Talvez fosse uma própria petulância minha. Mas reencontrá-lo é sempre me certificar que alguma coisa quebrou para sempre. É bater de frente com aqueles episódios já desgarrados da história. Petulante, ele. Menino, homem. Homem, menino. Apontou meus defeitos com o dedo indicador, sem misericórdia. E tinha uma voz que fazia cócega. O primeiro amor a gente nunca esquece ? Não necessariamente. Mas como pondera Francisco : "é desconcertante rever um grande amor".
"Não posso ser negligente com o meu passado" - me disseram outro dia. E eu nunca seria negligente com aquele moleque frouxo encima de uma bicicleta. A voz perfumada e as palavras sempre resplandescentes. Eu, menina, dosando a intensidade do batom, aprendendo a dar nós em laços afetivos. Tudo agora, tem asas nele. Até a beleza magoada do olhar. Inquieto, perturbado. Eu perguntei: "tudo bem?" E ele respondeu: " Tudo intenso, como sempre". Ele ainda pousa os olhos com pedras e palavras. "Bom te ver", disse com um riso eufórico e nostálgico. E, embora ecoasse na minha cabeça: "como eu posso ter me desconectado dessa maneira de alguém que já me preencheu tanto ?", brilharam pequenas memórias: uma fita cassete esquecida no carro, cinemas às quartas-feiras, Caetano cantando Odara. Que o silêncio nunca foi a nossa qualidade, eu sempre soube. Ao contrário dos espaços infinitos e das brigas nas escadarias da vida. E passou. Ontem quando no telefonema descabido, a tal voz rouca sussurou "linda", não havia colorido ou trilha sonora. Nada de badalar dos sinos. Só a certeza e a segurança de que não existe mais espaço para canastrices ou exclamações. Porque a cólica cessou e os ressentimentos foram amaciados por rosas que nasceram. Parece dezembro de um ano dourado...
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
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8 comentários:
Lindo!
"como eu posso ter me desconectado dessa maneira de alguém que já me preencheu tanto ?"
PERFEITO
AMO
eu bem sei o quanto me desconcerto quando os revejo. sentido aqui.
que incrível isso, mazi!!!
rever grande amor é sempre algo, quer dizer, nunca passa batido.
mas é isso mesmo, a gente desconecta.
e assim, de repente - ou talvez nem tão de repente assim - a gente olha pro sujeito e se vê quase que de frente para um passante, não é?
as coisas mudaram, o tempo atuou, os dois amadureceram (e acho que é justamente esse fator que faz tão contundente as "novas" diferenças), enfim, a vida corre...
se vc deu de cara com o passado e viu que não há mais espaço pra babaquice, ponto para você, mazi.
trocando em miúdos, vc é mulher e linda, estará sempre à frente de qualquer ex(zinho).
quando o príncipe pintar por aí, você vai vê-lo com felicidade porque ele estará ao seu lado, do jeitinho que tem que ser. e será que eu sei.
amo-t.
Essa sua amiga Juliana Dantas é foda. To com ela.
Ponto pra vc Mazi.
Te amo.
n.
querida, fiquei (ficamos) mais de uma semana sem suas palavras, pandices e mumunhas... que falta elas fazem! Juro! Muita.
mas eu entendo perfeitamente. Às vezes a gente precisa se fechar, ouvir o coração, organizar os pensamentos, pra colocar pra fora os sentimentos em um texto tão lindo como este.
incrível, mazi... tão verdadeiro. E é tão bom quando nos vemos livres, não é?
Liberdade. A melhor coisa do mundo.
Adorei! Amo.
Ps- Tbm concordo muito com a Ju. Ponto pra vc, flor =)
coisa mais divina! vejo a sua carinha. me lembrou aquela musica;
"vc entrou no trem, e eu aqui, vendo o sol fugir...E o meu coração embora finja fazer mil viajens...fica batendo parado naquela estação.
bjoooocas.
Nossa! Que texto bonito, Mazinha!
beijo.
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