quarta-feira, 29 de julho de 2009

Trocito de pan

Acabei de ler que o Rafael Nadal deu uma pirada com uns lances de injeções para dores no joelho. Então vou postar aqui, minha cartinha pra ele.
Querido Rafa Nadal ( acho lindo que na Espanha eles chamam ele de ‘Rafa’),
Não precisa se entupir de remédios para o joelho. Isso faz mal para o corpo e para cabeça. Por isso, acho que você tem que vir logo para cá, para a Mazolinha aqui, cuidar de você. Prometo, RAFA, que te levo para Búzios, para comer aquelas coisas que vc adora, mergulhar naquele mar azulzinho, tomar muita água de coco e ficar bem.
Sabe? Chega dessa paranóia, amor. Você é novinho, lindinho, buena onda, não precisa ficar se acabando assim. Essa coisa de esportista desequilibrado anda meio demodê. A moda agora é saúde total. Não viu aquela nadadadora americana, Dara Torres? 42 anos, inteiríssima, sem nunca ter tomado um doppinzinho...
Então, basta de las inyecciones. Você vai ver, mi trocito de pan. Faz isso: tira férias, vem logo, a gente liga para o PP e para a Fe e vamos todos no jogo do timão. Vc vai adorar. Depois a gente pode ir andar de bike na Baleia. Que te parece, cariño?
Aí, te largo com os meninos para vocês jogarem taco, porque também não agüento tanta atividade assim.
Mas fica sussa, amor. Vou estar te esperando, tá?
Besitos,
tuya Marilia

terça-feira, 28 de julho de 2009

Dois minutos. Eu já contei, inúmeras vezes. São dois minutos. Esse é o tempo que demorava para ele virar minha cabeça para baixo. Assim mesmo, papum. Dois minutinhos e beijo- tchau: adeus à Marilia com consciência. Hoje, as coisas são diferentes, demoram 5 minutos. - BRINCADEIRA.
Não tem mais essa história. Acabou o fôlego.
Será que a gente vai deixando a ingenuidade pelo caminho, como diria a Kiru? E até que ponto isso é bom pra gente ?
Eu tinha a sensação de que ele era uma frase - daquelas que estão na ponta da língua - mas que a gente não consegue escrever. Estar perto dele, era andar por uma casa sem nenhum ângulo reto, “torre traçada por Gaudí” - como diria Caetano.
Hoje, tenho um pouco de nostalgia, até. Fico perdida nas pedras invisíveis que eu já taquei nele, nas ressacas de noite mal bebidas e cheias de “choro - canção”. Se tudo fosse lindo e linear, não existiria arte e os analistas estariam desempregados. Pois é. Ás vezes, me visita a esquisitice dessa relação tão espessa e trandescendente. Um cd gravado, a declaração roubada depois de um dia de sol: "você está tão linda, vermelhinha assim...", a estupidez cheia de graça, até na hora de cozinhar um miojo. Pensava na risada dele, ou em como ele ficava desconcertado quando eu estava triste - menino mimado que não foi criado para tristezas. E dois minutos depois, lá estava eu, rindo á toa. Demorava dois minutos.
As meninas achavam ele uma extravagância incoveniente. Uma afronta minha à inteligência. Eu expliquei que ele tinha um não-sei-quê de anjo torto, uma fraqueza ancorada, que me comovia. Aliás, que me comove. Porque difícil é sobreviver a um sentimento que não murcha.
Hoje, acabou o fôlego. Passam dois, dez, 150 minutos e a minha cabeça fica no lugar. Ou quase no lugar. Porque, mesmo inteira, nunca consigo me desviar dele sem olhar com ternura e, claro, um pouco de saudade.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Monsieur Cassel

