sexta-feira, 24 de abril de 2009

E elas foram para Paris

Eram quase dez e meia da manhã quando entrei no prédiozinho na Neuilly sur-seine. O Petit Palace do Charlie. Natalinda e Dricoleta já me esperavam na janela. Foram muitos gritos só silenciados pelas olhadelas desgostosas da consièrge. Desde o primeiro minuto. Ainda faltavam a Fe - que vinha de Berlim e a Pi – anfitriã e copine do Charlie. Coitado dele, teve que aguentar manhãs seguidas ao som de Los Hermanos e berros apaixonados : “Diz, quem é maior que o amor? Me abraça forte agora, que é chegada a nossa hora”. Cantar, aliás, foi o que não faltou. Natalinda teve um treco inexplicável a caminho da Torre Eiffel: “gente como é aquela música do Queen?” Pronto. Cinco pandinhas dançando e cantando “under pressure” durante 3 quilômetros no bairro chiquérrimo dos invalides. Normal mesmo.
Sabe, não coube na gente. Emoções afloradas por uma caixinha de música só porque tocava La vie en rose. Oito horas experimentando todos os cremes de corpo da Provance e mexendo em tudo, quando um aviso bem grande dizia: “ne touchez pas”. Ok, a gente é brasileira, minha gente. E dá-lhe pão, panine, crepe, croissant. E a Dricoleta: “ To em silêncio porque tá difícil absorver tudo isso”. É, difícil mesmo. Andar pra cima e para baixo, flertar com o violinista que toca no metrô, se perder nos cacarecos do Monoprix. Se atrapalhar nos horários porque é muito bom acordar sem compromisso, mesmo em Paris. E a voz soa séria: “ O museu vai fechar em 15 minutos”. Mais 15 minutos pra ver o impressionismo inteiro? Vai, corre, passa correndo pelo Van Gogh, Monet, Renoir. Ih... ficou faltando o Manet.... E a frase repetida da viagem VOU TER QUE VOLTAR AQUI. E o pobre do Charlie aguentando a macacada na casa dele.
A cidade da luz com um sorrisão para gente. Não aguentei a Fe, toda charmosa, no meio de dois músicos tocando canto de ossanha, dizendo: "Ai, vc acha que eu tenho que sair daqui? tá tão bom...". Ou a Nata, me explicando na baldeação gigantosa do Chatlet, em plena meia noite, num papo profundo: "Sabe o que é Má? O que a gente busca na vida, na verdade, são encontros". E a Pizoca, plena alegria matinal: "vamos fazer bolinho de gente?". Coisas de amigas. Só quem tem esse "imenso monolito", como diria o Gil, sabe do que eu to falando. Dores musculares na perna de tanto andar. Trocas de cachecol, pequenos gracejos compartilhados, 59 horas na livraria shakespeare and Co. Tudo com um sabor esquisito de intesidade. E cada uma impressionada com uma cor de tulipa de diferente, com ventinho que levou embora todos os nossos versos.
É a primavera em Paris.

7 comentários:

Bombom disse...

ai q delícia! Fiquei morrendo de vontadee

Anônimo disse...

ai que delicia dzó! eu quero tbmmm

Lu Seleme disse...

chorei..qto amor, amiga do coração

Uma Ju disse...

nao cabe, gente, nao cabe...
muita primavera, pandinha linda.

Kons disse...

Nataly, I miss you. Vamo estatizá a puc. Beijos, Kons.

Re Racy disse...

Emocionei! arrepiou a alma!
saudadesss

Nataly disse...

Nove imagens inesquecíveis de Paris...

1-A visão panorâmica da entrada da Marília, guarda-chuva vermelho numa mão, mapa na outra, no pátio do Charles. E a olhadinha dela pra cima quando nos encontrou pegadas ao vidro da janela, esperando-a.
2-O pôr-do-sol que a Dri e a Fê flagraram ao final de uma ruazinha estreito de onde fugia um amarelo-dourado lindo de morrer.
3-O encontro apaixonado da Pi e do Charles debaixo da Torre Eifell.
4-A cara de felicidade da Pi comendo Raclet.
5-Sim Má,a cara de felicidade da Fê no meio do sambinha animado.
6- A cara de tristeza do Charles, ao encontrar meia baguete, das três que tinha comprado pro café-da-manhã, e que foram devoradas em minutos enquanto ele tomava banho.
7-A Dri versão rainha dos cosméticos comprando um monte de coisa cheirosa no Monoprix.
8-A cara de felicidade da Fê com a temperatura agradável que fazia em Paris.
9-A minha cara de decepção ao descobrir que "faux-filet" é contra filet com fritas!

e uma que ficou faltando...

O Konstantin ali na frente do "Cine 13 Théâtre", à la Godard, falando: "Se tívessemos tido um maio de 68 assim expressivo, poderíamos ter estatizado a PUC!"

Moi aussi, Kons.
Beijo,
N.