quarta-feira, 30 de julho de 2008

De tudo, muito

Quando a gente era pequena, a minha mãe ia te servir o prato e perguntou: "O que vc quer, Júlia?" E você respondeu: "De tudo, muito".
Ah... não dá. Não dá pra esquecer, não dá nem pra guardar num baú escondido. Porque é muito. “ De tudo, muito”, palavras suas, minha irmã. Muito amor, muito afeto, muita intensidade de sentimento. Nós duas cantando Chico Buarque na Faria Lima, chorando em brigas homééééricas, comendo bolo de rolo no sofá da sua casa. Abraços fortes de quebrar a costela. Uma blusinha emprestada, um vestido emprestado, calça, saia, (menos sapato!!), cinto, bolsa. Dois corações emprestados. Confissões arrancadas à forcéps, de ambas. Escondendo e escancarando- contraditórias, nós. Porque é “de tudo, muito”. Vc me carregando no colo, feito um urso coala. Nós duas fazendo o exercício do espelho no teatro e nos debulhando em lágrimas. 800 vezes noviça rebelde. Seu pai tocando a música que, ele fez pra você no piano, logo de manhã. Você me consolando via e-mail na Espanha. É “muito”, Ju. Muitas ondinhas rechadas de desejos de renovação em reveillóns regados de bobagens deliciosas. Bo-bo-le-ti-nha, tá na cozinha FAZENDO CHOCOLATE PARA MADRINHA. Pequenas mágoas, sempre jogadas num canto qualquer na alma, debaixo das nossas risadas genuínas. “ De tudo muito”. Cinemas no Iguatemi. Perdões: pedidos e recebidos com dificuldade. Defeitos jogados na cara, e aceitação de amor. Mas sempre, sempre, aquilo que é inquestionável: somos irmãs. Não é só pela história, não. Mas pela fidelidade convicta, ciúme que escapa nas alfinetadas. Pela saudade que, de tempos em tempos, apunhala o coração . “Muito”, sempre. Acendendo velas na Barra do Una, com o Henrique pequenininho, enterrando coisas e fazendo pactos de amizade no sítio, no melhor estilo “Agora e Sempre” que vimos 900 vezes. Os primeiros amores, eu certinha - você perdida. Mais amores, vc certinha - eu perdida. Andando juntas. Mirando os caminhos moldados aos seus pés, mesmo que de longe. Longe, como naquele filme, “ A história sem fim” que a gente viu, 400 vezes, juntas. “ De tudo muito”. Festinhas e festonas. Juninas, na sua Vila, de música no Gracinha, da união em tempos de colegial. Nossos pais juntos, indo buscar a gente de pijama na praia da Baleia. É porque é “de tudo muito”, que eu não posso viver sem a minha irmã. Porque eu amo ver você cantando Roberto Carlos toda espontânea. Porque eu adoro quando a gente toma vinho e conversa sobre as banalidades mais intimamente ridículas. Porque eu amo nossos cafezinhos na Cristallo e o jeito incoerente e forte que é esse laço que une a gente. Amo que eu sou pequena e você é grande. Adoro que a gente não economiza nos sentimentos, nem nas delicadezas: você chegando no meu aniversário de 14 anos com um ursinho e um balão desses que eram carérrimos. É de “tudo muito”. E sempre vai ser. Como dois e dois são cinco, a gente tá ligada por uma via que não é racional, assim sinto eu, pelo menos. É por isso e por muito mais que eu só desejo o que vc merece no seu aniversário: saúde, amor e sucesso. O mundo é “muito” é “tudo” e é seu. beijos da irmã que te ama.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Top 10 de coisas irritantes

1- Bolinhas de ar no esmalte
2- Cd riscado na música preferida
3- Telefone que toca quando vc está com a bolsa na mão para sair do trabalho
4- Ficar sem água em casa
5- Esquentar a comida no microondas e perceber depois da primeira garfada que ainda está fria
6- Perder um brinco
7- Fome
8- Frio
9- Sono
10- Não se agüentar e dar uma de mulherzinha

