quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Pois é... não é fácil, nós sabemos.


AMEIIII florzinha!

A arte de Mariliar, verbo irregular

Eu mazolo
Tu mazinhas
Ele enlouquece
Nós mazinhamos
Vós peketitáis
Eles enlouquecem um pouco mais

By Ana Carolina Ralston

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Patada-pensada é coisa de gente ruim

Toda vez que eu tomo uma patada fico pensando a razão que leva alguém a fazer isso. Não é por nada não, eu sei que todo mundo tem seus dias ruins, da pá virada coisa e tal. Mas eu falo da patada pensada, aquela que é dada para machucar mesmo. Veja bem, não to aqui na posição de quem nunca deu uma patada na vida. As vezes espalho umas por aí, principalmente quando to na TPM ou chateada com alguma coisa. Mas a patada-pensada é pior. Não tem a ver com mal-humor, com noite mal-dormida. É “ruindade”, como diria minha avó. A pessoa, num ataque de “umbigo-do-mundo”, fala o que quer indiscriminadamente, agride, é inconsequente e ainda por cima tem a certeza de que está tomando a atitude correta. Vai tentar discutir com uma fonte de patadas-pensadas para ver só... vira um show de críticas impensadas, de gestos magoados e de uma arrogância sem fim. Tudo muito dolorido, acho eu. Agora nós, pandas que somos, como reagir diante de uma patada- pensada- grátis?
1. Rebater -- hum... meio complicado. Eu pelo menos, fico super ressacada emocionalmente quando sou super grossa com alguém. Além do que, é o famoso “perder a razão”.
2. Ignorar -- ainda to pra aprender a relevar essas coisas. Pensar “ ah... desencana, fulano é um babaca mesmo”. Só gente muito elevada espiritualmente, ou frio demais para não se deixar atingir.
3. Chorar -- é sempre um opção. A pessoa pode se sensibilizar e perceber que está sendo extremamente injusta e ignorante com uma pessoa dócil e amável, mas tem perigo de vc perder o respeito no melhor estilo “Jade Barbosa” de ser.
4. Cortar a pessoa da sua vida -- trágico, mas não deixa de ser uma solução. Se cada patada deixa um arranhão e vc mal consegue cicatrizar um que já chega outro... porque não eliminar a fonte de machucados?
A verdade é que nenhuma dessas soluções é confortável. O ideal é que todo mundo se tratasse com educação, sensibilidade e menos egoísmo.Ok, meio panda demais esse post né? Mas é que eu ando levando patadas-pensadas e isso tá bem chato. Como não quero recorrer a nenhuma das opções acima... o jeito é sair escrevendo. Quem sabe alguém não sente a mesma coisa?

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Grande sertão

Viver é muito perigoso... Porque aprender a viver é que é o viver mesmo... Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e abaixa... O mais difícil não é um ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Outras mumunhas mais... e aí acontece de novo. Sempre de vc. O mesmo olho e o mesmo jeitinho de pegar na mão. Me acalmando, sempre. Cacho de acácias. Pode o mundo estar o caos, pode vc estar infeliz, pode a guerra estar rolando solta na Geórgia... vc me acalma. Olha dentro do meu olho, me sopra doçuras e faz isso. Just smile. Saio eu, toda colorida, saltitante, cheia de certeza que ainda existem alumbramentos. Uma maneira toda especial de cobrir meus ombros e dizer sempre coisas lindas, verdadeiramente. Contando estrelinhas no céu. You´re mine. A parafina da vela derretendo e Caetano não pára de lembrar ... A tua presença mantém sempre teso o arco da promessa.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Rachelines

