terça-feira, 15 de julho de 2008

Mais um que vai embora

Não sei dizer o momento exato. Talvez tenha sido alguns minutos depois no nosso esquisito encontro marcado no metrô Barceloneta. Dois desconhecidos. Vc com uma camista do Brasil e uma pedrinha pendurada no pescoço. Ou talvez, quando um hiponga naquela mesma praia – esquisita também – ofereceu que vc me desse de presente uma tatuagem de hena. Vc disse que eu era sua irmã, e depois, meio sem graça me ofereceu a tatuagem. A gente mal se conhecia. Eu não aceitei, obviamente, a situação era muito esquisita. A lo mejor tenha sido quando estávamos nós quatro dentro de um barquinho/pedalinho no parque de la ciutadela, tão pouco íntimos e já dividindo emoções baratas. O Nilton chorando o fim de um namoro, reticente. “Namoramos 6 meses, mas dormi na casa dela todos os dias” se justificava, ele. Mas pensando melhor, acho que foi quando ouvi vcs contarem tão genuinamente a história da noite em que vcs quase morreram de frio numa cabine telefonica em Paris. Eu ri sem parar. A gente ri um com o outro, Otávio. Pode ter sido também quando vc, timidamente, tentou me convencer a “alterar as minhas percepções” e eu não quis. “Vc é muito certinha, Peque”, me disse vc sob um sol escaldante em Ocata. Não sei dizer. Muitos vinhos rosés. Um jogo da verdade na terraza do apartamento e vcs dois brigando sem parar.
As duas peques. Os meninos do Santa.
Eu penso, mas ainda não consegui definir o momento. Talvez já aqui no Brasil, de volta à realidade, nós naquela casa na Praia do Rosa. Todos desconhecidos. Vc me pedindo pra testar seu walk talk, uma invasão de “ bichos” voadores. O Celinho cozinhando a ceia de ano novo enquanto a Kiru e a Nataly preparavam a decoração com velas e flores. Cangas amarradas, trilhas nas praias e Seu Jorge cantando "Tive Razão". Tudo muito esquisito. Não sei dizer. Acho que foi o aviso de uma amizade que ia nascer. E ser sempre assim, meio esquisita. Veja bem: não menos especial, mas esquisita. Uma amizade fiel. Vc sempre nos meus aniversários. Eu sempre tentando te convencer a falar seus segredos e vc nunca falando, seu ostrinha. Depois vieram os jogos do clube. As meninas ali sentadas, meio sem entender nada, os ciúmes das namoradas, as viagens para Iporanga. Um pouco esquisito, enfim. Uma cervejinha, o Rodrigo agregando todos com o maior carinho e a maior verdade. A gente se cutucando: eu dizendo que você é muito racional e você puxando a minha orelha por me “envolver demais”. Existem as memórias lindas e aqui tá a prova disso. Dessa nossa amizade esquisita que permanece até hoje, aos trancos e barrancos, intacta. Pra vc, meu beijo mais sincero e minha saudade antecipada.
Da pequetita.

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