sexta-feira, 30 de novembro de 2007

...

então, aí liguei hoje né? Fazer o quê. Só pra sentir que tá tudo bem. Odeio ficar brigada, sabe? Alías, sou péssima de briga. Não suporto barraco, climão e tal. E aí ele foi doce, agiu como se nada tivesse acontecido, como se a gente não tivesse se espetado horrores ontem. Ele foi terno. A pergunta é, quanto tempo dura essa ternura antes que venha outro rompante?
E quando é que a gente aprende que LANCHE é LANCHE e que não vale a pena misturar as bolas?
:)

Rubem Braga


"...Meu bom humor fê-la sorrir. Na hora de sair disse que ia me dizer uma coisa, depois resolveu não dizer. Não insisti. E não a vi mais. Com certeza não a verei mais, e não ficaremos os dois nem decepcionados nem sentimentais, apenas com uma vaga e suave lembrança que um dia se perderá. Pego as pequenas luvas pretas. Têm um ar abandonado e infeliz, como toda luva esquecida pelas mãos..."

Tom Zé matinal


Menina amanhã de manhã quando a gente acordar, a felicidade vai desabar sobre os homens...

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

TCC - parte III

Coquetel

Releitura de “Pequenas Epifanias” de Caio Fernando de Abreu

O Cauê é um doce. Não conseguiu dizer que eu estava bonita então disse assim: “Você está tão bem né? Você soltou o cabelo?”. Sorri. Tem aquele tipo de leveza que é invejável. Coração bom, do tipo que é solidário.Segurou minha bolsa e colocou a mão na minha coxa. Partiu um pedaço de carne, colocou no meu prato e regou com limão “assim fica mais gostoso”. Alimentou-me. Minha alma saiu de lá satisfeita. Olhou pra mim e disse: “Você está um pouquinho bêbada, vou te levar em casa”. Não precisa, mas trouxe. Falou de Chico Buarque como se fosse mulher. Comentou que tem azar no jogo “mas sorte no amor” com um sorrisinho sutil e maroto. Desses que não promete nada, mas já vem embutido o mundo embrulhado em ouro. É queridíssimo pelos amigos, pagou a conta e deu carona pra todos. Cauê quer ter filhos logo “uns 5, se eu pudesse, teria já”. Quando o irmão mais novo pede champagne porque “está com sede”, Cauê dá um tapinha e fala “pega uma coca”, mas acaba dando um golinho.

Ele me deixou com um sorriso genuíno no rosto o dia seguinte inteiro. Quando eram 11 horas me ligou pra saber como eu tinha ido pro trabalho, “fiquei preocupado”. E um silêncio grande tomou conta da linha telefônica. Não conseguia falar nada. É que dentro de mim tinha apenas uma brisa que não podia ser verbalizada. Porque é muito interna, íntima e profunda. Tranquei minhas palavras.

Durante a tarde lembrei de um texto do Caio Fernando de Abreu que fala em pequenas epifanias : “Miudinhas, quase pífias revelações de Deus feito jóias encravadas no dia-a-dia. Era isso – aquela outra vida, inesperadamente misturada a minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania.”
Eu vivi uma pequena epifania porque enxerguei um presente em todo aquele sentimento. Depois veio o súbito medo de perder, de esquecer todos os sentidos que foram colocados a postos naquela noite. E tudo que estava suspirando dentro de mim na manhã do dia seguinte. O medo de simplesmente esse momento, fazer parte da coleção de coisas que foram e que não deixaram nenhuma marca. Sempre fui nostálgica, sobretudo do que não chegou a acontecer. Dos deslumbramentos a haver. Já ele, o Cauê não. Ele é concentrado na felicidade. Tem um sorriso espiral e olhos solares.

E tudo isso nascido de uma noite de coquetel de trabalho...

coisas que eu pensei da conversa de ontem

-- o bom analista é aquele que trata a paixão.
-- comportamento obsessivo independe do objeto.
-- nem todo mundo sente as coisas da mesma maneira que a gente.
-- acho que eu to com bode dele.
-- o mais velho é a pessoa mais especial que eu já conheci na minha vida.
-- saudades da Nilds.

hum... acho que é só.

Ok. Comprovado! O Contardo tá no patamar do Chico.