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Carinho não é ruim

A Cia das Letras vai relançar toda a obra do Vinícius de Moraes. Como tbm já to nesse clima Bossa -Nova fifty years, não ia dar pra não fazer uma homenagem para o poetinha, né ?
É... porque nós, incoerentes que somos, amamos e odiamos ele. A gente ama, porque ninguém tem taaaanto mel nas palavras. Sensibilidade até o último fio de cabelo. E odeia, porque além de ser o autor da famosa frase absurda: “as feias que me desculpem, mas o mundo é das bonitas”, ele amava de verdade só aquele copinho de whisky.
Todo mundo já namorou o Vinícius né? O “monstro da delizadeza”, nénão, Nata?
A minha história com ele começou na adolescência, com o livro de sonetos. Decorei três: do amor total, de fidelidade e da separação. É impressionante como cada coisa tem seu tempo. Amor-total era lindo. Recitava o poema na ponta da língua: “amo-te tanto meu amor, não cante o humano coração com mais verdade”. O da fidelidade, é típico de quando a gente se apaixona pela primeira vez: “ Que não seja imortal, posto que é chama/ Mas que seja infinito enquanto dure” -- básico. Virou frase nas orelhas dos cadernos de escola. Aí vem a perda e aquela coisa melodramática de quando vc tem 15 anos: “De repente, não mais que de repente”. E o pior, culpa do Vinícius, é que a gente acredita nessa história de não-mais-que-de-repente. Mó-balela, nada é de repente. Mas enfim... Passado os sonetos, ganhei do Fe, meu irmão-amado, a antologia poética e vou elegendo até hoje, meu “Vinícius" do momento. Teve a fase do “para viver um grande amor” -- bem carioca mesmo. Com direito a molejinho, cervejinha, misturinhas e afins: "... é preciso muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor” -- Ah poetinha, me engana que eu gosto. Sério? Não. Essa não era a graça dele. Acho que o que pega é quando a gente lê “Para uma menina com uma flor” e ele faz uma descrição liiiiiinda da namo, esperando as malas na esteira do aeroporto. Convenhamos: um homem, que acha a namorada sexy, na fila da mala do aeroporto é, no mínimo, apaixonante. Depois a descoberta das músicas. Ele, yalorixá de xangô na Bahia. Se apaixonou pela décima vez, largou tudo e foi embora atrás da Yansã morenona. Ou a canção que fez para a primeira filha: “menininha do meu coração, eu só quero você a três palmos do chão”. Junto com Toquinho rodando o globo cantando “Na tonga da mironga do kabuletê”. Fazendo todo mundo se questionar o que raios era essa reza esquisita.
Mas nos últimos anos continuo com o mesmo Vinícius na cabeça. O panda. Sim, o poetinha tbm tem uma faceta panda. É o meu preferido: “Mensagem à poesia” ele diz, com açúcar nas pontas dos dedos: “digam-lhe que me foi dada/A terrível participação, e que possivelmente/Deverei enganar, fingir, falar com palavras alheias/Porque sei que há, longínqua, a claridade de uma aurora”. Não é só namoro não, é história de amor, mesmo.
Canta pra subir, “saravá” pra todos nós.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Vem ouvir esse segredo aqui, vem.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Sobre o choro-canção