"Ti amuuuuuuuuuuuuuuuuu, cara”, ela vem toda fofoleta, pulando no colo e abrançando forte: “eu sou meio assim mesmo, Felícia, apeeeeeeeeeerto porque amo muito”, ela fala com uma vozinha única. A Rachelines é a Rach, essa loirinha encantadora, um girassolzinho. Não tem papas na língua e tem uma qualidade que eu admiro muito: a capacidade de criar intimidade. Eu adoro que ela fica amiga dos meus amigos, entra no clima, dança Michael, come churrasco, me mostra rockzinhos modernos e... topa dormir mais cedo na praia. Nossa “garotinha” que inventa expressões carinhosas, apelidinhos, não faz cara feia quando a gente pede um cigarrinho e se emociona com as coisas prosaicas. Amo isso. Ela não economiza afeto e não mente: sente de verdade. Quer coisa mais deliciosa do que uma pessoa que tem muito amor e não se poupa disso? Haja generosidade. A gente viaja juntas, combina encontrinhos em casa e sempre acabamos embriagadas de vinho e de risadas. Porque ela é doce, é companheira e sabe segurar a onda das amigas malucas. E quando pira, pira de verdade. Perde as estribeiras mas nunca a carinha iluminada de girassol. Nós duas segurando e balançando a bandeirinha da neurose. É o patrimônio da patota, toda colorida, toda charmosa, a “garotinha” querida dos pais. Os amigos homens agradecem, mas a gente não divide com qualquer um. Ah... porque girassol sabe muito bem virar para a luz!

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

And I say no, no, no

Não sou de ficar comentando notícia porque esses assuntos me cansam um nani. 10 vezes a mesma tecla. Mas tenho que falar aqui que eu estou horrorizada com a história da menininha chinesa que foi trocada pela mais bonitinha. uuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh para a China. Vaia grande mesmo. Gente, já pensou o trauma dessa menina? O que a mãe vai dizer para ela? Os anooooos de análise para reconstruir esse ego? O complexo, a idéia de beleza, reconhecer as próprias qualidades etc e tal. E a outra? Que vai achar que é uma celebridade pro resto da vida: eles construiram uma monstrinha e nem sabem disso. A tal da “bonita” vai achar que ela está no mundo pra isso mesmo: dublar e mostrar a carinha de princesa. Abaixo a perfeição da chinesinha!

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Querida Natalinda,
Entrevistei a Zlata Filipovic. Logo que eu cheguei a menina de olhos verdes e profundos deu uma risadinha simpática. Óbvio, boa européia que é, fui dar um abraço e ela me estendeu a mão. Foi lá na Cia das Letras mesmo e foi na minha frente que ela experimentou pela primeira vez, água de côco. Acho que ela não gostou muito, mas foi educada, claro -- disse que achou “interesting”. Falamos de violência, do país dela e da paz que parece tããããããão longe. Me contou que mora na Irlanda e que adora os irlandeses. Disse que tinha conhecido lá em Dublin uma jornalista brasileira linda, super fofa . “Ah... Zlata, é a Nataly”, eu falei, achando graça na coincidência. “ Yes, that´s her, we were supposed to do a trip together but she had to go back to Spain”. Aí contei todo seu drama, que vc estava trabalhando, que tinha um projeto secreto e tal. Ela entendeu, mas me disse que vc combinou de ir junto com ela para o Machu Picchu. Eu disse que quero me juntar a vcs, posso? Tímida e inteligente, ela falou do trabalho que faz na ONU, ah... falou dos absurdos de viver numa situação de guerra. A gente não tem idéia do que é isso, né? Faltar água e luz e ter perigo de bombardearam a sua casa a qualquer momento. Mas rapidamente ela recuperou o lado menina, quando a fotógrafa chegou. Interrompeu a entrevista porque queria passar rímel “ estou viajando há 13 horas”, se justificou ela, toda vaidosa, com um lenço lindo que eu queria roubar pra mim, ups! Ela estava animadíssima para ir pro Rio: “ Nataly told me that there is a nice house of samba there”. Eu disse que sim, mas que aqui em SP a gente tem coisas muito legais tbm. Depois fiquei sabendo que a Tamaza e a Migalinha levaram ela lá no Genésio. Boa escolha, com aquela caipirinha a europeiazinha deve ter ficado só no sapatinho. Ainda assim, ela tem uma tristezinha no olhar que eu não consegui traduzir. Coisa de história, sabe? Coisa que nem a gente, com a nossa super- senbilidade- tabajara, consegue capturar. Mas tá valendo, bora desvendar essa história e sacudir a tristeza?
Loby you.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Roland Barthes