Querida Natalinda,
Ontem entrevistei o Vincent Cassel. Foi lá no Renaissance, coisa chique. Pãozinho de queijo, café, brigadeiro. Nunca vi coisa igual. Eu já estava com meus aparatos jornalísticos ( gravador digital, gravador analógico, bloquinho 1 e bloquinho2), quando ele entrou na sala com aqueles dois olhos azuis indecentes. Dei uma risada meio sem graça, mas te confesso que eu caprichei no visual. Vestidinho de lã, cabelo solto, batonzinho discreto. Não é todo dia que isso acontece, né amiga? Ele foi simpaticíssimo. Até demais. Conversamos - em português - sobre o Brasil, quelque chose exotic, falamos da política de imigração da França e do filme dele, Á deriva.
Ai... e como os franceses são inteligentes... Nossasinhora! A gente riu, eu ensinei ele a falar a palavra laicismo e ele ficou feliz com meus elogios.
Bom, depois de algum tempo de conversa, eu já perdi as estribeiras diante do bonitão. O senso critíco nessas horas, passa longe. Foi quando ele me contou que está com um projeto de fazer uma comédia romântica no Brasil, com a mulher dele, a Mônica Belucci. “Eu queria mesmo era trazer aquela menina trés jolie, Nataly de Barcelona, mas ela não quer vir”. Eu pensei comigo: “como assim, não quer fazer o filme com ele!!!” Mas expliquei que vc tava aí, com seus projetos, que tinha muita água rolando e que era isso mesmo. Vc não é atriz pra qualquer projeto nananinanãaaaaao. Tá pensando que minha amiga faz o primeiro filme que aparecer ??? Ele entendeu mas me pareceu frustrado. Aí foi me dando uma ternura, Nata. E eu comecei achar que tava rolando um clima entre eu e o pardeolhosazuisindecentes, ainda mais quando ele falou que o “natural do homem é não ser monogâmico” - ah tá, Meu Bem. Imagina se a Belucci fica sabendo disso.
Allors, prometi pra ele que ia tentar te convencer. Então, faz as malas, amiga. Vem pra cá, filmar no rio, nãoqueronemsaber.
Na hora de ir embora, mandei logo um : “Tchau VICENTE”. Ele gargalhou.
Coisa de nena, Nata.
Vem que eu to com saudade.
Bisou, Mazi

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Amanhã, ele faz 91 anos

" Quando a gente se liberta dos nossos medos, nossa presença automaticamente liberta os outros"

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Caê

* "Doce japonês é sempre assim, né? Tem gosto de feijão e é tudo rosinha claro"
* "Eu só moraria em duas cidades: Nova York e Madrid"
* "Eu to triste. Mas são coisas íntimas, pessoais. E sobre isso, não se fala"
* "Eu era muito jovem quando escrevi Coração vagabundo"


Essas são frases do nosso Caetano Emanuel Viana Teles Velloso, no filme Coração Vagabundo. Fernando Andrade fez tudo direitinho. Registrou um lado tão buni do tropicalista hipongão. Que delícia ver o Caetanão ali... ouvir ele contar os causos. Aquele ritmo baiano de quem morou - até os 18 anos - em Santo Amaro da Purificação. Sorriso fácil, de graça. Charme natural - sem a menor canastrice. Só podia ser, né gente? Quem escreve “O quereres” não deve mais nada para o mundo. E ainda soma: tem uma pitada de humor . Só erra quando começa a se levar a sério- porque quando brinca de Caetano, é uma delícia. O Almodóvar que disse que ouvir Caetano o deixa de “pelos de punta”. Si, Pedrito, pelos de punta. É que é filho de Oxóssi, o moço. Olha pra beleza do mundo e sabe valorizar tudo que é bonito - por meio das palavras. Fico aqui sempre falando do Francisco e quase nunca do Caetano. Eu sei. São coisas totalmente diferentes e existe espaço para os dois, nos nossos corações. Mas é que, por maior que fosse minha admiração ao Caetano, sempre tive um pouco de ressalva com o lado “provocador” dele. Me cansa. Mas o jeitão “mitificado” do Franciscão na Flip, me cansou um pouco, também. E o Caetanão tava super lá no meio da pipoca ontem. Não teve gritaria, arranca-cabelos e nem crises de fãs. Algumas fotos, uma ou outra tiete, tudo normal. E ele ali. Devagar, disponível, inteiro. O Leãozinho entrando pelos sete buracos das nossas cabeças. Com toda sua presença.