Foi um dia lá na Puc mesmo, no Xingu, que a conversa surgiu. A gente sentou no bar, e uma das meninas tava meio borocochô, contando que tinha chorado o dia todo. Então a Letícia perguntou: “Vocês já choraram no trabalho? ”, Nossa! Foi uma confissão geral. Cada uma com uma história mais absurda e dramática. A Nilds por exemplo, me contou que tem épocas em que ela dá uma choradinha diária mesmo -- tipo um cigarrinho -- ela sai da sala, chora um nani, e fica pronta pra próxima. Já minha amiga-linda-overseas, chorava no computador. Na frente de todo mundo, lendo os e-mails e se lamuriando das angústias. Eu, particularmente, acho que nunca chorei no trabalho. Vá lá -- talvez tenha deixado escapar unas lagrimitas de desabafo. Mas nada drama queen. Não é porque eu não choro, não. É que meu lugar preferido é o carro. Aicomoébomchorarnocarro!!! Saiu da terapia, coloca Chicão no som e manda bala: “ quando olhaste bem nos olhos meus e o teu olhar era de adeus”... ah... lá vem a cachoeira de lágrimas. Aí o fulano do carro do lado olha pra vc e se sensibiliza, com aquele olhar: “ não aguento ver uma mulher chorando”, dá uma satisfaçãozinha!! Chorar no banho é gostoso tbm. Acende uma velinha, chora aquele choro contido do dia inteiro e depois relaxa com essências de flores. Porque tem choro que é pra ser dividido: aluga as amiga, chora as pitangas e pronto. Mas tem choro que é coisa íntima, é tu com tu mesmo e fim de papo.

***
E não é que estamos final de semana passado, eu a Naná, assistindo uma comédia romântica bem boboca, levinha, só pra distrair. De repente... eu não aguentei, saiu. Foi um chorinho manso, sem pensamentos embutidos, e meu deu uma vergonhinha: “Marilia, onde já se viu? Chorar em comédia romântica?”pensei, eu. Dali uns segundos comecei a ouvir um snif snif. Era a Nanas, na outra ponta do sofá, toda debulhadinha em lágrimas. Esses choros de comédia românticas são muiiiiito bons . São do tipo de choro que vem seguido do riso -- um dos melhores. É... porque tem aquele choro que é mais tímido , o que escapa no telefone, os soluços de tirar o ar. Tem os mais punks : choro de ciúme que corrói : tão dolorido que quase não sai. E o choro de saudade -- esse é difícil porque é todo misturado: raiva com vontade de ficar perto. E tem o choro de samba né? O marido da minha irmã, que é francês, não entende por exemplo, como a gente pode cantar uma música triste se saculejando toda. Eu expliquei: é que o sambinha embala a melancolia, embala o consolo: tem o maestro Tom “Chora flauta, chora pinho /Choro eu o teu cantor /Chora manso, bem baixinho/Nesse choro falando de amor". A Clara Nunes: “molhei o pano da cuíca com as minhas lágrimas”. E o clásssssssico do Aragão: “ Pode chorar, pode chorar, mas choooooooooooooooooora”. A-do-ro. Porque a gente é incoerente assim : riso e choro, tudo na mesma sopa. E será que essa não é mesmo, a graça de todas coisas?

terça-feira, 15 de julho de 2008

Re Racy

Ela faz aniversário hoje. A gente se conheceu falando versos de shakespeare. E RACHANDO de rir. Porque não tem não rir com ela. Eu lembro bem, a cena era para ser dramática: A Renata interpretando o próprio shakespeare deveria dizer, fruto de uma crise de inspiração, “a minha pena quebrou”. Essa era a fala, mas vc acha? Não saía de jeito nenhum... começava a cena e as garagalhadas já rolavam soltas. Daí nasceu essa história de amor. As vezes longe fisicamente, mas sempre perto, on the left side of the heart. Linda. Olhinhos de lince. E panda. Ah... ela é panda sim. Se alguém chora, ela chora junto. Foram muitos segredos trocados nas cochias. Muitos cigarros-desabafitos na laje da produtora que depois, por um presente da vida, a gente se reencontrou. E balada no natal - Nós duas, dancing on the moon na noite sagrada no namata café. Só com ela. E almoço que dura 4 horas rindo tanto que a barriga até dói - só com ela. Tardes cheias meninices. Engraçada, espirituosa e debochadinha -- mas ai de quem fizer qualquer sopro de maldade com as amigas dela. Ela me protege, sempre. Ela “joga junto”, como se diz no teatro. É uma moreninha cheia de Sweet Words guardadas. Sempre com um risinho que quebra o pó das tristezinhas alheias que as vezes, a gente tem.