"Devo continuar? Wilhelm, amigo de Werther, é o homem da Moral, ciência certa das condutas. Esta moral é de fato uma lógica: ou isto ou aquilo; se escolho (se marco) isto, então, de novo, isto ou aquilo: e assim por diante, até que, dessa cascata de alternativas, surja enfim um ato puro - puro de todo arrependimento, de todo tremor. Amas Carlota: ou tens alguma esperança, e então ages; ou não tens nenhuma, e então renuncias. Tal é o discurso do sujeito 'sadio': ou, ou. Mas o sujeito amoroso responde (é o que faz Werther): tento me esgueirar entre os dois membros da alternativa: quer dizer: não tenho nenhuma esperança, mas mesmo assim... Ou ainda: escolho obstinadamente não escolher; escolho a deriva: continuo"

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Mini-azeitona


Sobre as olimpíadas

A-do-ro. Essa neura me contagia completamente. Fico vidrada na televisão, ainda mais com essa história de ser na China ... são 24 horas de piruetas, braçadas chutes e pedaladas. Chegou da balada? Oba! assistir a ginástica olímpica. Acordou mais cedo no sábado? Oba! Bora ver a reprise -- porque that´s what olímpiadas is about: ver e rever 400 vezes o mesmo salto, os comentários, as câmeras lentas etc e tal. Agora, obviamente, panda que sou, não aguento ver os caras se estribuchando, me dá um apeeeeeeerto. O coração vira uma azeitona. Aprendi no jogo do Corinthians que essa coisa de aflição é bom. Então aqui vão algumas coisa que fugiram à minha compressão nesse primeiro final de semana de olimpíada:
1) A ginástica Olímpica.
Essa ginástica é da pesada. As meninotinhas brasilieras super fofoletas com aquele técnico que só aperta a mão delas e fala um frio :“valeu a tentativa”. Aiiii não, moço. Abraça elas, diz que elas foram bem, sabe? A outra pobrezinha quase arrancou um naco da mão, chorosinha - louca por um colo - e ele lá todo posudo. Humpf!
2) A chinesa fofoleta.
Gente, uma chinesinha que ganhou o levantamento de peso. Como a gente imagina uma levantadora de peso? No mínino, uma não-panda. Mas ele é uma pandinha total. De xucas no cabelo deu uns pulinhos e agarrou o técnico que nem uma macaquinha. Embrulha.
3)O Judô
Não entendo essa luta. Ué, derrobou, ganhou, não? nãaaaaao. Não basta derrubar a pessoa, tem que virar ela no chão. Torci pra uma argentininha guerreira super peque que acabou levando a medalha de bronze, toda descabelada a coitada, hermana é hermana né ?
4) O tal do Phelps
Outra coisa que eu não consigo entender: o tal do Phelps. O cara é um monstro. É todo dia a mesma coisa, ele chega lá sussegadão, i-pod na orelha ( o que escuta o maior nadador do mundo, minutos antes de se jogar na água?), e faz aquilo com a maior naturalidade do mundo. Ganha e quebra todos os recordes como quem toma uma coca cola num parque. Tenho certeza que ele passou os últimos 4 anos na água e não tem idéia do que se passa no mundo out-water. Não deve nem saber quem é Barack Obama.Ouvi dizer que a envergadura dele é maior do que a altura. Imagina ganhar um abraço do Phelps? dá pra dar duas voltas na minha cinturinha.