CONTARDO CALLIGARIS
Ilhas desconhecidas
O amor e a viagem nos fazem descobrir que há algo, em nós, que não conhecíamos até então

... De fato, há mesmo uma relação entre o amor e a verdadeira viagem. Vamos ver qual. De vez em quando, tenho vontade de viajar. O que chamo de viajar não tem muito a ver com viagens de férias. Tampouco significa necessariamente desbravar terras virgens. Encontrei a melhor definição do que é viajar numa maravilhosa e breve fábula de José Saramago, que acaba de ser publicada, "O Conto da Ilha Desconhecida" (Companhia das Letras). O protagonista explica assim seu desejo: "Quero encontrar a ilha desconhecida. Quero saber quem eu sou quando nela estiver". Viajar é isto: deslocar-se para um lugar onde possamos descobrir que há, em nós, algo que não conhecíamos até então. Sem estragar o prazer dos leitores, só direi que, no fim da fábula de Saramago, talvez o protagonista não encontre sua ilha, mas ele encontra uma mulher. A moral da história é incerta, entre duas leituras opostas. Primeira leitura: quem casa não viaja (a não ser de férias); casar-se é desistir de viajar. É o que pensam, com freqüência, homens e mulheres casados. E é também o que os leva, às vezes, a se separarem. Quando achamos que o outro nos impede de viajar, ou seja, que ele nos priva da aventura de descobrir o que poderia haver de diferente em nós, o casal se torna nosso inimigo. Claro, na maioria dos casos, acusamos o casal de uma inércia que é só nossa. Exemplo: anos atrás, na França, um amigo se interessava pelas pessoas que desaparecem sem razão aparente e refazem sua vida alhures, sob outro nome, como se tivessem sido vítimas de uma amnésia repentina. Em todos os casos em que meu amigo conseguira entrevistar esses "desaparecidos", os mesmos constatavam que, depois de seu sumiço, em poucos anos, eles tinham reconstruído uma situação de vida parecida com aquela que tinha motivado sua fuga. Segunda leitura: o protagonista descobre que a mulher ao seu lado é a própria ilha desconhecida que ele procurava e que a verdadeira viagem é o encontro com um outro amado. Faz todo sentido, pois o amor e a viagem, em princípio, têm isto em comum: ambos nos fazem descobrir em nós algo que não estava lá antes. O outro amado nos transforma. Tanto quanto a chegada numa terra incógnita, ele nos revela algo inesperado em nós. Por isso, aliás, o viajante e o amante podem esbarrar em problemas análogos: às vezes, ao sermos transformados pela viagem ou pelo amor, não gostamos do que encontramos, não gostamos dos efeitos em nós do amor ou da viagem. Essa é, em geral, a única razão séria para se separar ou para voltar da viagem. Moral dessa coluna (e talvez da fábula de Saramago): os outros não são nenhum inferno, são uma viagem. Agora, para amar, como para viajar, é preciso ter determinação e coragem.
ccalligari@uol.com.br

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Barthes -- second time of the day -- a foto é contribuição da Maricota

"O discurso amoroso não é desprovido de cálculos: eu raciociono, faço contas, ás vezes, seja para obter determinada satisfação, para evitar determinada mágua, seja para representar interiormente o outro, num movimento de humor, o tesouro de engenhosidades que esbanjo A TROCO DE NADA em seu favor ( ceder, esconder, não magoar, divertir, convencer etc). Mas esses cálculos são apenas impaciências: não há pensamento de um lucro final: o gasto está aberto, ao infinito, a força deriva. sem finalidade ( o objeto amado não é uma finalidade: é um objeto-coisa, não um objeto-final)".

Hilda Hilst

Teus passos somem
Onde começam as armadilhas
Curvo-me sobre a terra que me espia

Ninguém ali. Nem humano, nem feras.
De escuro e terra tua moradia?
Pegadas finas
feitas a fogo e a espinho.
Teu passo queima se me aproximo.
Então me deito sobre rodeiras
Hei de saber o amor à tua maneira.

Me queimo em sonhos, tocando estrelas.