Mais um que vai embora

Não sei dizer o momento exato. Talvez tenha sido alguns minutos depois no nosso esquisito encontro marcado no metrô Barceloneta. Dois desconhecidos. Vc com uma camista do Brasil e uma pedrinha pendurada no pescoço. Ou talvez, quando um hiponga naquela mesma praia – esquisita também – ofereceu que vc me desse de presente uma tatuagem de hena. Vc disse que eu era sua irmã, e depois, meio sem graça me ofereceu a tatuagem. A gente mal se conhecia. Eu não aceitei, obviamente, a situação era muito esquisita. A lo mejor tenha sido quando estávamos nós quatro dentro de um barquinho/pedalinho no parque de la ciutadela, tão pouco íntimos e já dividindo emoções baratas. O Nilton chorando o fim de um namoro, reticente. “Namoramos 6 meses, mas dormi na casa dela todos os dias” se justificava, ele. Mas pensando melhor, acho que foi quando ouvi vcs contarem tão genuinamente a história da noite em que vcs quase morreram de frio numa cabine telefonica em Paris. Eu ri sem parar. A gente ri um com o outro, Otávio. Pode ter sido também quando vc, timidamente, tentou me convencer a “alterar as minhas percepções” e eu não quis. “Vc é muito certinha, Peque”, me disse vc sob um sol escaldante em Ocata. Não sei dizer. Muitos vinhos rosés. Um jogo da verdade na terraza do apartamento e vcs dois brigando sem parar.
As duas peques. Os meninos do Santa.
Eu penso, mas ainda não consegui definir o momento. Talvez já aqui no Brasil, de volta à realidade, nós naquela casa na Praia do Rosa. Todos desconhecidos. Vc me pedindo pra testar seu walk talk, uma invasão de “ bichos” voadores. O Celinho cozinhando a ceia de ano novo enquanto a Kiru e a Nataly preparavam a decoração com velas e flores. Cangas amarradas, trilhas nas praias e Seu Jorge cantando "Tive Razão". Tudo muito esquisito. Não sei dizer. Acho que foi o aviso de uma amizade que ia nascer. E ser sempre assim, meio esquisita. Veja bem: não menos especial, mas esquisita. Uma amizade fiel. Vc sempre nos meus aniversários. Eu sempre tentando te convencer a falar seus segredos e vc nunca falando, seu ostrinha. Depois vieram os jogos do clube. As meninas ali sentadas, meio sem entender nada, os ciúmes das namoradas, as viagens para Iporanga. Um pouco esquisito, enfim. Uma cervejinha, o Rodrigo agregando todos com o maior carinho e a maior verdade. A gente se cutucando: eu dizendo que você é muito racional e você puxando a minha orelha por me “envolver demais”. Existem as memórias lindas e aqui tá a prova disso. Dessa nossa amizade esquisita que permanece até hoje, aos trancos e barrancos, intacta. Pra vc, meu beijo mais sincero e minha saudade antecipada.
Da pequetita.

Ele merece - by maga mestra Clarice

Um Homem
Sua inteligência absolutamente fora do comum de tão grande, a princípio me deixou embaraçada. Tive que me habituar ao jargão da grande inteligência. É normalmente sério, mas tem um sorriso--- não, não vou dizer que o sorriso ilumina o rosto todo. Mas, enfim, é a verdade. Ele não tem medo do lugar-comum, o tal não-engajamento o leva à atmosfera de sua inteligência. Esta muitas vezes usa sofismas, que são a astúcia de quem pode. Entendo-o não com a cabeça, que não alcançaria a sua, mas com a minha pessoa inteira. Aliás ele é uma pessoa inteira. Seus olhos muito negros não se desviam: ele não tem medo de olhar os homens no profundo dos olhos. Dá vontade de sorrir com ele. Se eu soubesse. Voltando ao homem: quando ele diz até amanhã, sabe-se que o amanhã vira. Ele tem um ligeiro mau gosto na escolha dos objetos de adorno que compra. Isso me dá ternura. Ele é inconsciente que eu o vejo tanto, não tantas vezes, mas tanto.

domingo, 13 de julho de 2008

saudade do jeito libriano.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Sandroca