***

E então estou lá no sábado de manhã namaiorpreguiçadouniverso, assistindo sem parar: do futebol feminino pra natação, pra ginástica pro voley de praia e pensando : “ Marilia, vc deveria descer e correr um pouco na esteira, afinal, vc não quer ser uma couch potato”. Mas a preguiça me dominava e a câmera mega-ultra- surround- sound pegando os detalhes dos músculos dos atletas, as expressões mais caricaturais... me puxava para continuar no sofá. Até que, algumas meias-horas depois, me peguei assistinho basquete entre China e EUA. Eu estava literamente envolvida no jogo, vibrando e sofrendo, então pensei comigo mesma: “ Por dióoooos!Você não gosta de basquete e não tem nenhuma ligação forte com esses países, desce sua preguiçosa!”. Fui, corri e tal, mas minha cabeça não desligou do “dream time” nenhum minutinho, “será que eles estão ganhando? E o chinesão de 2 metros e cacetada? continua arrasando?” Foi nesse momento que eu percebi que eu não sou normal mesmo, ou que esse espírito olímpico é uma adicction total.
Ahhh mais lindo mesmo é ver a hora das entregas de medalha. Sorrisinho, sorrisão, abraço pra mãe e pro pai. Flores, pulinhos contentes, alívio e muito beijos. Os mais fortões, podem reparar, não se aguentam no podium e abrem a boca a chorar. Continuo achando que deveria ter medalha para a equipe mais alegre, afinal, humor não é um esporte dificílimo? Essa, a gente ganharia de longe, tocando pagode e comendo pastel. Ouro pra nós.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Querida Natalinda,
Pós-gastritesciumetícias, essa semana tive duas experiências incríveis. A primeira foi na segunda-feira. Eu já tava toda saltitante porque a Beth ( my piscológist) voltou de viagem e eu ia contar todos os dramas contemporâneos e tal. Mas eis que quase 7da noite, me chama a chefe na sala e fala com aquele jeitinho que só as chefes têm: “ Marilia, vc não quer ir assistir o Marcelo Gleiser falar na mpm?” Puuuuuuuuuuuuuuuuuts. Adeus terapia, adeus esteira, sauna, saladinha e cama. Tasca eu, no maior mega-mal-humor, ir na MPM, plena segundona ver um físico falar para publicitários. Mas, inesperadamente, foi incríiiiivel! Para ser sincera, já tinha visto uma palestra dele, quando eu tinhas uns 15 anos, no Santa Cruz. Na época, tinha pavor de física mas adorei. Te digo que segunda, ele fez exatamente a mesma palestra. E foi igualmente interessante. Não tem como não ser. O cara fala de galáxias, de estrelas, de viajar para o futuro, para o passado na velocidade da luz, origem da vida, dos sentimentos. Ah... não tem quem não se sinta completamente hipnotizada. Além do que, ele é lindo e charmoso. Eu aproveitei que tava com o carro do jornal e tomei um prossequinho, fiquei lá, nesse mundo gothan-project-ambiente-bom gosto que é o mundo do “advertisement”. No fim, fui trocar umas palavras com o bonitão. Ele me disse: “manda um beijo pra Nataly. Diz pra ela que estou pesquisando sobre aquele mistério que falamos da última vez e que sim, é possivel viajar para outras galáxias”. Recado dado!A segunda coisa linda foi ontem lá no Sesc Pompéia. Uma aula-show do Wisnik, Paula Morelenbaum e Arthur Nestrovski. Sobre quem, quem? O poetinhaaaa! Sim, ele. Bom, nem preciso te dizer que me debulhei em lágrimas. Já na primeira música a Marilinha aqui ficou toda emotiva e chorosa. O que se seguiu foi um show lindo, intimista e com muito humor. O Wisnikão arrasou. No final fui dar uma bitoca nele e ele não me deixou esquecer: “ Fiquei sabendo que a Nataly não é mais loira, é verdade?” “Pois é Zé Miguel, ela tá au naturel”, respondi, eu. Ele sorriu um sorriso cúmplice, me deu um abraço e nós três: Eu, Jxulis e Re fomos parar na mercearia.
Ainda bem que a vida tem dessas coisa, né Nataloka?
Saudades
Beijos da Mazi

terça-feira, 5 de agosto de 2008

A resposta da Natalinda amada, celosa!

