domingo, 28 de fevereiro de 2010

Carta de Mãe

Queridos filhos,
Nossa casa está a venda---linda,cuidada,ajardinada e muito amada. Ela é tão maravilhosa que aceitou meu tempo de dela sair. Por mim não é somente pela escada—é pela necessidade de mudar. Morar fora do chão, abrir uma janela para um céu maior, ver outros rostos, outra feira e, principalmente, outro tipo de luz. Ficar, quem sabe, mais perto dos meus filhos,ver a Teresa crescer sem ter que atravessar a cidade e viver com menos medos.
Sei que mudanças,quase nunca são externas mas, sim, um reflexo das que se desenham internamente. O que me tranquiliza é que sei que a deixarei sem nostalgia. Acho que não é o caso do papai. As pessoas, enfim, não são iguais mas ele me entendeu.
Sinto que essa casa cumpriu seu tempo, dando a vocês, uma infância feliz, correndo na rua, e com amigos pra brincarem. E para mim e papai, momentos de extrema alegria e crescimento espiritual. Aqui engravidei aos 40 e Marilia nasceu e floresceu.
Já comecei a ver alguns aptos com terraço para por minhas plantas....e ter uma terrinha prá cheirar quando chover.
Ao longo da vida fiz poucas mudanças, mas aprendi que é importante saber a hora de mudar.
Conto com a compreensão de vocês, afinal, a casa foi e ainda é de todos nós.
Mamãe.

5 comentários:

Ana Carolina Ralston disse...

nozinho na garganta

M. disse...

olhos marejados

Uma Ju disse...

que linda carta, mazi, amada.
só desse pé, facilmente sensível, é que poderia ter brotado tu, mazi.
;o)

Seleme disse...

sua mãe, viu?

Bárbara Cordovani disse...

Impossível esquecer a pitangueira na entrada, com o anjinho cuspindo água na meia-lua...

Sou feliz por ter brincado tanto naquela Rua e ter sido recebida com tanto carinho naquele aconchego.

BEijos cheios de saudade!!!

Babi Cordô