Ela é minha companheira de mio. Explico: é difícil achar, hoje em dia, manhosas de verdade. Digo, genuinamente manhosas, não do tipo "falseta", que fazem manha só para conseguir qualquer bobagem. É manha inerente, que tá no sangue. A Sandroca é manhosa como eu. Quando a gente se encontra é tanto mel derramado, que as pessoas perto não agüentam. Uma miação só. Ela é toda pequenininha mas é arretada! Iansã danada, não tem quem coloque essa aí na linha. Mas a Sandroca engana, viu. Bebe? sim. Chora? horrores. Ama? sem um pingo de medo. Mas sabadão de manhã, ela tá lá na aula, inteira. É responsável, profissional, dona do próprio nariz. E não deve nada pra ninguém. Estufa o peito de coragem e vai. Euzinha não me atrevo a brigar com ela, porque quando baixa a raiva nessa maluquete... sai de baixo. Mas é doce, carinhosa e toda feminina. Foi a Sandroca que me ensinou o que são as verdadeiras "músicas de amor". Ela me puxa a orelha pra não cair nas armadilhas mais óbvias dos cafajestes. É... porque essa aí, esbanja charme. Chega toda agitadinha, pernocas de fora, explodindo auto-confiança. Ela tem tatuada no pulso uma flor linda, coisa de mulher decidida, forte. A gente troca doçuras, ela me passa notinhas e me dá abraços apertados. Eu faço carinho no cabelo dela quando ela chora e escuto as mazelas de menina aventureira e intensa. Temos fases mais distantes, é verdade, mas a razão é nobre: tanto mel junto, nem nós mesmas damos conta.

terça-feira, 8 de julho de 2008

As doçuras dele

Querida Natalinda,
Quando fiquei sabendo que o Cees Noteboom vinha pra Flip, quase tive um colapso. Lembra de como eu amei o livro dele? Tá sempre na minha cabeça.Quando me dá uma saudadezinha da Espanha, a primeira coisa que eu faço é pegar o livro e dar uma olhadela. Bueno. Estamos lá em Paraty, depois de noitadas e muitas “maria Isabel”, com a entrevista dele marcada pro domingo, último dia. Nata, me deu um pânico. “ E se ele me achar uma tonta? Inexperiente? Burra? ”. A gente é fogo né? Sempre precisa de um colo jornalístico. Mas aconteceu uma coisa que foi recorrente nessa edição da FLIP. Uma coisa meio mágica. Eu chamo isso de “sentimento -nena”. Explico. Quando eu e a Nanas estávamos aí, os catalães grossos, apressados e neuróticos, ficavam tomados por um grande sentimento de ternura quando viam duas meninotas viajantes, sabe? Luego venían a decir: “Buenos días, nenas” “Como puedo ayudarte, nena?” “Hola Nenitas!”. Isso contou super a favor na nossa viagem. Voltando a Paraty, dei sorte de a fotógrafa que foi com a gente ser uma “nena” tbm. 1,50 de altura, fofa e coisa e tal. Então andava eu e ela pra baixo e pra cima e as pessoas acabavam por se sensibilizar com a gente. O mesmo aconteceu com o Cees. Na hora em que ele me viu, toda meio-nena, desarmei o vovô. E a conversa correu maravilhosamente bem. Logicamente ele me perguntou de vc. Disse que pensou “On that beatiful and brave girl” quando escreveu Paraíso Perdido. Aí quando eu contei que vc estava morando da Espanha... ele sorriu um tipo de sorriso que só os escritores sensíveis têm. E me disse que vai para a casa onde ele escreve “ numa ilha perdida na Espanha”. Ele convidou nós duas: “Fale com a Nataly e apareçam lá em outubro para comer e beber conosco”. Depois conversamos durante meia hora. Ele me contou das viagens, das histórias engraçadas, dos casamentos. Você acredita Nata, que quando ele era jovencito, se apaixonou por uma menina do Suriname e passou meses trabalhando de marinheiro em um navio só para conquistar o sogrão e pedir a mão dela em casamento? Dessa história nasceu o segundo livro dele que chama: “Prisioneiro apaixonado”. Olha que buuuuniiii!!! No fim, me disse: “é uma pena que tenhamos que terminar a entrevista”. No autógrafo do meu livro, desenhou uma florzinha - coisa de nena. E disse para a Joana, da Cia das Letras: “Nossa, ela é tão novinha e já é tão importante”. Ah... se ele soubesse...
:)
Saudas.
Amote querida
Besote.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

