quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Alma Imoral

Fui com a Paulinha, minha pandoca de cachinhos dourados, assistir a peça Alma Imoral, semana passada. Escutei tantas coisas boas da peça que fiquei curiosa.
Ela - Clarice Niskier - entra no palco. Se apresenta de um jeito bem panda, ainda com as luzes acesas. Conta como resolveu montar a peça, porque, onde, quando.
Entre o disparo de 89247836527634 pensamentos e os sentimentos compartilhados com a Paulinha, existiu um espaço para o céu. É, o céu. Aquele céu, mesmo. Eu entendi tudo. O que é traição e o que é tradição. Entendi a “judia budista” que existe dentro dela e de mim também. Assim como os tropeços, os erros, essas bobagens tão insuportavelmente gostosas que a gente faz por aí.
Ah. Como pode, né? As pequenas epifanias, as ternuras terrestres, os beijos sujos, as mãos na cintura, as risadas de criança. Tudo isso permeado de parábolas do velho testamento. E não assusta, porque se tem uma coisa que a nossa geração não pode ouvir falar, é religião. Mas não é cafona. Não mesmo. Putacoisalinda.
Aí, no meio desse melange completo, lembrei de uma crônica do Paulo Mendes Campos que eu adoro, “Acorrentados”. Apesar do nome ser meio pesadão, na verdade ele destila suas palavras sobre as coisas mais BUNIS às quais ele se sente 'acorrentado'. E isso não tem a ver com homem, mulher, casa, cachorro, bens. Ele fala de coisas - aparentemente banais- mas que dizem dela - da tal da alma. Aquele sentimento de supercalifragilisticexpialidocious, que as vezes, dá na gente.
É isso, minha gente. Coisas de panda, de gente que como diria o cronista. "são presidiários da ternura e andarão por toda a parte acorrentados, atados aos pequenos amores da armadilha terrestre".

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