segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Sobre o ciúme

Querida amiga ciumenta,
"Tengo celos del aire que respiras..." é o que diz a música do grupo corpo. Aqueles dois bailarinos se entrelaçando, ela dependurada no pescoço dele e no fundo a música latente, gritando uma angústia absolutamente incontrolável. Lembra aquilo que o Roland Barthes falou no "Fragmentos de um Discurso Amoroso"? “Como ciumento, sofro quatro vezes: porque sou ciumento, porque me reprovo em sê-lo, porque temo que o meu ciúme magoe o outro e porque me deixo dominar por uma banalidade. Sofro por ser excluído, por ser agressivo, por ser louco e por ser comum” Isso pra mim resume tudo. É horrível, para quem sente principalmente. Agora, acho que não é uma coisa sussa, que a gente controla e tal. Quando vem, é força que corrói, imaginação que voa, medo que brota lá no fundo da alma. Sei bem como é essa sensação, vc não se reconhece, pensa assim: "quem é essa mulher maluca?"... e o pior : quando esse sentimento HORROROSO toma conta da gente... estamos só no mundo. Não tem com quem dividir, porque dá vergonha, é feio... mas não tem como reprimir. Se a gente reprime rola aquele lance de retorno do recalcado. Vem, em momentos piores com muito mais força. Caetano já diria: "O ciúme lançou sua flecha preta e se viu ferido justo na garganta". Ok então, se tem que lidar com isso, lidemos. Só precisa tomar cuidado para que o ciúme não seja parte da nossa velha e conhecida "autosabotation". Ser feliz é uma escolha e já diria o poetinha que " o ciúme é o perfume do amor". A gente sabe que ciúme de verdade não tem nada de perfumado. A coitada da Carmen não foi assassinada porque o sarjentão não se aguentou? E aquele filme: "Te doy mis ojos"? O cara quer a alma da mulher. E ela gosta dele, mas não adianta. É força que brota de dentro. Nem o nosso amado Francisco ficou de fora e traduziu direitinho o ciúme feminino: "Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci". A gente enlouquece, é verdade. Só não percebemos que essa é uma guerra contra a gente mesma. A gente sofre e leva o outro junto com a gente pro buraco. Não é motivo de vergonha, é humano, oras. Mas tem que cuidar do seu ciúme, como se fosse uma doença. Prestar atenção nos momentos que ele vem, reparar se é sério ou não, repensar as razões dos vôos levantados e ... ás vezes, abrir mão desse sentimento. Como? Não sei. Mas tem que achar a sua maneira de abrir mão do ciúme, necessariamente escolhendo ser feliz. E vai dividir com seu homem, conversar com ele o porquê de disso. Será que ele não te dá segurança? Será que as coisas não estão delimitadas? Afinal, se vcs estão juntos e vc se muere de celos, a culpa não é só sua, é um sintoma da relação. E pra fechar, ninguém melhor do que o rei Roberto que fala TUDINHO dessa maluquice: "Meu ciúme, desconfia de você/Me machuca quase sempre/O coração/Quer saber aonde é que/Você vai/Quer saber da sua vida/Toda vez que você sai é sempre assim/Imagino alguém querendo".

5 comentários:

Anônimo disse...

A minha miente, que incrível!
Vc definiu perfeitamente o que nós ciumentinhas sentimos. Me enxerguei!
Quando percebemos, já foi...
Amo!

Anônimo disse...

Correção: Ah minha mienta!
hahahaah

Marina Morena Costa disse...

Ai, Mazi... que oportuno!
Adorei!
Bjs

Anônimo disse...

peketita, amei!

Anônimo disse...

ai meuu deus... me incluo nesta lista de ciumentas quase loucas mas não são...
muitos beijos com saudades e com amor. bi.