quarta-feira, 11 de junho de 2008

Segredinhos de irmãs

Ela é 13 anos mais velha. Quando eu era pequena, me levava ao teatro e para conhecer os atores nos camarins. Ela me ensinou a fazer colares de miçanga e a enrolar brigadeiro. É a minha irmã. A Má. Linda, com sorriso de Penélope Cruz e olhos cor de mel. Ela é meu anjo da guarda. Passa horas me escutando falar e me ensina coisas de mulher. Ela é poliglota e uma cidadã do mundo. É chorona e medrosa. Vive me dizendo que eu sou muito mais corajosa do que ela só porque não tenho medo de viajar e nem de cortar meu cabelo. Ela entende de gente. É a melhor psicóloga. Tem aquele olhar de quem sabe de sentimento e a hora certa de dizer as coisas. É ciumenta e não aguenta me ver sofrer, vira uma onça quando alguma coisa me faz chorar. Ela é mulher moderna: é mãe, é profissional, cozinha como ninguém, sabe resolver coisas de adulta sozinha e não perde a doçura no meio dessa bagunça. Me deu de presente um sobrinho, o croissaint da minha vida, mon petit Davi. Ela inventa palavras e expressões próprias. Adora colo e pequenos abraços. Me ensinou o que é "sentimento oceânico" e diferentemente de mim, é uma motorista excelente. Eu morro de orgunho da minha soer. Do jeitinho dela prender o cabelo, sempre elegante. Do bom gosto pra tudo: culinária, roupa, brincos e cacarecos. Foi com ela que eu comprei meu primeiro sapato de salto alto. E é comigo que ela discute tudo, sem esconder nada. Porque eu percebo a minha irmã melhor do que qualquer um. É ela quem junta a família, porque é a filha mais cuidadosa e habilidosa. Eu morro de saudades e divido, todos os dias, minhas coisas com ela em pensamento. Dizem que a fraternidade é vermelha, no meu caso... eu não acredito.

Um comentário:

Anônimo disse...

Lindo texto, menina. Deu uma baita saudade dos meus irmãos. Coisa boa ter com quem dividir, né?
(viu, viu, viu? comentei!) Beijão, querida.