quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Carta de Pai I


Cara Mazinha,como é viver em país que ficou pronto? E o cotidiano, o das pequenas coisas e atitudes, que é quando as diferenças aparecem? Por exemplo,o jeito da moça colocar o prato no restaurante,a maneira de olhar dos homens e das mulheres, o tempo de duração deste olhar,e assim por diante;tudo é levemente diferente,não é? O que tem lhe chamado mais a atenção?
E os argentinos? Nós não sabemos nada deles,não é? Que o metrô de B.Aires é de 1920; que não tinham miséria no século XX,que metade da população do país vive no grande B.Aires; que são orgulhosíssimos (lembra da piada do gato argentino falando no espelho,para si mesmo: -Leooon!); que certos assuntos do país são tabu -no Brasil não há nenhum similar-; por exemplo, há que ter discreção ao se perguntar de Eva Perón,que era uma espécie de mãe da pátria do povo desprotegido,”os descamisados”, como eram chamados; ou sôbre o peronismo, uma linha política nascida com Perón,na década de 40,que era um misto de fascismo com populismo, à la Getulio;que os burgueses de todas as ideologias detestavam Perón;que a ditadura militar foi violentíssima – punham jovens contestadores dentro de sacos e jogavam no mar ,daí que há um enorme contingente de desaparecidos. Em suma,gente muito mais “caliente”:é só comparar o samba com o tango e você vai entender o espírito deles. Ou então , comparar a vida do Pelé, todo certinho, sacaneando dentro da lei e chegando a ministro, com o Maradona, que deu tiros em jornalistas, é drogadaço. Nada mais incorreto politicamente. Mas se existem tabus , um não dá nem para provocar-PELÉ É MUITO MELHOR QUE MARADONA, o que equivale a xingar a mãe deles.

Beijitos,Pâpi.

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