sábado, 16 de fevereiro de 2008

Ines Pedrosa

Mas a mais forte recordação daquela noite é ainda a dos teus olhos inesperasamente fascinados por mim. Eu sabia o caminho do lago encharcada e aturdida, e tu viraste a cabeça e ficaste como uma estátua inacabada , a olhar pra mim. Esqueceste-te da pessoa que tinhas diante de ti e avançaste, flutuando na minha direção. Paraste a um metro de mim, e ficaste a derramar o lume lento do teu olhar sobre meu corpo. Vi a nossa vida inteira, passada e futura, desfilando em espiral à nossa volta, como se o universo terminasse ali. Então disseste: “ Tanta beleza dá vontade de morrer”.

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