Barthes

Pronto, eis aí o outro anulado sob o amor: dessa anulação tiro um proveito verdadeiro: quando uma ferida acidental me ameaça ( uma idéia de ciúme, por exemplo), eu a recupero na magnificência e na abstração do sentimento apaixonado; deixo de desejar aquilo que, estando ausente, não pode mais me ferir. Entretanto, imediatamente, sofro ao ver o outro ( que amo) assim diminuído, reduzido e como excluído do sentimento que ele suscitou. Me sinto culpado e me reprovo de abandoná-lo . Uma reviravolta se opera: procuro desanulá-la, me obrigo a sofrer novamente.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

... Sin perder la ternura jamás...

BORGES -- gracias Tamasa

A despecho de tu desamor
tu hermosura
prodiga su milagro por el tiempo.
Está en ti la ventura
como la primavera el la hoja nueva.
Ya casi no soy nadie, soy tan sólo
ese anhelo
que se pierde en la tarde.
En ti está la delicia
como está la crueldad en las espadas.

Bebeliiita Hey!

A minha querida Bebel, mais conhecida como " Kill Bell", agora é faixa amarela no Kong Fu.
Toda linda e formosa. Unhas vermelhas e faixa de Oxum amarrada na cintura. Ritual mas sem nunca perder o charme. Uma coisa muito séria. Se ele me encher muito o saco, ela dá um safanão nele, né Bebs?
:)

sábado, 24 de novembro de 2007

Eu não sou um tufão. Eu sou calmaria.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Como manter a calma quando se descobre que o TCC está errado 3 dias antes da Banca

Ok fellows.
Se der caca... temos aqui um manual.
1- Chore -- desabafar faz bem.
2- Ligue pra melhor amiga -- ou espere ela te ligar, mas desabafar é essencial. Xingue, chute o lixo, fale mal do mundo...
3- Faça aqueeeeeela chantagem emocional com o seu orientador -- Ó céus, ó vida e u é?
4- Aí sim, mantenha a calma. Ninguém é mais criança né gente? Ok, deu errado bora solucionar.
5 - Se conforme -- você vai TER que refazer TUDINHO em cinco dias -- um tempo surreal. That´s what life is about ... SE VIRA NOS TRINTA, amor.
6- Depois do estress, trabalho resolvido, amigos de saco cheio da suas reclamações, professores querendo matar vc e querendo matar todo mundo -- chore mais um pouco -- esse choro é FANTÁSTICO!
7- Te pongas guapa e vamos a lá banca -- com classe, graça e sorriso -- como se NADA tivesse acontecido.
8- Seja feliz porque ACABOU!

Nilds, vc é um anjo.
Besoote.

TCC

falta pouco, falta pouco, falta pouco...

Grande sertão -- afinando, please.

"O senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais. Ainda não foram terminadas – mas que elas estão sempre mudando. Afinam e desafinam. Verdade maior. A vida me ensinou. Isso me alegra, montão".

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Um pedacinho do livro de cabeceira pra minha querida que vai viajar...


"... O encanto de um local estrangeiro deriva da simples idéia de novidade e mudança: de encontrar camelos onde na terra natal havia cavalos; de encontrar edifícios sem enfeites onda na terra natal havia colunas. Pode haver, porém um prazer mais profundo: nós podemos valorizar elementos estrangeiros não só porque são novos, mas porque parecem se harmonizar com nossa identidade e com nossos envolvimentos de modo mais fiel do que qualquer outra coisa que nossa terra natal pode oferecer".

Carta de mãe VII

Queridos filhos é bom que saibam que estou gostando muito de ter 64 anos. Criei vocês, levei prá lá e prá cá, aprenderam a nadar, estudaram inglês, foram para acampamentos, viajaram para a Disney, voces são maravilhosos, amorosos, bonitos, enfim agora posso viajar sem me preocupar com quem vai tomar “conta” de vocês, ler livros apenas por prazer, conversar com os amigos queridos , jantar fora só com o papai e ainda, como lucro, vejo vocês sempre e vocês estão sempre como sonhei-- felizes, olhando para os outros, generosos, e mais não posso dizer com medo de inveja. Cruz Credo!!! Inveja mata. Muitos abraços e beijos da mamãe (que ,hoje teve um acesso de saudade e afeto).

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

É mole ?

Ontem ele me disse que eu tenho "muitas faces". "Só duas -- e porque eu sou geminiana" respondi eu. Ele retrucou: "Que nada! Umas cinco". Ah... que petulantezinho esse menino!! Então eu disse: "Imagina, meu bem -- VC QUE NÃO ME ENTENDE MESMO" :) e fui embora feliz. Eu e as minhas 5 faces satisfeitésimas.

