quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Rubem Braga

Isso é bom. Também suprimimos a amizade. É horrível levar as coisas a fundo: a vida é de sua própia natureza leviana e tonta. O amigo que procura manter suas amizades distantes e manda longas cartas sentimentais tem sempre um ar de naufrágo fazendo um apelo. Naufragamos a todo instante no mar bobo do tempo e do espaço, entre as ondas de coisa e sentimentos de todo dfia. Sentimos perfeitamente isso quando a saudade nos corrói, pois então sentimos que nosso gesto mais simples encerra uma traição. (...)
Assim somos na paixão do amor, absurdos e tristes. Por isso nos sentimos tão felizes e livres quando deixamos de amar. Que maravilha, que liberdade sadia em poder viver a vida por nossa conta! Só quem amou muito pode sentir essa doce felicidade gratuita que faz de casa sensação nova um prazer pessoal do qual não devemos dar contas a ninguém. Sentimonos fortes, sólidos e tranqüilos.

Nenhum comentário: