sexta-feira, 9 de maio de 2008

Dia das mães

Ela gosta da música Ruby Tuesday dos Rolling Stones. Me pergunta durante o dia: “Marilia, como eu faço para acessar o youtube?”. Ela não consegue fazer duas coisas ao mesmo tempo, ou fala no telefone ou assite televisão: as duas coisas juntas, jamais. Ela é taurina com ascedente em touro. É sensível a mudanças de temperatura. Detesta o calor, mas ama o sol e as cores do outono. Minha mãe é culta e bem resolvida. Tem dois olhos de jabuticas libanesas. Carrega com ela as “mineirices” herdadas de Aiuruoca. Medo de ladrão, medo de inveja e de cachorro bravo. Ela me liga quando chove forte e se preocupa quando eu estou pela madrugada. Ela ama tango argentino e calendários com fotos de beijo. Me apresentou Clarice Lispector e Albert Camus. Dela, herdei o gosto pela leitura e o cultivo do silêncio. Foi com ela que aprendi a respeitar minhas veredas. Ela é espirituosa e cheia de charme. Minha mãe. Faz carinho nos meus pés quando eu estou triste e quer matar qualquer um que fira o coração da caçula dela. Ela ri dos Casseta e Planeta. É apaixonada pelo Robert Redford. Sabe cantar em francês. Gosta de água de colônia e sapatos chiques. É a minha mamãe. Me aceita chorosa e insuportável na TPM. Ela é carismática e colorida. A Yemanjá da minha vida. Passa água benta na minha testa quando eu estou nervosa. Gosta de ver o Jornal Nacional comendo um chocolatinho. E ai de quem pegar nas coisas dela! É possessiva e reclamona. Mas é minha mamá. Habla comigo en español e tem sonhos dignos de quadros do Chagall. Ela ri de toda e qualquer poesia séria no ar. Não, definitivamente... mãe não é tudo igual.

3 comentários:

Marina Morena Costa disse...

Lindo, Mazi!
Deu vontade de escrever sobre a minha... =)

Marina Morena Costa disse...

tem só um errinho de revisão na última frase: mão não é tudo igual.
Besos

Anônimo disse...

quanta delicadeza, quanta sensibilidade. ai emociono
uma beija