sexta-feira, 25 de abril de 2008

Meninas-mulheres

Meninas-mulheres pra começo de conversa, são por definição, escandalosas. Abraçam-se com fervor de quem não se vê há anos mesmo que tenham se visto no dia anterior e passado o dia todo conversando ao telefone. Meninas-mulheres gritam, dançam, ocupam espaço fazem rodinha, fofoca, intriga... Mas tudo, claro, sem nenhuma maldade.
Meninas-mulheres têm a capacidade única de discursar horas sobre a política externa brasileira, discutir seriamente sobre a entrada da Turquia na união européia e no mesmo segundo compartilhar as dores de TPM, dos quilinhos a mais tão difíceis de perder.
Meninas-Mulheres gostam de astrologia, psicologia, ioga, religiões, comida natural. Desenvolvem a espiritualidade, mas analisam a vida com olhares científicos. Têm opinião pra tudo. Futebol, cinema, teatro, dinâmica familiar, o papa e a igreja católica, os professores bons e os ruins, a faculdade como instituição, a miséria, a implantação de botox, a legalização do aborto, a vida pessoal do Rodrigo Santoro, a política de Putin na Rússia e assim por diante. Só não vale ficar quieta.
Meninas-mulheres gostam de um sambinha, cervejinha e um foundizinho. Beijos e abraços fazem das meninas-mulheres afetivas. Meninas-mulheres gostam mesmo é de fazer brigadeiro depois da noitada e de pijamas e pantufas lamentar horas sobre os antigos casos amorosos. Falecidos, ex’s, covardes, crianças, moleques... Lindos, fofos, sedutores, amáveis, carinhosos.
Bem informadas, andam de carro, metrô, táxi ou a pé. A música é essencial na vida de uma menina-mulher. Criar trilhas sonoras, dirigir cantando, dançar até cair um hit dos anos setenta. Passar mal ouvindo um chorinho bem tocado, acreditar que o Chico Buarque compôs aquela música pra você sim e pra mais ninguém. Deitar na rede e relaxar ouvindo Enya. E nunca, jamais, ficar parada ao som de um samba-rock.
Meninas-mulheres odeiam tomar chuva, pegar trânsito. Reclamam de São Paulo, mas amam a vida noturna da Vila Madalena. Falam mal de cinema americano, mas não dispensam uma boa e boba comédia romântica. Tomam coca-ligth, mas não abrem mão do docinho que acompanha o café.
Meninas-mulheres se enchem de orgulho ao dizer “é um tempo pra mim, pra eu ME descobrir, ME valorizar, aprender a ficar sozinha”. Que nada! Carentes, nossas meninas mulheres odeiam ficar sozinha.
Ser menina-mulher é ter coragem de assumir a infantilidade de sua condição. É um aprendizado continuo de saber a hora de falar, de perdoar a si mesma, de ser honesta e de construir sua personalidade. De lutar contra o fantasma culpa, de ver graça nas pequenas poesias da vida. Desenvolver sensibilidade e acima de tudo sempre... O bom humor.

5 comentários:

Chelen disse...

G-E-N-I-A-L!
Simplesmente AMO!!

Bombom disse...

Ai que gostoso ser menina mulher!! As vezes mais menina, as vezes mais mulher, as vezes mais chorona e sempre mais carente. E o mais importante de tudo: muito cheia de amigas!!
Ai que delíiicia esse texto

Anônimo disse...

bah... por que não um curta metragem com isso? roteiro fácil (praticamente escrito no texto), cenas recortadas, narração do peréio: perfeito! haha.

Bruno disse...

para você ler coisa boa te faz querer correr para escrever ou emudece o teclado? Se meu blog estava precisando de algumas linhas, não vou me arriscar por agora.. sou daqueles que primeiro digere.
menina-mulher ou flor, eu fico com escritora.
beijo

Anônimo disse...

amei!
é um prazer fazer parte desta linda patota de meninas-mulheres pandas.
brilho no olhar, abraços apertados, vinho e muito bom papo.
tchi amu rs