ENCADENADAS II - carta da Nata

Má,
Vc descobriu minha querida. Vc é presidiária da ternura, atada aos pequenos amores da armadilha terrestre! Isso dói ás vezes né ? É um privilégio para poucos. Mas acho que são outras "cadenas del alma" que te fazem sentir presa. Sei bem como é isso. Niglicenciar a nossa felicidade em nome dessas pessoas- cadenas. Como bem lembrou a sábia Ana, a gente tem o direito e o dever de ser feliz. Mas aí está o paradoxo: nossa felicidade também está intimamente ligada a essas cadenas que nos faem mal não é mesmo ? E como resolver uma loucura dessas ? Como a gente adquire essa sensatez de que sua mãe fala ? E se só soubermos ser felizes assim, do tipo "encadenadas" ? Isso me preocupa. Esse texto (lindo) do Paulo Mendes Campos não poderia aparecer em melhor hora.
Beijos

ENCADANADAS I -- na visão de Paulo Mendes Campos

...quem jamais negligencia os ritos da amizade; quem guarda, se lhe deram de presente, o isqueiro que não mais funciona; quem coleciona pedras, garrafas e galhos ressequidos; quem passa mais de dez minutos a fazer mágicas para as crianças; quem guarda as cartas do noivado com uma fita; quem sabe construir uma boa fogueira; quem procura decifrar no desenho da madeira o hieróglifo da existência; quem não se acanha de achar o pôr-do-sol uma perfeição; quem se desata em sorriso à visão de uma cascata ; quem leva a sério os transatlânticos que passam; quem visita sozinho os lugares onde já foi feliz ou infeliz; quem de repente liberta os pássaros do viveiro; quem sente pena da pessoa amada e não sabe explicar o motivo; quem julga adivinhar o pensamento do cavalo; todos eles são presidiários da ternura e andarão por toda a parte acorrentados, atados aos pequenos amores da armadilha terrestre.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

POETINHA ...

O RIO

Uma gota de chuva
A mais, e o ventre grávido
Estremeceu, da terra.
Através de antigos
Sedimentos, rochas
Ignoradas, ouro
Carvão, ferro e mármore
Um fio cristalino
Distante milênios
Partiu fragilmente
Sequioso de espaço
Em busca da luz.

Um rio nasceu
Vinicius

sábado, 10 de novembro de 2007

"é uma coisa séria, o sorriso" - TCC Antonio Prata

Em “Promessa” você fala sobre “uma promessa de felicidade”, você não acredita que a gente pode ser feliz?

É a aquela letra do Vinícius que fala “O samba é a tristeza que balança”. “É melhor ser alegre que ser triste”. O Mcdonalds pegou só essa parte da música. A música na verdade é o contrário disso. Sim, é melhor ser alegre que ser triste, mas se você não tiver tristeza você não faz samba bom. A tristeza apresenta uma visão ampla das coisas. A gente criou essa coisa histérica da felicidade hoje em dia. Eu escrevo muito isso na Capricho. Vamos sair dessa histeria. Primeiro lugar tem que tudo estar bem sempre. Essas frases que você lê na rua: “Você já sorriu hoje?” Como assim? Não vou sorrir hoje se eu não quiser sorrir. Não é uma questão muscular. É uma coisa séria, o sorriso. Ele vem quando você está feliz. E se não vier, tudo bem. Não é pra ser feliz sempre. Outra coisa que eu escrevo muito: você não vai conseguir tudo que você quiser. Se você quiser muito uma coisa, ela não vai acontecer. Isso é mentira de sessão da tarde. Você pode querer fazer tudo pra dar certo, você pode ser uma pessoa justa, boa e no final uma pessoa má, chata e burra vai conseguir e você não. Isso é perfeitamente plausível na ordem das coisas. Voltando a histeria... A promessa de felicidade. Não é que eu não acho que a gente possa ser feliz. Eu acho, mas a felicidade ficou uma coisa tão grande, tão obrigatória. Isso é coisa do “Big Brother”. Os caras vão tomar banho e gritam : “uhu”! Vão comer e gritam “uhu”! Vão tomar mate e gritam “uhu”! Não é possível que eles sejam tão felizes tomando um mate. Não é assim, né? Acho que o “Big Brother” teve um grande papel na inflação da alegria e da felicidade. Logo no começo do “Big Brother” eu fui pra praia e as pessoas da casa do lado gritavam o dia inteiro. A felicidade depois do “Big Brother” não basta sentir, você tem que projetar a felicidade até os vizinhos. Entrar no chuveiro e gritar: “uhu”! Tomar Coca-Cola e gritar “uhu”. E isso é uma coisa triste.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Nem vem que não tem - Ines Pedrosa