Marilinhaaaa!
Só vc mesmo pra me salvar del agujero negro de celos en el que me metí.
Que bom que vc me entende, que entende essa força obscura que sobe em espiral "gastritando-nos", até vazar pelos olhos em forma de vergonha. E quem inventou esse sentimentozinho pequeno, hein? Por que diabos a gente sente isso? Mas com todos os seus exemplos ilustres, me sinto mais amparada pela humanidade, porque é o que vc disse, quando ele vem, a gente se sente só no mundo. Mas Mazola, faltou la reina de los celos: Medéia. Essa chegou ao extremo. Cega de ciúmes porque o Jasão a trocou pela filha do Rei de Corinto, vinte anos mais jovem, (o don juan ainda ganhou um reino na faixa) matou a rival e os próprios filhos pra vingar-se. Eu furaria os quatro pneus do velocino de ouro, último modelo do Jasao, mas nada justifica matar os próprios filhos. O ciúmes na Antiguidade pegava pesado, hein?! E que bom que estamos na época dos "Dramas."
Mas eu analiso sim o meu ciúmes Mazola, e ele ataca em várias frentes. Por exemplo:

*O ciúme prolixo.
*O ciúme novidadeiro.
*O ciúme Eva, ou Pandora.
*O ciúme socialista-utópico ou o ciúmes A Namorada.
*O ciúme geográfico.

O Prolixo.
Modalidade de ciúme que se manifesta com o namorado econômico. Com aquele que mede com colherinha de chá as palavras, os elogios, a demonstraçoes de afeto, as opiniões, tudo. E eis que de repente, magicamente, é tomado pelo espírito Fidel. Fala muito, durante horas. O comandante está aberto, sensorial (toca as pessoas, é mole?). Aí é quando a flecha preta do Caetano se me clava en la garganta. "- E por quê comigo não? - Por quê nao pergunta pra mim? Por quê está assim com eles e comigo não? E olha que eu sou a namorada hein?!". Esse é o momento da surpresa, do susto. Logo a flecha preta começa a derreter seu veneno e fico agressiva. E Irônica. E sarcástica. Me meto na conversa, dou respostas mal-educadas, ou polêmicas, deixo-o sem graça. E depois, no minuto seguinte, quando ele volta a ficar mudo, me arrependo. É horrível.
O ciúme novidadeiro
Me mordo de ciúmes quando vejo que alguém (hembra), novo na áera, lhe desperta o interesse. O sorriso aberto, as expressões que cantam, a postura "pronta pro novo", como se se preparasse pra uma viagem, os olhos que piscam repetidamente, maravilhados pelo que vêem pela primeira vez. E, eu, automaticamente represento a mesmice, o dia-a-dia e fico desinteressante. E olha que sei que nao sou desinteressante, mas tbm sei que por muito avant-garde que seja, sua alma novidadeira já nao se interessa por mim. Muito frustrante.
O ciúme Eva, ou Pandora.
O ciúme Eva, me denuncia, é o pior. É coisa de louco mesmo, Marília. O ciúme Eva, ou Pandora, consiste em nao aceitar porquê a vida foi tao injusta, e não nos apresentou (eu e o amado) antes. O ciúme Eva ou Pandora não suporta, a simples lembrança, menção, presente, fotografia velha, ou qualquer coisa que possa ser usada como documento histórico e comprove que antes de mim, houve um outro amor. Ainda que esse tenha sido quando o querido ainda nao tinha os dentes caninos e nem pêlos debaixo das axilas. Nao me interessa. Eu gostaria de ser a primeira mulher, a única, a verdadeira. Faço tábula rasa das outras namoradas. A vida se divide em A.N e D. N. E agora, sou louca o quê?
O ciúmes socialista-utópico ou o ciúmes A Namorada
"Todos los animales son iguales, pero algunos son más iguales que otros." Os namorados que nao leram até o final o livro do George Orwell, nao sabem que vc não é igual a todos os animais da granja. Os namorados socialista-utópicos gostam de dar o mesmo tratamento, à namoradas, amigos recién hechos, porteiros e familiares. Minha alminha totalitária mandaria todos para o paredão de fuzilamento. Àquele que nao sabe reservar uma cadeira, estrategicamente melhor posicionada em uma mesa pra sua amada, ou poupá-la de esforços como carregar uma simples sacola de supermercado, nao merece o privilégio da nossa companhia. Porque nao sabem valorizá-la. Nao sabem o difícil que é encontrar alguém tao sublime e perfeito como nós. Não sabem discriminar A Namorada, em meio a massa infame. Somos diferentes, somos especiais, somos A Namorada.
O ciúmes Geográfico.
Esse é o mais injusto. Porque transforma a mais paradisíaca das cidades no retrato de um filme da 2a Guerra. Não importa como seja, quantas estrelas tenha no guia Michelin, vc nunca irá pra lá, e sempre vai falar mal do lugar mesmo sem conhecê-lo. Bagur, na Costa Brava, por exemplo, a pérola do mediterráneo, que alguma vez funcionou como cenário da descoberta de um amor, é agora um lugar detestável. Uma prainha sem-vergonha, sem onda, cheia de pedra, aquela chatice toda que é o mediterâneo, sempre igual. É uma vila atrasada, que só tem vida no verão. E vida artificial, simulacro de Caribe com seu mojitos ridículos pra enganar gringo.

