acha que a gente tem que ir viajar. Não sugeri nem trouxe o assunto. Ainda nem ameacei dizendo que ele não vai poder matar um parente pra ir comigo, que as coisas tem que estar resolvidas. Será que ele cogita fazer tudo tão errado ou será que eu não consigo conceber a ideia de ele vai fazer tudo certo? Será que eu vou ter sossego e, o pior, será que eu vou conseguir conviver com ele?

carta de mãe

Hijita de mi corazón.Non te pongas triste, please!!
Je deteste la langue anglaise e les filmes aussi.
Niente sucede.Vai uma moça com sombrinha andando no jardim, depois ela volta de sombrinha porque está chovendo. Alguém a observa da janela e nada fará. Nenhum abraço nenhum beijo.RIEN!!!!Todos tomando chá com cara de "não espero mais nada".
Besitos
Mamá

Freud

Evidentemente, estou falando da modalidade de vida que faz do amor o centro de tudo, que busca toda satisfação em amar e ser amado. (...) O lado fraco dessa técnica de viver é de fácil percepção, pois, do contrário, nenhum ser humano pensaria em abandonar esse caminho da felicidade por qualquer outro. É que nunca nos achamos tão indefesos contra o sofrimento como quando amamos, nunca tão desamparadamente infelizes como quando perdemos o nosso objeto amado ou o seu amor.

Antônio Maria

"No mais, tudo é menor. O socialismo, a astrofísica, a especulação imobiliária, a ioga (...) O homem só tem duas missões importantes: amar e escrever à máquina. Escrever com dois dedos e amar com a vida inteira"

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Carta agora publicada a uma amiga

Amiga querida,

Nosso vínculo é um presente, um encontro mesmo. Pote de ouro atrás do arco-íris.
Juro que eu te entendo com essa coisa da sua amiga. E tudo bem ficar irritada (pacas!) por isso que eu mandei aquele e-mail da Culpa.
Se o Bush invade o Iraque: nossa culpa. A amiga está mal: nossa culpa. Furou o almoço com alguém, ou choveu no feriado que está todo mundo na sua casa... nossa culpa Ah... que coisa né? Ta na hora de "tirar las chancletas" como diriam os argentinos e se desencadenar. Porque vc sabe né amiga? Nós, as encadenas, adoramos uma algeminha: de homem, de amiga, de família...
To meio com preguiça disso agora. Quero mais é sair "destinada" por aí. Não é mesmo?
Querida, eu que to orgulhosa com o seu "processo" (irrita pacas) de desencadenamento. A gente tem mania de ser imediatista. Mas essas coisas são super difíceis,imagina que joãzinho demorou 13 anos !!!! Heheh...
Vc ta bem andorinha, ta feliz, ta livre. O grande desafio é não retroceder. Vc sabe da sua força; da sua GANA de ser feliz. Bora lá!
Beijocas

Echar de menos

“O clima, a obstinação, a condescendência do destino e o isolamento, no sentido primeiro do termo, deixaram algumas regiões da Espanha em seu estado de origem; conseqüentemente, é possível viver um certo tempo na doce ilusão de que o mundo está menos caótico, menos selvagem, menos efêmero de que a imprensa escrita e a mídia gostariam de nos fazer acreditar; na doce ilusão de que existem constantes que, embora provenientes de vidas individuais, se erguem acima dos acasos do destino. Este país é velho, passou por várias guerras e catástrofes, grandes movimentos, crueldade, amargos antagonismos, dentre os quais os mais recentes ocorreram em nosso século. Tantos dramas causaram a morte de pessoas que pensavam que tudo fosse desaparecer junto com elas; e , no entanto, o viajante de hoje encontra paisagens, monumentos, comportamentos que se mantiveram iguais”

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Grande Sertão: Veredas

O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquente e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre no meio da tristeza! Só assim de repente, na horinha em que se quer, de propósito -- por coragem. Será? Era o que eu as vezes achava. Ao clarear o dia

Cronistas 2 - RUBEM BRAGA

Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

TCC 4 - Xico Sá

Mas você tem uma historia importante no jornalismo.