As doçuras dela

Querida Natalinda,
Entrevistei a Maga-mestra portuguesaaaaa!!!!!!!
Nata, ela é demais. Por mil e um motivos.
Em primeiro lugar: ela é peque que nem a gente. Miudinha. Engraçada e delicada. Mas não é nada afetadinha - tipo ex-nerd- ela é gente do bem, mesmo.
Foi lá na Pousada da Marquesa. Ela estava com uma blusa de florzinhas azuis, combinando com seus olhinhos pequenos. Eu um pouco com medo dela ser estranha demais, excêntrica, ou simplesmente muito chata. De cara, perguntou a assessora se eu era a “Rapariga que tem a avó potuguesa”; eu ri tímida e disse: “Não, Inês. Essa é a Nataly, mas ela me mandou algumas perguntas por e-mail porque está lá na península Ibérica”. Ela me olhou então, com candura. Ah... acho que é coisa de raíz. Foi um papo gostoso. Não me deu nenhuma resposta óbvia. Ela não é nada óbvia, Nata. O que só me fez ficar mais encantada ainda pela baixinha portuguesa. Falamos sobre ser jornalista e escritora, sobre o processo de pesquisa dela e sobre religião. Ela adora o Brasil e acha a gente demais. Adorei. Porque eu tbm acho.
Quando perguntei se o amor era um “susto esplêndido”, como diria Clarice, ela olhou pra baixo, sorriu pro chão e concordou: “nem sempre susto é uma coisa boa, né? pode ser apavorante, ás vezes”. Suave, me acalmou com relação aos trângulos amorosos: “a vida é cíclica e muitas vezes esses trângulos são interessantes”. Ufa! Sou normal, pensei eu.
Antes de terminar a entrevista te mandou um recado: “Diga a rapariga Nataly para passar a me visitar em Lisboa. Vou me contentar muitíssimo”.
Por mim, ficava a tarde inteira lá. Mas ela tinha compromissos. Acendou um cigarro, pegou a bolsa e foi embora. Buni. Peque. Sem aquele ar -deprê- Virgínia Woolf.
Pra vc ver Natallinda... as vezes as expectativas são superadas!
:)
Beijos com amor.
Mazi

terça-feira, 1 de julho de 2008

Pré Paraty

Querida natalinda,
Estou de malas (quase) prontas para ir pra Flip. Entusiasmada com o desafio e ao mesmo tempo, um pouco melancólica de não poder dividir isso com vc. Com a Natalouca longe, Paraty não vai ter nem 1/5 da graça. Foram dois anos de muita risada, lembra?
A gente correndo no metrô, quase perdendo aquele ônibus. Depois cantando juntas Caê de SP até Paraty. Non stop.
A Pousada Bananeiras com aquela senhorinha doida de tudo.
Nós duas zonzas de sono enquanto a Paula -- na maior ressaca do mundo -- se recompunha em minutos.
Nós e as nossas “mini auto-sabotations” em busca de qualquer coisinha que houvesse significados.
Falando dos chapéus das “peruas intelectuais”, bailando com o Ishamel Beah ou com soninho na palestra do nobel Coetzee.
Correndo atrás de uns, correndo de outros.
Falando horas sobre as cadenas, discutindo as pessoas “livres”, o povo da ECA que relativiza tudo...
Não vai ter graça, Nata. Definitivamente.
Mas tudo bem, vc vai estar lá, me soprando ternurinhas da armadilha terrestres, né? Seguro que sí, cariño.
Beijo recheado de saudade.
mazi