quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Terceira Margem do Rio - Guimarães Rosa


Cê vai, ocê fique, você nunca volte!" Nosso pai suspendeu a resposta. Espiou manso para mim, me acenando de vir também, por uns passos. Temi a ira de nossa mãe, mas obedeci, de vez de jeito. O rumo daquilo me animava, chega que um propósito perguntei: — "Pai, o senhor me leva junto, nessa sua canoa?" Ele só retornou o olhar em mim, e me botou a bênção, com gesto me mandando para trás. Fiz que vim, mas ainda virei, na grota do mato, para saber. Nosso pai entrou na canoa e desamarrou, pelo remar. E a canoa saiu se indo — a sombra dela por igual, feito um jacaré, comprida longa.


A professora do cursinho falava o conto inteirinho de cor, interpretando. Ela usava um batom cor-de-rosa choque. Nunca imaginei que uma professora, que recitasse Guimarães Rosa pudesse usar um batom tão... pouco discreto. Figura inesquecível, aulas também.

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