Minha história é totalmente jornalística, nesse sentido sim, eu sou um “jornalistão”. Mas não no sentido de louvar tudo isso. Eu não me orgulho, eu peço desculpas por ter sujado a mão, sabe? Porque fazer jornalismo é muito sujar a mão. É muito “na montanha com os abutres”.
Hoje eu ganho a vida como cronista. Isso é algo que eu achava impensável. A maioria do meu dinheiro hoje vem das crônicas mesmo. Isso é milagroso. Como você pode viver de crônica no Brasil. Cada vez eu faço menos reportagem e vivo de crônicas mesmo. Como se ganha a vida com algo que você gosta muito? Eu não considerava crônica trabalho, eu considerava o cafezinho do jornal: era a hora que eu ia fazer uma coisa legal. A crônica foi a minha transição do jornalismo dito e serio, da edição etc para esse mundo que eu gostava muito. E tbm a crônica é o lugar mais perto da minha loucura por ficção. A crônica é o recreio máximo perto da realidade dura do jornal.

Paulo Mendes Campos

... Sim, sei perfeitamente, qualquer Freud de porta de venda pode explicar meu sonho; mas nunca poderá roubá-lo.
Houve um momento em que nos envolvemos num turbilhão de estrelas pequeninas. E nada mais...

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

TCC 3- Marcelo Coelho

A crônica, por estar em um veículo de imprensa requer um pouco de regularidade, que pressupõe disciplina, rotina. Como você se organiza? você acredita que isso te ajuda a criar, ou você acredita em inspiração? A Nélida Piñon disse, uma vez em uma entrevista que tinha horror a palavra inspiração pois isso era sinônimo de indolência, você concorda?

Acho que a rotina justamente ajuda aos indolentes. Antigamente eu me preparava a semana inteira para o artigo que iria escrever. Hoje em dia confio mais na “inspiração” do momento, que não é outra coisa senão fruto da prática. O cego ouve os menores ruídos; a rotina e o tempo, como são formas de cegueira também, trazem essa vantagem

Série TCC - 2 - Antonio Prata

Vc é religioso?

Não, nem um pouco. Embora eu pense muito sobre isso e escrevo muito sobre deus. Outro dia eu fui falar numa escola no interior de sp e uma meninas de 12 anos me perguntou: --- se vc não acredita em Deus, porque vc fala tanto dele? Quebrou as minhas pernas.
Eu não acredito. Por outro lado pra mim a arte preenche muito bem esse espaço que a religião não preenche. Porque embora eu não acredite em Deus eu tenho um susto esplendido com a vida. De falar : Caramba! É muito estranho que a gente esteja vivo que a gente exista, que a gente pense. Tampouco é uma questão muito obvia : big bang, evolucionismo, darwin, leis da natureza. Não. Pra mim é uma coisa esquisitíssima que a gente esteja aqui agora discutindo o que é a crônica sabendo que antes a gente foi macaco e antes fomos seres unicelulares e agora estamos aqui. O problema é que muita gente usa a religião pra explicar tudo isso. A literatura não explica mas bota lenha na fogueira de ver a beleza desse estranhamento, e aproveitar isso para criar coisas entre outras : crônicas

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Série TCC - Número 1 - Arthur Dapieve

Jorge Sá disse no livro “Crônica” : “ Portanto a função da crônica é aprofundar a notícia e deflagrar uma profunda visão das relações entre o fato e as pessoas, entre cada um de nós e o mundo em que vivemos e morremos, tornando a nossa existência mais significante” Você concorda com a afirmação? Por que?

É muito bonita. No entanto, discordo da necessidade da “profunda visão”. Acho que a crônica está mais para uma iluminação zen. Ao mesmo tempo cheia e vazia de significado. Por isso discordo, também, da idéia de “função”. A crônica não tem função. Ela é o que ela é. Bem zen.