Tá vendo Marilinha, sou uma ciumenta analítica, e agora me dá licença que vou buscar minhas pastilhas "acalma suco gástrico", que lembrar todos esses ciúmes, que deixou transtornada. Tengo celos del aire que respiras. ¿Qué puedo hacer yo? Alguma idéia?

LOBBY YOU
Nataly

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Sobre o ciúme

Querida amiga ciumenta,
"Tengo celos del aire que respiras..." é o que diz a música do grupo corpo. Aqueles dois bailarinos se entrelaçando, ela dependurada no pescoço dele e no fundo a música latente, gritando uma angústia absolutamente incontrolável. Lembra aquilo que o Roland Barthes falou no "Fragmentos de um Discurso Amoroso"? “Como ciumento, sofro quatro vezes: porque sou ciumento, porque me reprovo em sê-lo, porque temo que o meu ciúme magoe o outro e porque me deixo dominar por uma banalidade. Sofro por ser excluído, por ser agressivo, por ser louco e por ser comum” Isso pra mim resume tudo. É horrível, para quem sente principalmente. Agora, acho que não é uma coisa sussa, que a gente controla e tal. Quando vem, é força que corrói, imaginação que voa, medo que brota lá no fundo da alma. Sei bem como é essa sensação, vc não se reconhece, pensa assim: "quem é essa mulher maluca?"... e o pior : quando esse sentimento HORROROSO toma conta da gente... estamos só no mundo. Não tem com quem dividir, porque dá vergonha, é feio... mas não tem como reprimir. Se a gente reprime rola aquele lance de retorno do recalcado. Vem, em momentos piores com muito mais força. Caetano já diria: "O ciúme lançou sua flecha preta e se viu ferido justo na garganta". Ok então, se tem que lidar com isso, lidemos. Só precisa tomar cuidado para que o ciúme não seja parte da nossa velha e conhecida "autosabotation". Ser feliz é uma escolha e já diria o poetinha que " o ciúme é o perfume do amor". A gente sabe que ciúme de verdade não tem nada de perfumado. A coitada da Carmen não foi assassinada porque o sarjentão não se aguentou? E aquele filme: "Te doy mis ojos"? O cara quer a alma da mulher. E ela gosta dele, mas não adianta. É força que brota de dentro. Nem o nosso amado Francisco ficou de fora e traduziu direitinho o ciúme feminino: "Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci". A gente enlouquece, é verdade. Só não percebemos que essa é uma guerra contra a gente mesma. A gente sofre e leva o outro junto com a gente pro buraco. Não é motivo de vergonha, é humano, oras. Mas tem que cuidar do seu ciúme, como se fosse uma doença. Prestar atenção nos momentos que ele vem, reparar se é sério ou não, repensar as razões dos vôos levantados e ... ás vezes, abrir mão desse sentimento. Como? Não sei. Mas tem que achar a sua maneira de abrir mão do ciúme, necessariamente escolhendo ser feliz. E vai dividir com seu homem, conversar com ele o porquê de disso. Será que ele não te dá segurança? Será que as coisas não estão delimitadas? Afinal, se vcs estão juntos e vc se muere de celos, a culpa não é só sua, é um sintoma da relação. E pra fechar, ninguém melhor do que o rei Roberto que fala TUDINHO dessa maluquice: "Meu ciúme, desconfia de você/Me machuca quase sempre/O coração/Quer saber aonde é que/Você vai/Quer saber da sua vida/Toda vez que você sai é sempre assim/Imagino alguém querendo".