"Arrumei os amores, é a primeira regra da vida – saber arquivá-los, entendê-los, contá-los, esquecê-los. Mas ninguém nos diz como se sobrevive a um sentimento que não murcha. A amizade só se perde por traição – como a pátria. Num campo de batalha, num terreno de operações. Não há explicações para o desaparecimento do desejo, última e única lição do mais extraordinário amor. Mas quando o amor nasce protegido da erosão do corpo, apenas perfume, contorno, coreografado em redor dos arco-íris dessa animada esperança a que chamamos de alma – porque se esfuma ? Como é que de um dia para outro, a tua voz deixou de me procurar, e eu deixei que a minha vida dispensasse o espelho da tua ?"

Freud - sentimento oceânico - quem já sentiu ?

Esta, diz ele, consiste num sentimento peculiar, que ele mesmo jamais deixou de ter presente em si. Trata-se de um sentimento que ele gostaria de designar como uma sensação de "eternidade", um sentimento de algo ilimitado, sem fronteiras -- "Oceanico", por assim dizer.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Beth e Claudia na voz da Maga Mestra : Clarice

"E era bom. “ Não entender” era tão vasto que ultrapassava qualquer entender- entender era sempre limitado. Mas não-entender não tinha fronteiras e levava ao infinito, ao Deus. Não era um não-entender como um simples espírito. O bom era ter uma inteligência e não entender.Era uma benção estranha como a de ter loucura sem ser doida. Era um desinteresse manso em relação às coisas ditas do intelecto, uma doçura estupidez."

Susto Esplêndido

Ontem quando eu tava saindo do banho eu vi! Pequenina, toda atrapalhadinha... Era uma joaninha na minha cama... linda vermelinha de bolinhas pretas. Uma joaninha mesmo. Não sei como ela entrou em casa. A Re me disse que deve ter sido pela janela, mas eu prefiro acreditar que foi ALGUÉM que colocou ela ali. Só pra me dizer que dias melhores virão. Que vem sorte por aí. E eu acredito.

Grande Sertão - Lembrando pra esquecer


"Mas havendo o que ele querer que só eu soubesse, e que só eu esse nome verdadeiro pronunciasse. Entendi aquele valor. Amizade nossa ele não queria acontecida simples, no comum, sem enlaço. A amizade dele, ele me dava. E amizade é dada com amor. Eu vinha pensando feito toda alegria em brados pede: pensando por prolongar. Como toda alegria, no mesmo momento, abre saudade. Até aquela alegria sem licença, nascida esbarrada. Passarinho cai de voar, mas bate suas asinhas no chão".

Carta de Pai I


Cara Mazinha,como é viver em país que ficou pronto? E o cotidiano, o das pequenas coisas e atitudes, que é quando as diferenças aparecem? Por exemplo,o jeito da moça colocar o prato no restaurante,a maneira de olhar dos homens e das mulheres, o tempo de duração deste olhar,e assim por diante;tudo é levemente diferente,não é? O que tem lhe chamado mais a atenção?
E os argentinos? Nós não sabemos nada deles,não é? Que o metrô de B.Aires é de 1920; que não tinham miséria no século XX,que metade da população do país vive no grande B.Aires; que são orgulhosíssimos (lembra da piada do gato argentino falando no espelho,para si mesmo: -Leooon!); que certos assuntos do país são tabu -no Brasil não há nenhum similar-; por exemplo, há que ter discreção ao se perguntar de Eva Perón,que era uma espécie de mãe da pátria do povo desprotegido,”os descamisados”, como eram chamados; ou sôbre o peronismo, uma linha política nascida com Perón,na década de 40,que era um misto de fascismo com populismo, à la Getulio;que os burgueses de todas as ideologias detestavam Perón;que a ditadura militar foi violentíssima – punham jovens contestadores dentro de sacos e jogavam no mar ,daí que há um enorme contingente de desaparecidos. Em suma,gente muito mais “caliente”:é só comparar o samba com o tango e você vai entender o espírito deles. Ou então , comparar a vida do Pelé, todo certinho, sacaneando dentro da lei e chegando a ministro, com o Maradona, que deu tiros em jornalistas, é drogadaço. Nada mais incorreto politicamente. Mas se existem tabus , um não dá nem para provocar-PELÉ É MUITO MELHOR QUE MARADONA, o que equivale a xingar a mãe deles.

