sábado, 10 de novembro de 2007

"é uma coisa séria, o sorriso" - TCC Antonio Prata

Em “Promessa” você fala sobre “uma promessa de felicidade”, você não acredita que a gente pode ser feliz?

É a aquela letra do Vinícius que fala “O samba é a tristeza que balança”. “É melhor ser alegre que ser triste”. O Mcdonalds pegou só essa parte da música. A música na verdade é o contrário disso. Sim, é melhor ser alegre que ser triste, mas se você não tiver tristeza você não faz samba bom. A tristeza apresenta uma visão ampla das coisas. A gente criou essa coisa histérica da felicidade hoje em dia. Eu escrevo muito isso na Capricho. Vamos sair dessa histeria. Primeiro lugar tem que tudo estar bem sempre. Essas frases que você lê na rua: “Você já sorriu hoje?” Como assim? Não vou sorrir hoje se eu não quiser sorrir. Não é uma questão muscular. É uma coisa séria, o sorriso. Ele vem quando você está feliz. E se não vier, tudo bem. Não é pra ser feliz sempre. Outra coisa que eu escrevo muito: você não vai conseguir tudo que você quiser. Se você quiser muito uma coisa, ela não vai acontecer. Isso é mentira de sessão da tarde. Você pode querer fazer tudo pra dar certo, você pode ser uma pessoa justa, boa e no final uma pessoa má, chata e burra vai conseguir e você não. Isso é perfeitamente plausível na ordem das coisas. Voltando a histeria... A promessa de felicidade. Não é que eu não acho que a gente possa ser feliz. Eu acho, mas a felicidade ficou uma coisa tão grande, tão obrigatória. Isso é coisa do “Big Brother”. Os caras vão tomar banho e gritam : “uhu”! Vão comer e gritam “uhu”! Vão tomar mate e gritam “uhu”! Não é possível que eles sejam tão felizes tomando um mate. Não é assim, né? Acho que o “Big Brother” teve um grande papel na inflação da alegria e da felicidade. Logo no começo do “Big Brother” eu fui pra praia e as pessoas da casa do lado gritavam o dia inteiro. A felicidade depois do “Big Brother” não basta sentir, você tem que projetar a felicidade até os vizinhos. Entrar no chuveiro e gritar: “uhu”! Tomar Coca-Cola e gritar “uhu”. E isso é uma coisa triste.

Um comentário:

Unknown disse...

flor, olha eu aqui no flor de raposa.
quero ler essa entrevista na integra. Deve ser linda!
stou adorando compartilhar seus textos e momentos com vc!
bjos minha pequena
Paulinha Szutan