Liná

Lina é uma menina muito graciosa. Tem quatro anos e adora comer figos. “Mas com casca, igual ao meu pai”, diz a moreninha de cabelinhos curtos a lá francesinha.
Nas quatro horas que estamos com ela eu penso um pouco sobre o universo infantil.
A Vaidosa Lina me diz que adora cor-de-rosa e usa coroas de princesa. E a imaginação vai longe... Cria historias com tramas, personagens e conflitos sérios. Ás vezes, quando se perde numa conversa, logo diz: mas temos que acabar com a historia que começamos!
As crianças são fascinantes. Lembram de tudo, nos mínimos detalhes. Os pequenos olhos são como radares que absorvem todo tipo de informação. Até as coisas mais banais. Que talvez só sejam banais para os adultos. Eles, que não têm a capacidade de abstração do real que têm as crianças. Ou que não sabem, através dessa realidade, recriar seus pequenos sonhos e fantasias com espontaneidade.
Lina sorri para nós e com ternura beija cada um no rosto.
É hora de dormir.

Roland Barthes

“Será que se deve continuar? Wilhelm, o amigo de werther, é o homem da Moral, ciência exata das condutas. Essa moral é de fato uma lógica: ou bem isso, ou bem aquilo: e assim por diante, até que surja finalmente, dessa cascata de alternativas, um ato puro- isento de qualquer remorso, de qualquer hesitação. Você ama Charlotte: ou bem você tem uma esperança e antão age; ou bem você não tem nenhuma, e então renuncia. Assim é o discurso do sujeito “são”: ou bem , ou bem. Mas o sujeito apaixonado responde ( é o que faz werther): tento me esgueirar entre os dois membros da alternativa: quer dizer: não tenho nenhuma esperança mas contudo... ou Ainda: obstinadamente escolho não escolher, escolho a deriva: eu continuo.”

terça-feira, 2 de outubro de 2007

A identidade do marinheiro beijoqueiro

A professora é uma mala e a aula chatérrima. Mas o assunto é interessante: semiótica. A coisa é basicamente que tudo é signo e todo signo é formado de um significado e um significante. Um dos exemplos que ela usou numa aula perdida de quarta-feira foi essa foto aí encima que tem a seguinte história:um marinheiro norte-americano, assim que soube que a Segunda Guerra Mundial tinha terminado, agarrou-se a uma enfermeira que passava pelo local e beijou-a, na Times Square, em NY.O momento foi imortalizado pelo fotógrafo Alfred Eisenstaedt e assim nasceu uma das fotografias mais conhecidas de celebração pós-guerra. O autor deste «famoso» beijo permaneceu sem identidade durante mais de seis décadas e dez homens diziam ser o marinheiro da foto tirada no dia em que os Aliados celebravam a vitória sobre o Japão. Agora, anos depois... descobriu-se a identidade do sujeito: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u315763.shtml e o mistério acabou. Mas a foto prova que a beleza do mundo, e arte dos encontros e/ou desencontros da vida, não precisa de retoques nem ensaios.


Mira, no pido mucho,
solamente tu mano, tenerla
como um sapito que duerme así contento.
Necesito esa puerta que me dabas
para entrar a tu mundo, ese trocito
de azúcar verde, de redondo alegre.
No me prestás tu mano en esta noche
de fin de año de lechuzas roncas?
No puedes, por razones técnicas.
Entonces la tramo en el aire, urdiendo cada dedo,
el durazno sedoso de la palma
y el dorso, ese país de azules árboles.
Así la tomo y la sostengo,
como si de ello dependiera
muchíssimo del mundo,
lá sucessión de las cuatro estaciones,
el canto de los gallos, el amor de los hombres.
Cortázar

segunda-feira, 1 de outubro de 2007


Tenho saudade do calor do meu coração