Beijitos,Pâpi.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Carta de mãe VI

Si hija, necessitas algo concreto. Basta de palabras, hay que concretizar su sueño. Habla. Qui lo sá! Besitos y Adios. Hoy vamos al concierto a la noche.
Mamá

A resposta - na verdade é do Peninha

Simmmm amiga é do Peninha!!! Ótima para cantar gritando "mas não tem revolta não, eu só quero que você se encontre, saudade até que é bom, é melhor que caminhar vazio, A esperança é um dom, Que eu tenho em miiiiiiimmmmm, Eu tenho sim".

Ai... "Quando meu mundo era mais mundo" adoro essa frase...
vou baixar no computador prá gente ficar na mesma revolta! Eu canto desse lado da Dutra e você do outro!!
beijocas

Redescobrindo e compartilhando Caetano

Nata, você conhece uma música "de Caê" que chama Sonhos...

Bola da Vez. To viciada.

"Tudo era apenas uma brincadeira e foi crescendo, me absorvendo
e de repente eu me vi assim completamente seu..."

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Leminski



Das coisas

Que fiz a metro

Todos saberão

Quantos quilômetros

São

Aquelas

Em centímetros

Sentimentos mínimos

Ímpetos infinitos

Não.

Ines Pedrosa

"Tomei a amizade como uma versão adulta e vacinada do amor, o que significa que transferi para cada uma dela a artilharia pesada do meu batalhão de afectos. Substituí o príncipe encantado pelo Amigo Maravilhoso, que eras tu. Podias ser meu pai, eras o meu discípulo. Nada poderia nos separar, porque estávamos naturalmente livres das armadilhas do desejo, da via sacra da posse e do sacrifício. Quanta candura. Uma vida inteira desperdiçada em candura – e nem sequer tive tempo para mudar o mundo".

domingo, 4 de novembro de 2007

Nostalgia

... No estacionamento ele a abraçou forte, dançaram “fora do ritmo”, deram risada e, quando ele entrou no carro, ele deixou escapar um “eu te amo” espontâneo. Foi uma das poucas vezes em que ela acreditou. Lembrou também de uma festa em que dançaram juntos “meia lua inteira”. Ele, que era tão econômico nos elogios, disse que a música estava ótima e a festa também. Depois no bar, lhe disse “Não sei o que liga a gente , mas sei que é muito forte” “quero ser seu amigo pra sempre”. Ela entendeu...

sábado, 3 de novembro de 2007

Carta de mãe V

Prá mim, ontem foi um dia especial. O dia de dar o "Grande Sertão: Veredas" para uma filha (o) não é um dia comum. Claro que esse livro não carece de nenhuma dedicatória mas quis colocar uma frase contida nele. Foi muito difícil escolher. Foi bem mais fácil quando dei para o Fernando. Marilia é uma pessoa que tempera muito bem o doce e o amargo, o triste e o alegre. É muito doce, mas é também, uma adulta amadurecida no jornal. Tem só 23 anos e não é corajosa como a Mariana e nem conservadora como o Fernando. É risonha mas é densa. Eu adoro essa minha "pequena" que é bundudinha e toda cheia de curvinhas bem distribuídas em apenas 1,55m.
No fim optei por "Viver é um decuido prosseguido". Ela leva o viver muito a sério.
mama

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Grande Sertão - encaixotando - depois de assistir "O Passado"

"Ao tanto com o esforço meu, em esquecer Diadorim, digo que me dava uma entrante tristeza no geral, um prazo de cansaço. Mas eu não meditava pra trás., não esbarrava. Aquilo era a tristonha travessia, pois então era preciso. Água de rio que arrasta. Dias que durasse, durasse; até meses. Agora, eu não importava. Hoje eu penso, o senhor sabe: acho que o sentir da gente volteia, mas em certos modo, rodando em si mas por regras. O prazer muito vira medo, o medo vira ódio, o ódio vira esses desesperos? -- o desespero é bom que vire a maior tristeza, constante então para o um amor -- quanta saudade ... -- ; aí outra esperança já vem... Mas, a brasinha de tudo, é só o mesmo carvão só. Invenção minha, que tiro por tino".

