quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Relendo Diário de viagem


“...Já consigo distinguir certas nuances do nada, todos aqueles barulhos quase inexistentes, o zunir longínquo dos insetos, a lenta batida de asas de um casal de pombos, o vento nos àlamos, os quais todos juntos, formam o silêncio” Cees Nooteboon

Lê mouffe

Meu pai já estava insistindo há algum tempo para conhecermos a Rue de Mouffetard. É lá o mercado das manhãs dominicais. Mas com o frio, é sempre difícil vencer a preguiça e sair logo cedo. Hoje conseguimos. A coisa mais linda! E típica. Todas as Fromageries com seus 184 tipos de queijos a mostra. As boulangeries exalando o pecaminoso odor das baguettes. Filas que davam a volta no quarteirão. E os franceses ali, com seus carrinhos, escolhendo cuidadosamente, os ingredientes pra o almoço de domingo. Movimento, barulho e agitação. E de repente... Vazio. Um silencio ensurdecedor dominou a rua. Subimos até as arenas de Lutece. E mais silencio. Lembrei então que hoje é domingo e que é hora do almoço. Cada um em casa com a sua família. A rua que borda as arenas de Lutèce é cheia de apartamentos lindinhos.

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Na rua não há viva alma.

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Um comentário:

Anônimo disse...

essa rua é um pecado, pois, por alguns instantes, ela nos faz ficar em duvida se vivemos ou se somos personagens de um filme, assistidas pelos espectadores atentos do outro lado da tela. Será que ao escolher a distância nos aproximamos do imginário, do lúdico?
Mas então percebemos o quanto a sensação de ser asitida está contida no ato de assistir. A vida passando e a gente em busca de absorver ao máximo seu distinto frescor.