domingo, 12 de julho de 2009

Futuro

* Fazer o caminho de Santiago de Compostela.
* Aprender a fazer bombons como a minha vó Arlete.
* Comprar uma gravura da Tomie.
* Entrevistar o Woody Allen.
* Encontrar aquela carta.
* Pintar minhas próprias unhas.
* Ir para o Machu Picchu.
* Ganhar uma piscadela do Francisco.
* Comer brigadeiro sem culpa.
* Ter uma lambreta amarelinha.
* Abraçar o Obamão.
* Beber sagria com a Nata em Barcelona.
* Waltinho: você não me escapa.
* Aprender a dançar Tango.
* Ganhar uma dedicatória afetuosa.
* Ele, aqui do meu lado.
* Conhecer Israel.
* Ir num show da Tracy Chapman.
* Aprender alemão.
* Plantar tulipas.
* Visitar o Schopen no Canadá.
* Ir para Cuba.
* Aprender a ler as mãos.
* Fazer um documentário.
* Lutar boxe.
* Conhecer uma tribo indígena de perto.
* Voltar para Sevilla.
* Fazer faculdade de psicologia.
* Começar a entender de arquitetura.
* Roubar um elogio inesperado.
* Conhecer o Tibet.
* Perder o medo de andar de bicicleta em sp.
* Ver a Fernanda Montenegro no palco.
* Aprender a fazer comida judaica.
* Morar na Argentina.
* Encontar um mestre intelectual.
* Velejar em Ubatuba.
* Estudar história.
* Visitar uma fábrica de perfume na Provance.
* Segurar o buquê da Cutait no altar.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Paratations - parte I

Querida Natalinda,
Paraty estava mais vazia esse ano. Choveu um pouco, é verdade. Mas também faltavam pessoas importantes. E não fui só eu quem notou, não. O mexicano Mario Bellatin já veio me perguntando: “E a Nataly, não virá? Me disseram que ela vinha”. Eu falei pra ele, que era tudo culpa do povo da Cosac , aqueles meninos irremediáveis... vc conhece como eles são, né Nata. Falaram para o escritor doidão que você ia, aí ele ficou todo na expectativa de “conocer esa chica tan llena de cualidades”.
Mas não parou por aí, não. Eu expliquei várias vezes para o Mr. Talease o motivo da sua ausência, que vc morava fora, que era muito caro vir para cá... mas nada contentou o abuelito, ele queria porque queria ver você. Sabe que ele contou que guarda todas as cartas que trocou com a mulher, em 50 anos de casamento É... disse que além das cartas, guarda junto os motivos das discussões e o jeito que se reconciliaram. Fofo, né? Coitada dela, que teve que aguentar as maluquices dele a vida inteira. Se bem que, pelo que me pareceu, ele amaciou essas loucuras com muita doçura.
E por falar em doçura, o Lobo Antunes foi um fofoleto. Eu tava quietinha comendo num restaurante, ele veio e me perguntou se não era eu, a amiga da Nataly, neta de uma grande amiga dele. Ahhhh Nata, ele me contou histórias tão lindas dos tempos em que conhecia sua avó em Portugal. Me deu uma vontade de ir pra lá... e ele disse que receberia a gente numa boa. Que te parece, amiga? Depois que vc voltar da Galícia, passamos pra ver Lobo bom ?
De repente, a gente pode também passar pela França e visitar a doidinha da Sophie Calle. Ela me contou que quer ir pra Índia- você pode dar umas dicas para ela, que está pensando em fazer um dos projetos de arte por lá. Mas só ela, tá? Porque o ex, Gregóire, eu dispenso, muito safado, aquele fulano.
Sedutor por sedutor, preferi o afegão Atiq Rahimi, que olhou com um olhão azul pra mim... bem fundo. Olhos lindos os dele, né Nata? E olha que ele estava ultra aborrecido com a sua falta. Parece que ele te conheceu aquela vez, em Paris, lembra? Mas pode deixar, que eu te defendi tá?
De resto, Paraty segue com aquele cheirinho de serra do mar, que eu sei, você morre de saudade. O céu continua estrelado, as crianças gritam sem parar naquela flipinha e ano vem, não tem desculpa. Queremos vc aqui, viu?
Beijocas
Mazi