Diz uma lenda que Oxum passeava na floresta brincando os animais, que são seus amigos, desfilando seu ar coquete e sensual. Foi assim que Ogum - homem rude, bruto e violento - a avistou. Diante da beleza e graça de Oxum, Ogum sentiu que se apaixonava por Oxum e correu para ela. Declarando seu desejando e implorando seu amor. Mas ela só tinha olhos para Xangô, por quem estava enamorada. Assustada com a atitude de Ogum começou a correr pela mata, fugindo de seu pretendente que a seguia de perto. Desesperada se atirou nas água de um rio, cuja corrente a arrastou rapidamente para bem longe de Ogum, mas ameaçava afoga-la. Levada pela correnteza, chegou até a desembocadura, onde encontrou Iemanjá. Compadecida, a senhora mãe das águas a protegeu e presenteou Oxum com aquele rio para ela pudesse viver. Ainda lhe presenteou com corais, jóias e cauris. Assim, Oxum encantou o seu amado Xangô com a sua riqueza e beleza e passou a viver no rio, que hoje leva o seu nome, tornando-se amiga inseparável de Iemanjá.

TCC é tenso

Tá na hora de acabar

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Nataloooooca y la suíte Flamenca

Nata, foi lindo a cia do Gades ontem. O primeiro ato foi o Lorca, Bodas de sangre. Achei só um pouco "ballet" demais, sabe... me hizo falta los tacones. Mas o segundo ato eles chamaram de "amores brujos y la suíte flamenca". E dá-lhe tacones guapa! Até "ole" eles gritaram da platéia. Flamenco bem clássico. Roupas vermelhas, saias rodadas, castalholas. Elas todas lindas. Eles : fortes, viris e sincronizados. Lembrei da minha mãe, com certeza ela fixaria o olho num deles e faria algum daqueles comentários hilários dela. Foi lindo mesmo. Me diz amiga... como dói as coisas pra eles aí né. Será o cheiro de jasmin, ou as mandalas árabes. No sé. O amor então... é uma doooooorrrr. Nada a ver com o nosso sambinha.
Imagina a Yasmin Levy :" Quiero olvidar el aroma de tu corpo, quiero olvidar el sabor de tus labios. Quiero tener, por una vez,una vida feliz.Por eso, me voy..." conversando com o Paulinho da Viola: "O que pode fazerUm coração machucado. Senão cair no chorinho. Bater devagarinho pra não ser notado.E depois de ter chorado. Retirar de mansinho.De todo amor o espinho.Profundamente deixado". Já pensou... que conversa maluca. Ela com aquela dor de quem mistura todas as culturas, de quem é cigana, de quem não tem pátria, é nomade. O outro com aquela esquizofrenia brasileira que chora horrores, mas chora cantando e sambando. Samba é triste né Nata. Mas a gente dança e canta euforicamente. Por isso que eles não entendem a gente! Como é que a gente sofre de um jeito alegre, como a gente sofre com euforia cantando "não sei porque vc se foi, quantas saudades eu sentiiiiiiiii".
É minha querida, por isso que as vezes pensamos "no tengo lugar". Porque a gente tem um pouquinho dos dois né.
Te adoro minha querida. Te quiero muchíssimo.
Besooote.
Mazi

Lorca -- em homenagem ao Gades de ontem

La luz del entendiemiento
Me hace ser muy comedido
Sucia de besos y arena
yo me la llevé al río.
Con el aire se batían
las espadas de los lirios
Me porté como quien soy.
Como un gitano legítimo.
Le regalé un costurero
grande, de raso pajizo,
y no quise enamorarme
porque, teniendo marido,
me dijo que era mozuela
cuando la llebava al río.